O desfecho de Shira, o oponente mais desprezível dessa história; a pessoa mais doente, no sentido de sanguinolência e carnificina, que Blade nos apresenta. Compreendo que Habaki demonstra semelhante força destrutiva, entretanto, o seu modo operante visa um propósito maior, e justificado pelo injustificável, ele atropela e usa de todos os meios que acredita ser necessário para alcançar o seu objetivo; assim como Anotsu, o qual mata inúmeras pessoas por capricho e rebeldia, movido por sua ambição de um espadachim ideal; ou mesmo Manji, que aniquila uma pequena pilha de vidas em prol da sobrevivência, e posteriormente, de expiar os seus pecados em terra. Já Shira, ele é único, pois mata pelo simples prazer de matar.

 

 

O sadismo desse indescritível doente chega ao ápice em seu momento final. Não farei comparações com o mangá no artigo, deixo essa parte do debate para o vídeo, lugar mais adequado para descrever as gritantes diferenças entre a obra original e sua adaptação.

Movido por informações cedidas por um homem de confiança de Habaki, o ex-Mugai-Ryu inicia a sua caçada em busca do acerto de contas final com o matador de cem. Na estrada, como o anime demonstra apenas de modo ilustrativo, observamos a extrema brutalidade com que ele eliminou um dos grupos enviados por Hanabusa para monitorar a fuga dos membros da Itto-Ryu. Esse grupo foi simplesmente varrido do mapa, sem qualquer chance de combate contra o sádico e doentio oportunista. Logicamente, o sofrimento, tortura, estupro e assassinato da mulher que estava no grupo, uma das líderes espiãs de Hanabusa, foi o mais marcante. O anime, por motivos diversos, escolhe apenas por sinalizar brevemente a cena.

Após isso Shira se depara com as ninjas que respondem a autoridade de Habaki. Elas, já instruídas sobre a figura, entregam a localização de quem o homem persegue. Manji, desavisado, entende na pele o porque Magatsu odeia tanto liteiras. Ao mesmo tempo que é obrigado e caçar Shira e enfrentá-lo cara a cara em um combate final.

 

 

A luta é insana, mesmo que sejam retalhados, ambos se regeneram, pois Shira está em posse do braço de Manji, como foi apresentado no último episódio do arco da prisão protagonizado por Blando. A carta na manga de Shira é seu sadismo sem fim. Rin, a beira da morte por congelamento, fica impotente a mercê da sorte. Manji, com apenas um braço e de modo afobado, fracassa em salvá-la.

Não fosse por Magatsu estar de passagem e atropelar Shira sem intenção, ou mesmo pelas ninjas de Habaki, amigas de Rin, resolverem tomar uma atitude e enfrentar o maníaco maneta, o destino de Rin e Manji estaria selado.

Magatsu, novamente e como sempre, virá uma almofada de alfinetes, a ninja veloz, inábil e fraca demais, é subjugada por Shira. Manji retorna, após quase morrer afogado, e consegue, com uma estratégia suicida, distrair Shira, que, por sua vez, para além da imortalidade, perdeu a capacidade de sentir dor, o tornando, também devido ao agravante da imortalidade, em alguém ainda mais inconsequente do que já era. O preço de sua imprudência, somado aos esforços de seus oponentes, garantem a cartada final no duelo.

 

 

Não tem como não reconhecer a força desse maníaco, que sozinho consegue oferecer combate e manter vantagem sobre vários atacantes, ou sua fibra fétida que contamina uma determinação pútrida até a raiz.

Renzo, o jovem que o acompanha, presencia de camarote todo esse show de horrores, paralisado de ódio e dúvida, ele é o último confidente de Shira, e escuta as palavras vazias que ecoam em seu coração banhado de lágrimas.

Moral da história. Foi um episódio que podia ser melhor, onde a composição e o ritmo, ou mesmo o tom dramático, falharam em transmitir o quão épica e catastrófica essa batalha realmente foi, mas já esperava que a secura, ou podemos dizer, enxugamento que o anime vem trabalhando, também contaminasse essa luta. É uma pena, mas ao mesmo tempo não posso negar que não foi de todo ruim, Shira conseguiu brilhar e transmitir, mesmo que por apenas alguns momentos, toda a magnitude de sua amaldiçoada existência.

 

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