Se o Richard achou que por algum acaso o Seigi ia ficar sentadinho esperando ele pedir ajuda, se enganou é claro. O episódio não só dá início oficialmente a “saga final” do anime, como é responsável por revelar boa parte da história da família Claremont, completando os pedaços que já tinham sido entregues pelo protagonista.

Pessoalmente já me surpreendi no começo pela aparição do Saul Ranashinha, confesso que não esperava aquela aparição naquela situação. Eu achava que ele trabalhava meio que nas sombras e só aparecia quando muito necessário – não que agora não fosse, mas enfim, aí está ele.

Como toda boa pessoa discreta e inteligente, ele foi bem sagaz cercando o Seigi para entender melhor o que o rapaz de fato queria com toda aquela comoção, ao passo em que cumpria a sua própria missão de protegê-lo – tarefa que ele não estava lá muito feliz para executar, já que podia estar lá no Sri Lanka curtindo seu dinheiro.

Curiosamente o Ranashinha pouco disse, mas o que falou foi suficiente para atiçar o rapaz. Quando ele explica sobre a Etránger, ficam claros os sentimentos que o Richard tem sobre si e é isso que angustia ainda mais o seu ex-empregado, entrando na parada a Tanimoto.

Devo admitir que como psicóloga a personagem é uma excelente estudante, pois captou rapidamente a essência das ideias bagunçadas do protagonista, ordenou os sentimentos dele e o fez encontrar uma solução prática para o problema. De brinde, ele ainda fica com um simbólico “eu gosto muito de você”, me fazendo pensar que ainda há um fio de esperança para ele no futuro.

Analisando um pouco o que veio acontecendo com ela, me pergunto se a maturidade que a moça demonstra é um resultado da sua concórdia interna pós quase noivado, ou se é parte da sua personalidade. A vejo como aquele tipo de pessoa que é centrada para lidar com o problema dos outros, mas que não consegue entender nada que acontece consigo – de todo modo, ela cumpriu com louvor o seu papel.

Nas cenas da viagem, eu confesso que fiquei cismado com o Jeffrey Claremont e suas verdadeiras intenções. Ele diz ser próximo do Richard, mas seu ar canastrão e meio interesseiro não convencem tanto sobre sua aparente decência, no meio de uma família gananciosa.

É ele o responsável por descobrirmos o passado do protagonista – se estiver falando a verdade – e segundo suas explicações, a família Claremont vem de uma longa linhagem de nobres riquíssimos e influentes, cuja guerra pelo dinheiro se dá com a herança deixada aos inesperados, primeiro o filho deserdado e mais tarde o neto inconveniente, que precisava ser manipulado – afinal, antes eles que o governo.

Jeffrey entra nessa partilha como o grande responsável pelo Richard ter perdido seu amor, num ato confesso. Aqui eu acho que a obra tem uma sacada bem interessante, ao usar mais uma vez a crescente experiência do Seigi com jóias, para ler o personagem e criar uma dualidade quanto a suas ações.

A gema que Jeffrey carrega no peito tem um valor importante para ele e seu irmão mais velho adoentado. Viajando em uma das minhas ideias, reparei que ironicamente, segundo quem estuda as pedras, a alexandrita entre muitas coisas, ajuda a promover equilíbrio emocional, mental e espiritual. Então se o Henry estava instável psicologicamente, porque seu irmão não o deixou com ela? Bom, tá aí uma curiosidade inútil.

Pessoalmente consigo entender a ação do rapaz contra o joalheiro, uma vez que o bem estar daquele que mais amava, aparentemente depende disso. Pelo que dá a entender junto ao Seigi, ele também gosta muito do Richard, mas pesando na balança, alguém precisaria sofrer em nome do outro.

Na mente dele, certamente abandonar seu grande amor e ser obrigado a se casar, assumindo uma herança na qual todos queriam por a mão, não era nada. Agora será que no lugar do protagonista, ele o faria? Mesmo com um objetivo nobre, olha onde entra o egoísmo do ser humano.

O fato é que a guerra da família tem muito mais integrantes que a dupla Jeffrey e Henry, fora que os buracos dessa história devem ser bem mais fundos, já que toda a linhagem em si é bem problemática. Só quero ver como essas duas peças e o Richard se encaixam nesse todo – até porque os outros, cujas sombras apareceram, me parecem bem mais perigosos e interessantes.

Ao fim do passeio em Londres, o joalheiro deixa pistas do seu paradeiro de uma forma bem incomum – e que me pareceu arriscada, caso ele não queira ser encontrado -, esperando o Seigi usar sua inteligência para encontrá-lo.

Lá vai mais uma teoria besta. Se formos olhar com atenção, os ingleses são amplamente conhecidos pela sua etiqueta, higiene e organização, mesmo nas ruas. Considerando isso, aqueles papéis jogados no chão teoricamente não seriam uma ideia plausível, já que qualquer um poderia ter se livrado deles.

Enfim, o cerco está se fechando para a dupla de protagonistas e a família Claremont, como será que essas pontas vão se amarrar e qual o fim dessa “bendita” herança?

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

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