Mesmo com a queda de qualidade da animação a história não decaiu, e nem só porque a Eripiyo segue sendo uma fã com muito amor para dar, mas também porque o anime se manteve em sua empreitada de aproveitar bem as personagens secundárias para encorpar o todo. Amar alguém como pessoa é uma coisa maravilhosa, não é mesmo? É hora de Budoukan no Anime21!

Pode não parecer, mas wotas também são pessoas, não à toa o fim de ano veio para aproximar os fãs de suas favoritas, não que a sessão de aperto de mão já não fosse isso (com o coronavírus imagino se ainda estão fazendo isso…), mas um áudio personalizado denota intimidade em um nível completamente diferente. Até mesmo as idols passam a notar mais o que os fãs têm a pedir e dizer nessa situação.

A Maina e a Eripiyo já não têm muito jeito, uma segue sem ser completamente franca, a outra é exagerada como sempre; menos mal que a fã sabe ser razoável como foi com seu pedido. Curto muito as cenas de comédia que ela proporciona com seu fanatismo, então não tenho o que reclamar disso, mas eu curto ainda mais quando elas sucintam o debate de um assunto sério. Afinal, wotas são mesmo “humanos”?

Aliás, permita-me refazer a pergunta, idols devem se importar com seus fãs como seres humanos antes de tudo, não apenas como uma fonte de renda e afago ao ego? E como demonstrar que você valoriza o esforço desse completo estranho? O anime foi feliz em responder a ambos os questionamentos, indo além da resposta óbvia de que você deve se importar com quem compra seu cd para que compre de novo.

Ao pedir a Maina para chamá-la de “Eri” a heroína da obra levantou a questão e se debruçou nela ao longo do episódio devido a parada nas atividades do grupo, muito por conta da sua carência constante de Maina, mas não só por isso. A Eripiyo se sente mal se deixa sua favorita desconfortável e isso se deve tanto ao desejo de vê-la bem, como, é claro, parecer bem aos seus olhos. E não há egoísmo como há com o Motoi.

Por que afirmo isso? Porque o que ela deseja para si não se sobressai ao que deseja para a idol. A cena em que ela só faz desejos pelo bem da Maina não era exatamente necessária, mas serviu para reforçar essa ideia, só que o que me faz curtir mesmo o jeito de ser da Eripiyo é ver que ela faz de tudo para não imcomodar a garota, chegando a sair de cena se vê que a Maina não está bem (ainda que esteja errada).

Isso é diferente do que o egoísta do Motoi faz, pois além dele não ter desfeito o mal-entendido que queimou o filme da Sorane, segue se preocupando com um namorado inexistente, e de uma maneira diferente da Eripiyo. Não à toa a Sorane o pede para não traí-lo. Claro que ela não sabe que ele meio que está fazendo isso, mas o roteirista sim e espero que isso não passe impune até o final do anime.

Enfim, não quero mais falar do Motoi porque ele tem me irritado com seu egoísmo, ainda mais por ao lado ter dois fãs tão dedicados e pouco ou nada tôxicos feito o Kumada e a Eripiyo. É melhor eu comentar o segundo grande acerto desse episódio, o tempo de tela dado a Yuka (a menos ativa na trama até aqui), usando a idol que não ligava para se apresentar no Budoukan para amarrar o que a narrativa trabalhava.

Dada sua personalidade, entendo ela não se ater a sonhos grandes como esse, não quando se deleita mesmo é com o carinho que recebe como idol. Mas ignorar o que os fãs querem, os completos estranhos que a veneram, também não seria digno de uma idol e dar valor a isso em sua oração de ano novo mostra que mesmo a idol mais “áerea” do grupo se importa com os fãs como pessoas que merecem atenção.

Um wota não é um “Deus” para a idol, mas a relação dos dois pode ser de troca em um nível sentimental. Ele deposita seus esforços e sentimentos na idol e esta retribui alcançando seus objetivos. Sei que na vida real a coisa não é simples, mas simplificando é isso. Ela acordou para os anseios dos fãs e passou a enxergá-los de forma mais íntima (sem conotação negativa alguma), ela notou o que era importante.

É importante sonhar em se apresentar no Budoukan, pois, ainda que não role e as frustre, é combustível para levá-las além de shows no subsolo, para uma realidade em que esse contato com os fãs não será mais possível com a mesma intensidade e nem na mesma frequência, mas dará um retorno gratificante as suas carreiras e beneficiará ambos, idols e wotas. Não é o sonho dos fãs que as idols sejam felizes?

Chegar ao Budoukan não é exatamente sinônimo de felicidade, mas nesse contexto (em que o grupo se dá bem e quer crescer junto, em que as vaidades são contidas) se apresenta como um objetivo mais que satisfatório. Para finalizar, me divirto com a voz e o que a Yuka fala, se duvidar é a idol que mais curto do grupo além da Maina, sua condição de “coitadinha” provavelmente me ganharia na vida real…

Por fim, “indiretamente” as palavras da Eripiyo foram capazes de alcançar a Maina e essa foi a cereja do bolo em um episódio de qualidade técnica inferior, mas roteiro consistente. Amar alguém como pessoa não é o mesmo que uma amizade, mas já é uma retribuição condizente dada a relação entre wotas e idols. A idol não vai tratar o wota como é tratada, mas também não pode considerá-lo só um número.

Ou ao menos não é o que normalmente se espera… E eu sei que na indústria das idols é muito mais difícil de se alcançar esse equilíbrio emocional entre fãs e idols, mas não é como se a obra fosse se aprofundar na questão, né. O importante mesmo é trabalhar bem o qus é dado ao fã (entregando uma trama coerente e agradável) e Budoukan se sai muito bem nisso. Vou sentir falta do anime, que se encaminha para o fim.

Até a próxima!

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