Baita episódio desse belo anime, apesar de ressalvas que preciso fazer. É hora de Deca-Dence no Anime21!

Pela reação da Natsume de fritar a caixola e chegar a desmaiar deu para entender bem como ela já estava suportando há muito uma situação complicadissíma de se processar e que, ainda assim, depois do baque inicial conseguiu lidar ate muito bem. Ela guardou a informação para si porque não tinha escolha e em nenhum momento quis fugir da realidade de verdade, renegar de boca foi o básico, só engolir seria ridículo.

Enfim, é impressão minha ou o design dos ciborgues suaviza parte do peso que a existência deles, de sua sociedade também, têm? Eles serem fofinhos quase me faz esquecer que nem todos são bugs e nem têm motivos para questionar e desafiar o sistema. Sendo, assim, o caldo tende a ser mais grosso do que a obra faz parecer, mas será que é mesmo? E o outro lado, o lado de quem manda mesmo nas coisas, onde está?

Quero vê-lo, nem digo que não dá tempo de encerrar o anime, seja aprofundando ou não nesse aspecto, e tratar disso, mas cada vez me parece mais difícil. Eu não lembro se abordei o assunto antes, talvez tenha deixado escapar, mas me parece plausível seguir por esse caminho, como também pode fazer sentido se mantiverem mais o foco onde está, claro, dando um tempo de tela mínimo para o outro lado caso “perca”.

Uma cena que me chamou muita atenção no ato e já denunciava a previsibilidade do episódio foi a que se valeu do instinto de sobrevivência dos Gadolls; que são animais como qualquer outro, ainda que criados em laboratório; para criar o monstro gigante que se pôde ver no final e pode ser a pá de cal no sistema que controla tudo. Só foi uma pena que o mascote do anime morreu mesmo, será que vai morrer mais?

Bem que a Kurenai ou a amiga da Natsume poderiam morrer, né? Não quero isso, mas por um lado daria o toque realista que falta no clímax de tanto anime, até porque morrer não é problema no jogo, mas ninguém próximo a Natsume morreu no plano presente e isso poderia acrescentar peso a obra, surrupiado quando a senpai da Natsume sobreviveu com o pé na cova.

Tem o pai dela, é verdade, mas ele morreu em outro momento, não é a mesma coisa. Aliás, foi legal ligar o pai a ela ali. Talvez ele tenha tirado o chip da filha e por isso ela tenha ficado a margem do sistema, mas os Tankers não sabian disso, porque para eles não faz diferença. Parece haver um grande desprezo dos ciborgues pelos assuntos dos Tankers, só questiono quanto, quanto a falta de controle faz sentido em um jogo como esse, que não pode ser descoberto.

Voltando aos heróis, não foi o Kabu que matou o pai da Natsume, né? Nada me levou a pensar nisso, mas vai saber, têm roteiros que usam desses artifícios a fim de forçar drama (não que deva ser o caso aqui) e estamos chegando no final, né… O Kabu lembraria se fosse ele a ter apagado o cara, só isso faz sentido, e se esse episódio não pecou nesse aspecto, tudo foi bem amarradinho, ainda assim, deixou um amargor.

Por quê? Porque o plano do Kabu não foi ruim, mas teve seu preço, a ruptura, mesmo que breve, com a Natsume. Talvez se ele tivesse preparado o terreno e revelado de outra forma teria evitado o choque e a reação, mas com a personalidade dele (ele é o herói que faz o máximo possível sozinho) e os perigos a espreita entendo ter sido assim. Agora compreendo melhor do que no episódio anterior, por exemplo, só que, ainda assim, foi uma bola fora dele, apesar da…

Apesar da sociedade ser a grande culpada e, ainda que não queira mais, o Kabu é parte dela. Claro, não é culpa dele, ele provavelmente nasceu e o mundo já era assim, mas isso não muda o fato de que ele só começou a agir diferente após conhecer a Natsume.

Aliás, antes ele até acabava com bugs, só que por ordens que não poderia descumprir, né. No fim, não tinha para onde correr e não adianta só remoer culpas também, o Kabu está fazendo o melhor possível dentro desse lamaçal em que se encontra.

Enfim, os ciborgues bugs fugiram e o Kaburagi ainda conseguiu escrever a carta para a Natsume e voltar ao apartamento para encontrá-la, para confirmar um outro desenrolar previsível, mas não ruim, visto que não havia algo de muito diferente a se fazer. Só foi repetitiva a forma como o vilão meteu o braço no meio do Kaburagi, mas tudo bem, é o estilo dele.

Mais importante que isso foi a Natsume lembrar as experiências que viveu ao lado de seu tutor, assim como a carta que recebeu dele e não a convenceu, deixou foi irada. Acho um barato como a Natsume é objetiva com seus sentimentos, quando supera a reflexão ela encara a decisão que toma de cabeça e esse jeitinho dela foi também o que cativou o Kabu, o fazendo reencontrar algo pelo qual valia a pena viver.

O sistema não poder matar remotamente, então é por isso que o vilão (sempre esqueço o nome dele) precisou ir até a fortaleza para pegar a garota e com ela tentar barganhar uma rendição? Só isso explicará mantê-la viva após o Kaburagi perder seu avatar.

O “detalhe” é que um Gadoll monstruoso apareceu (haja carnificina para ter crescido tanto em algumas horas), então mesmo para o sistema as coisas não devem ser tão simples assim.

Resta saber como o embate se dará, se jogadores e NPCs unirão forças outra vez (o mais provável) ou se o sistema deixará os Tankers a deriva a fim de podar um possível, até mesmo provável, foco de rebelião futura, afinal, a Natsume pode ter contado a alguém ou o Kaburagi pode fazer isso (eles não sabem se fizeram), além de que os Tankers têm armas e devem se surpreender, talvez desconfiar, com o novo Gadoll.

Claro que ter a Natsume como refém é uma garantia, mas a linha nunca foi tão tênue no que se refere a revelação de que o mundo humano é na verdade um mundo dentro de outro e que os humanos estão perdendo suas vidas para divertir outra sociedade.

Sei que a verdade é extrema e que a Natsume não quer exatamente salvar o mundo, mas viver uma vida digna e com significado, só que ela topou ajudar o Kaburagi e ainda que tenham momentaneamente se separado vai lutar ao lado dele para se libertar verdadeiramente, afinal, jamais conseguiria se sentir livre de novo sabendo que é um produto em um jogo.

Por fim, ótimo episódio, teve desenrolares previsíveis, mas manteve consistência e passou a ideia de que pode ter um final bacana mesmo que não vá a fundo na sociedade dos ciborgues (nem há tempo), o que gostaria de ver, mas não é exatamente necessário, só que para que um final ideal (em que os humanos saiam do jogo para um mundo completamente real) ocorra e seja bom a produção terá que se esforçar.

Até a próxima!

P.S.: Não surpreende, mas que CG feio esse do Gadoll final, hein? Fica a lição de casa para o estúdio, melhorar na computação gráfica.

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