Um final decente (ainda que com ressalvas) para um ótimo anime que movimentou a fraca temporada de verão de 2020. É hora de Deca-Dence no Anime21!

Um novo avatar exigia uma nova arma, concorda? A ideia de reutilizar recursos para um objetivo comum, exterminar o Gadoll final, foi bem interessante, pois essa sucata da cidade fortaleza aparecia no cenário o tempo todo, a ideia de uma cidade “orgânica” fazia parte do anime e foi reforçada com o Kabu tomando controle da cidade. Há outro ponto que alicerça esse final clichê, mas consistente, e o comentarei a frente.

A apresetação do sistema não foi ruim e resolveu um problema da forma mais rápida e prática possível, o mergulho no sistema que dá as cartas. Já que esse sistema é “frio”, centrado em uma existência que não é humama e nem dialoga entre si, e ainda explicou o que a levou a permitir tantas transgressões, eu acabo compreendendo melhor e aceitando tudo que rolou até aqui. Na verdade, o que havia era um equilíbrio entre agentes transgressores e agentes de correção, para sofisticar a vida na sociedade dos ciborgues.

Ainda assim, acho uma forma meio rasa de resolver o problema, mas é inegável que dado o tempo e as circunstâncias acabou sendo a melhor, talvez a única que fizesse algum sentido e não prejudicasse o resto, porque também eram importantes os momentos de emoção do episódio, mesmo o da Natsume socando Deca-Dence de fora, apenas um ato simbólico. Aliás, é impressão minha ou ela lembra a prótese da moça? Ambas são mãos mecânicas, a semelhança deve ser só essa, mas também não é simbólico o Kaburagi ir lá e derrotar o Gadoll após o upgrade em sua arma?

Nesses pequenos detalhes esse final me agradou bastante, pois mesmo terminando tudo em pizza (o caso aqui), dá para curtir se há certa sincronia entre ideias e execução, o que houve. Outro exemplo foi a reunião das partes e a ajudinha do Donatello, uma foi em algum estágio um experimento do que acabou se tornando a sociedade que veio a se tornar aquela, a outra lembra o ato do Kaburagi em uma luta lá pelo começo do anime, a diferença é que lá o avatar não morria, e o avatar morrer não significa nada também.

Enfim, o conceito de limitador veio bem a calhar na hora H, porque desde que ele apareceu havia ficado claro que se tratava de uma ação do ciborgue que refletia na liberação da capacidade máxima de seu avatar, como o avatar dele era a cidade fortaleza (virou Kabu-Dence muito geniosamente), essa foi a força tirada do “nada”, que na verdade não era nada coisa nenhuma, contextualizaram de antemão. Claro, há uma diferença entre um corpo orgânico e uma fortaleza mecânica, mas quem pode afirmar que em ambos os casos não havia mais o que tirar dali?

Tanto que a cidade não se recompôs após o Gadoll ser aliminado, ela vira outra coisa, a sociedade vira outra coisa como o sistema bem predisse e era fácil imaginar de toda forma. O final é clichê, mas bacana e consistente dado o que poderia ser feito em tão pouco tempo, eu só me questiono se o sistema ser um agente “frio” atenua a crueldade do jogo e como os humanos receberam a verdade, se ela sequer foi revelada. O mundo ideal alcançado foi alcançado a base de quê? Com a passagem de tempo vem as mudanças, mas o que sustenta essas mudanças nós nunca iremos saber e isso me incomoda um pouco.

Incomoda mesmo que eu aceite esse desenrolar e seja capaz de engolir essa superficialidade por ter curtido os personagens e a trama no geral. Outro clichê que acabou sendo bem encaixado no fim das contas foi o backup do Kaburagi, porque no fim o que são os ciborgues senão um acúmulo de dados que ganha vida graças a “magia” do oxyone? Não é algo forçado a Jill aparecer com um backup dele e animar isso, não sendo ela o gênio maluco da parada toda, o que eu estranho é a demora, isso cai na conta da licença poética e no fim o próprio reencontro deles foi isso, um agrado para quem acompanhou até aqui.

Eu gostei. Você gostou? Talvez a única coisa que não tenha me descido foi os ciborgues terem aceito uma mudança tão drástica de maneira tão boa. Claro que nós não vimos o que veio logo após aquele final, pegamos só o time skip, mas não houve mesmo nenhum problema de nenhum dos lados, seja de adaptação ou rusga entre partes? Mostrar apenas citando ajudaria, afinal, o que foi o trecho final do episodio senão isso, um checkpoint de final feliz de novela? Poderia ter sido menos clichê, mas poderia ter sido mais, senti falta da Natsume fazer algo mais, por outro lado, o Kaburagi “morreu” como esperado.

Por fim, o final foi clichê com consistência em alguns pontos e ressalvas a serem feitas em outros, mas no geral fechou bem, até pelo nível de exigência ser alto em comparação a fraca temporada, mas em uma de qualidade maior Deca-Dence seria só mais um anime acertadinho, mas que eu adorei! Eu jogaria fácil um jogo do anime, só não como Gear, acho que seria um tanto hipócrita da minha parte após tanto apontar a crueldade que era morrer de mentirinha enquanto os humanos morriam para valer, ignorantes a verdade. Foi um bom anime, divertido de assistir e proveitoso de criticar. A resenha deve sair em breve (espero).

Até a próxima!

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