A Shii veio como uma brisa para dar um sopro de novidade nessa calma história, porém junto com ela vem as mudanças de estação, os tons da história também se alteram, e as meninas precisam se preparar não só para encarar a força da natureza, como para as alegrias e preocupações que trazem uma nova amizade.

JG: Fiquei um tanto surpreso com esses dois episódios, porque a impressão que tive é que o primeiro literalmente fez toda uma preparação para o que aconteceria no segundo.

Flávio: O inverno chegou. Dentre as quatro estações, o inverno é a que costuma ser representada na ficção (e nas artes, de um modo geral) de uma forma negativa associada a períodos difíceis.

JG: É bem verdade esse ponto e acho curioso como o anime conciliou esse padrão com o que queria expor nas protagonistas, trazendo a estação com seus problemas naturais, mas também mostrando o lado leve e divertido dela para a história.

As meninas são tão apegadas a “bater perna” com as Cubs, que precisaram se equipar pesado para desbravar o frio, caso quisessem passear com elas. Nesse processo vemos a Koguma por exemplo, se dando espaço para um momento totalmente novo, desfrutando de uma diversão mais boba e alto astral com a amiga, no meio daquele cenário branco e gélido.

Flávio: O lado simbólico não chega a ser explorado, mas sim as dificuldades práticas com relação essa estação. Claro que no inverno não há só problemas, e dá para se divertir com a estação.

JG: Falando em simbolismos, achei bem legal como aquele casaco de lã que a professora costurou, liga as três, porque a princípio a ideia da Shii era que ele fosse útil para a Koguma – que no caso era a que mais sofria com o clima e a falta de recursos – e no final a mestra encontrou serventia nele para as três, cada uma na sua particularidade.

Flávio: Como a Shii não tem uma Cub para servir de elo (não que seja necessário um) entre elas, as peças de lã acabam se encaixando como algo simbólico que reforça os laços de amizade.

JG: Esse foi meu sentimento assistindo e dado o que foi construído no episódio, acho que foi uma solução interessante. É engraçado porque na semana passada nós falamos sobre a união das três, mas tinha ficado a dúvida sobre essa questão de como a Shii ficaria em relação as companheiras de Cub, especialmente por ela transparecer muito que queria ser amiga das duas.

Por não ter uma Cub, deu para notar no episódio que em vários momentos, ela se sentiu desconfortável de não poder passar mais tempo junto delas. Como o pai da menina disse, elas a mudaram, então é natural que queira estar perto das pessoas que admira e essa limitação a incomoda, porque ela sente que perde espaço e fica para trás por não fazer parte desse mesmo mundinho.

Flávio: O medo de ser excluído de um grupo é muito comum. Nós mesmos já passamos por isso até dentro do nosso meio (anime), quando a gente não acompanha uma obra muito popular. No caso da Shii, obviamente, que ela não será excluída por não ter uma Cub, mas entendo a busca da garota em querer alcançar suas amigas.

JG: Ela infelizmente ainda não sabe que as três já tem um vínculo pra vida, então vai se preocupar mais um pouco, mas mal sabe que as meninas também a admiram pela alegria, a forma como ela abraça o que quer e a determinação que tem, independente da dificuldade que se apresente.

Até nessa questão da moto, tanto a Reiko, quanto a Koguma ficam impressionadas com as coisas que ela faz naquela bicicleta e valorizam esse diferencial. Fico curioso pra ver se o anime de fato vai manter o status quo da personagem, ou se vai colocá-la como uma companheira de Cub oficial.

Flávio: Prefiro que a Shii continue com a sua bicicleta, mas, se por ventura, ela aderir ao “Cubismo”, não acharei ruim.

JG: Para ser sincero, teve algumas cenas em que senti que o anime já estava querendo dar essa ideia, principalmente no diálogo da Reiko com aquele senhor amigo dela, por conta da Cub quebrada que ninguém ia querer. Juntando isso com a preocupação da personagem, achei que seria apenas questão de tempo.

Penso que a questão dela ter uma Cub também, só atenderia a vontade de ter as três em igualdade, mas realmente não muda nada na relação já estabelecida do grupo, então o que ficar decidido está de bom tamanho.

Flávio: Houve “sinais” de que a Shii poderia adquirir uma Super Cub, mas, se isso acontecer, não será nesta temporada.

JG: Aproveitando que você falou em aquisições, as vezes fico com a impressão de que um dia essas Cubs vão virar algum tipo de super máquina, por conta de tanta adição que as meninas fazem nas motos.

É protetor para o guidão, para as pernas, barra vento frontal, correntes pros pneus, enfim, muita coisa – realmente começo a entender porque o bolso das duas só anda no limite. Por outro lado vejo que é um gasto bem feito, porque é graças a esse esforço que podemos ver cenas belas e divertidas, como as que o par de amigas protagonizam junto com suas Cubs.

Flávio: Por trás da necessidade da compra de acessórios, há uma manifestação de carinho e de cuidado para com a moto.

JG: Carinho esse que destacamos desde o começo da história e que permeia toda e qualquer ação que elas façam. Mas já perguntando, o que achou da cena em que as meninas passam aquele bom tempo brincando com as Cubs e se divertindo a sós no meio da neve?

Flávio: Bom, para que esquiar, se dá para se divertir pilotando uma Cub na neve?

JG: Eu acho que esse pedaço foi legal, porque mostrou toda a evolução da dupla, em especial da Koguma, que sequer sabia o que era se soltar, divertir, andar próxima de outra pessoa, sorrir, e agora ela faz tudo isso com a maior naturalidade, então nada mais justo que a Cub fazer parte de cada simples momento. Como você disse, para que inventar coisa se a moto que tanto amam já faz tudo?

Flávio: A Reiko leva esse “tudo” a sério, que, se pudesse, carregaria a Shii na caixa (não lembro exatamente o nome) que fica atrás na parte de trás da moto.

JG: Isso é curioso porque mesmo a cena sendo engraçada, nas entrelinhas eu particularmente entendi que essa é a forma da Reiko de dizer que ela é uma parte importante do grupo, e não é só pelo café, embora ele tenha o seu peso – ainda mais no inverno.

Flávio: Por falar em café, quantos cafés/chás elas tomaram nesses dois episódios. Aliás, um lado bom dessa estação é que as bebidas quentes ficam mais gostosas.

JG: Bote café e chá nisso, inclusive muitos deles são fruto do esforço da Shii em colocar seu projeto do café italiano nos trilhos, dedicação que só aumentou com a aproximação das amigas motoqueiras.

Flávio: Como na prática não deixamos a Shii de lado, vamos para o acontecimento mais surpreendente do episódio mais recente.

JG: Acredito que o gancho final do episódio 10 tem algo importante pra trabalhar em cima desse trio, especialmente no lado da pequena empresária, que tem toda essa questão da admiração pelas duas amigas e também teme estar ficando para trás de alguma forma, quando na verdade caminha ao lado delas.

Flávio: Engraçado que há alguns parágrafos, estávamos especulando se a Shii terá ou não uma Super Cub, sendo que no momento existe a dúvida se o acidente pode ou não haver sequelas, que dentre a mais grave , tirando o óbito, seria a perca dos movimentos, o que dificultaria, ou impediria, as realização do sonho dela, além de da impossibilidade da menina pilotar (dirigir) qualquer veículo.

Provavelmente não teremos um desfecho triste (assim espero), pois Super Cub não é um anime para deixar seu telespectador para baixo. Mas, sim, é possível que haja cenas emocionantes semana que vem.

JG: Na verdade vale salientar que o anime por si só, já nos surpreendeu ao mostrar um momento de maior tensão como esse, porque até então a atmosfera e a narrativa da história sempre percorreram caminhos que desviam de problemas assim.

Também não acredito que o acidente vá nos trazer um final melancólico e sim um onde a amizade vai prevalecer, mas é um bom ponto descobrir como isso vai reverberar na menina, até porque ela já tinha medo de moto antes, e me pergunto se a bicicleta também vai sobrar nessa dança – afinal o próprio pai disse que empurrou aquela nela.

Flávio: Animes com esse perfil de fazer as pessoas relaxarem e se sentirem felizes vendo o cotidiano das personagens, criam uma espécie de bolha onde a maldade, os infortúnios, e a tragédia são afastadas. Enfim, a inserção de um acidente que é uma situação tensa que pode acontecer com qualquer pessoa, é um elemento que reforça o realismo do anime. Realismo esse que, diga-se de passagem, passa longe em algumas cenas.

JG: A nós agora só cabe aguardar para ver os contornos que o problema da Shii terão, ao mesmo tempo em que já lamento o pouco tempo que falta para nossa alegria acabar, e esse sim é um drama real.

Flávio: Torcemos para que Super Cub tenha uma segunda, terceira, quarta temporadas. Eu pedi muito, certo?

JG: De jeito nenhum, acho até que esse é o clamor geral de quem se aproximou desse aconchegante anime. Que os autores e produtores nos ouçam e assim como as meninas fizeram nesse inverno, também se preparem para nos trazer ainda mais de Super Cub.

Agradecemos a quem leu e até o próximo artigo!

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