Se ainda tinha algum ser vivo confuso com os inúmeros mistérios ainda não desvendados em Shadows House, esse episódio é o momento de clareza. Nele é despejado boa parte das respostas que buscávamos para entender toda a loucura que envolve essa mansão e a família que nela habita – e olha que nós só queríamos saber quem ia vencer o debute, mas enfim, fomos premiados com mais.

Seguindo o que esperávamos pouco tempo restava no debute, alguém acabou perdendo e esse alguém não foi a dupla Emilico e Kate. Por motivos óbvios o anime já deixava claro que elas não seriam o alvo do infortúnio, mas é interessante como elas alçaram a vitória e como o roteiro acabou as utilizando para fundamentar a razão da derrota que Shirley e Rum sofreram.

Desde o princípio as duas protagonistas sempre conseguiram se sair bem em situações absurdas, muito por conta de seu raciocínio rápido e da criatividade – em especial a boneca. O Edward infelizmente se esqueceu desse porém e não as estudou corretamente, o que para a Kate e os seus poderes “ocultos” se tornou uma vantagem irônica e imprevista.

No episódio passado comentamos que o Edward parecia saber muito bem aonde estava pisando, porque a armadilha da Kate era perfeita, ali ele matava vários coelhos em um único golpe, usando a menina contra ela mesma. Por outro lado ele também revelou que nada sabia acerca de uma dupla, porque nada atestava contra elas e agora sabemos de quem se tratava.

O mais esquisito é que grande plano do Edward consistia em eliminar a Kate por ela representar uma possível ameaça ao Grande Avô – sabe se lá como na mente dele -, já que é difícil ler a mente da menina e entender o seu comportamento, assim como o da sua boneca otimista.

É engraçado pensar que ele sempre as viu com maus olhos, quando na verdade a Kate sempre se portou de forma séria, mal saía do quarto com seus livros, e a Emilico seguia desempenhando com perfeição o seu trabalho dentro da mansão, inclusive resolvendo problemas que não competiam a ela – como aquela questão do vazamento de fuligem.

Será que realmente o comportamento diferente delas, determina tanta coisa? Porque sinceramente ele me parece ter problemas muito maiores com o pessoal do terceiro andar – ao menos seguindo o que ele sabe sobre o grupo.

Um fato curioso que o momento das duas traz a tona, é exatamente o porque da Emilico ter recebido esse nome, e esse detalhe do simples nomear se mostra muito mais importante do que parece, quando analisamos com atenção a vinculação que isso tem na parceria entre cada um.

Quando começamos a teorizar profundamente esse ponto, percebemos que a maioria das sombras dão as bonecas um nome que se assemelhe ao seu, segundo as regras da família, mas no caso das cinco crianças, tudo se pauta numa mistura entre essas regras e o que é a relação deles – ou ao menos o que esperam.

A Louise por exemplo deu o nome Lou, é como se a boneca fosse um pedaço dela, mas ainda incompleta, refletindo a visão da garota sobre a Lou ser feita apenas para ela, que apenas a sua figura consegue de fato completar e dar sentido a existência e a beleza da parceira.

Patrick nomeou o Ricky, seguindo mais ou menos a mesma linha da primeira, mas a pequena diferença causada na letra final, querendo ou não parece mostrar que embora haja essa simbiose entre os dois, ainda existe uma diferença presente.

John apareceu com o nome Shaun, e os dois nomes são basicamente o mesmo, mudando apenas as suas origens geográficas. Isso é interessante se você pensa que os dois tem uma ligação, mas personalidades bem distintas e que o menino gosta de manter, seguindo um pouco a linha da Kate e mais longinquamente a do próprio Patrick – que de formas diversas tentaram dar identidade a seus parceiros.

A Kate escolheu Emilico e nesse caso em nada elas se vinculam graficamente, o que reforça aquilo que a sombra tanto prega, sobre querer preservar a identidade da boneca como algo dissociado dela, como alguém livre e de vontade própria que segue ao lado dela.

Por fim temos a Rum, que se auto nomeou e este nada tem a ver com sua dona. Na situação dela as coisas ficam ainda mais curiosas porque esse fator é o que endossa o motivo pelo qual fracassaram no debute. Assim como as sombras adultas disseram, a Shirley foi incapaz de criar personalidade e vontade, o que se refletiu no fato de ambas não conseguirem forjar uma conexão e consequentemente a sua boneca precisar encontrar um nome diferente pra si.

A Shirley meio que “entregou” o jogo e de certa forma desistiu antes do tempo, diferente dos outros mestres, que com diferenças ou não, se mostraram e tentaram algo com suas bonecas. Como os próprios adultos disseram, as sombras são um tipo de parasita, e assim como os parasitas reais precisam viver em associação com outro ser vivo para tirar o seu sustento, elas também precisam dessa conexão com suas bonecas para se desenvolverem.

A despedida entre a dupla foi melancólica e tocante, porque apenas nos últimos instantes é que conseguiram criar um elo, elo esse que poderia tê-las salvo, caso a sombra tentasse um pouco mais quando teve a chance de se comunicar com a Rum – que verdade seja dita, tentou um pouco mais que ela.

Se toda essa sequência já é forte, a festa dos debutantes aprovados é muito mais impactante em seu excesso. Toda a cena da comemoração com o café sombrio sendo servido e suas bizarras consequências, criou uma inquietação que para nós já dá o tom dos novos rumos que as crianças tomarão.

A derrota de Shirley e Rum respinga de forma variada nas crianças, com uma Louise parece “inafetada” como natural de sua personagem, mas com um Patrick que parece de fato ter se moldado ao que a Emilico lhe ensinou, parecendo um tanto incomodado com a perda da colega, assim como John e Kate.

Vale salientar inclusive que a fala do Patrick é bem marcante, porque ele percebe o quão errado está aquele cenário, sem que os outros lhe sinalizem o absurdo que é comemorar uma desgraça – o que é um bom caminho. A Kate também dá sinais de que já captou tudo de ruim que a cerca, então acreditamos que é questão de tempo para que ela se manifeste – e o John junto com certeza.

Bom, se antes o Grande Avô era uma incógnita em vários sentidos, ao menos agora já sabemos do que ele é capaz, como controlar a mente e as memórias das bonecas em geral. Foi bom ver que o patriarca não tem influência sobre seus “parentes”, porque isso ajuda a entender as intrigas ali dentro, e também o motivo das sombras serem tão diferentes entre si.

Considerando que a intenção dele é ter servos absolutos e úteis, ele próprio já poderia ter resolvido essa questão a muito mais tempo e sem depender de terceiros, mas como vimos, o velho tem as suas limitações e é este ponto que deve alimentar a ambição dos demais.

O Edward levanta a possibilidade de que os adultos do terceiro andar não sejam de confiança e planejem destronar o Grande Avô para reinarem, portanto, figuras como a Kate seriam interessantes de se ter por ali criando possíveis oposições, caso eles de fato queiram derrubar seu líder – o que talvez norteie o desejo que o vilão tem por destruir a Kate.

A Kate por sua vez, ainda não sabe o que fazer, como se posicionar e sequer tem noção de que está sendo tão visada, mas já tem um grande problema para resolver com a manipulação criada pelo soberano da família e seu bendito café.

Dada a capacidade de controle que tem, será que ela vai sacar logo a origem do caos e solucionar o problema dos amigos? Com a carne de pescoço que vai ficar em cima dela a partir de agora, essa nos parece ser uma missão bem difícil.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

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