A luz do caminho é a escuridão da ignorância. O poder de um general e sua ousadia que adentra na batalha para viver a morte. Esse episódio foi intenso e estruturado, foi a voz de despedida de um sobrevivente.

 

 

Surpreendente, tamanha coragem e tamanha tolice merecem o mais alto grau de respeito. Descer para o campo de batalha sabendo que o retorno é absolutamente não garantido, avançar com poucos, mas confiáveis companheiros, ziguezaguear na adrenalina cega dos alucinados soldados.

O general veterano, de joelhos para o veneno que consome qualquer prudência, acompanha atônito a nova geração que surge. Um bruto, um plebeu, um jovem que comanda a cavalaria em meio as flechas de seus próprios aliados.

 

 

Cruzar pela massa amorfa de homens prostrados perante a muralha, dançar com os estandartes roubados e se camuflar nas chamas da guerra. A grandiosidade se resume a insanidade mais lúcida que apostar em zebra manca.

Todo o percurso é meticulosamente planejado, as rotas, as ordens e encenações. O veterano que definha em seu cavalo, apenas segue o fluxo, incapaz de reter autoridade, mas sustentando o orgulho e moral de um pilar de renome inquestionável.

O jovem general de armadura roxa, o qual abandonou suas tropas defensivas à própria sorte, paga o preço, pois mesmo que em êxito, essa aventura custou o que não poderia custar, a integridade da muralha. No entanto, é linda a manobra que cerca o impotente general dos venenos.

 

 

Sobre lanças e lâminas, a cavalaria mostra o seu poder, arrebenta os desprevenidos e excelentíssimos militares que circundam a fortaleza mais íntima do inimigo, e mesmo que vacilante e afoita, a ofensiva cruza com a fraqueza de um oponente inepto e refém de sua própria covardia.

A morte do general dos venenos, é tanto uma vingança como um lembrete, àquele que foi condenado a morte, o general veterano, oferece o peso de sua sabedoria, em uma guerra, é necessário que se saiba lutar, que não se dependa apenas de táticas e esquemas, mas que se saiba sorver a sobrevivência com a suas próprias mãos.

Virar as costas como recurso de desespero não é apenas uma derrota, é uma descarada afirmação de que não existe vitória em qualquer de seus atos. O destino de quem segura uma espada, é a brandir, mesmo que tenha a morte como melhor amigo e a alma condenada.

 

 

O jovem pressionou e deu suporte, sua cavalaria pinçou as fraquezas do despreparo, e com grande sucesso, o objetivo foi conquistado. O veterano, condenado, mas imperante, se despede da forma mais gloriosa que poderia desejar, passando o bastão para o seu sucessor.

Entretanto, o preço foi debitado, e mesmo ao recuar, não sabemos o que acontecerá com esse exército de infiltração e audácia. Mas sabemos que o inimigo agora não apenas conhece a sua manobra, como avança com força pela brecha que essa manobra criou.

Kingdom se consolida como uma narrativa épica, onde homens e aparatos de destruição se fundem com o coração humano. Por vezes acompanhamos o seco desfecho dos piões, em outros momentos, somos convidados a lamentar a efemeridade dos guias, os pilares que comandam o caos desse combate, e seja por veneno ou por metal, o vazio abraça a todos.

 

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Olá Thiago, belezinha?

      A animação dos primeiros episódios da primeira temporada (e não das primeiras temporadas), mais ou menos até o episódio 10, é atroz. Fizeram tudo em 3D, e incrivelmente mal feito. Assistiu ou ouviu falar da fama do Berserk de 2016? É muito pior.

      Mas é só o começo e só da primeira temporada. Eles abandonam o 3D a partir daí e tudo fica bonitinho. E a história é muito boa desde o começo.

      Sem mencionar que estou falando do lançamento original, é possível que tenham refeito esses episódios depois, já que eram mesmo pavorosos, mas não sei se isso aconteceu, estou apenas especulando.

      Obrigado pela visita e pelo comentário! E assista Kingdom sim! Ficção histórica de qualidade 🙂

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