Trese é o primeiro anime do sudeste asiático produzido pela Netflix. Ele adapta o quadrinho escrito por Budjette Tan e desenhado por Kajo Baldisimo. A produção é dirigida por Jay Oliva (A Lenda de Korra), conta com seis episódios de duração entre 25 e 33 minutos e um documentário (de título “After Dark”) falando dos bastidores da animação. A sinopse abaixo é a mesma da Netflix.

 

“Alexandra Trese faz de tudo para proteger Manila contra ameaças sobrenaturais e manter a paz, mas vem encrenca grande por aí.”

 

Antes de mais nada, ter origem filipina descaracteriza Trese como anime? Acredito que não, afinal, é assim que ele é tratado e comercializado pela Netflix, além de que os chineses são ótimos exemplos de animações de fora do Japão que são consideradas anime pela comunidade de otakus espalhada ao redor do mundo.

Então sim, Trese é anime, faz todo sentido que tenhamos um artigo sobre ele aqui.

A primeira coisa que me chamou atenção em Trese foi o fato das criaturas da história serem do folclore filipino. Isso mostra que o autor quis valorizar a cultura local, o que é reforçado por a trama se passar toda na capital Manila.

Além disso, a heroína tem uma experiência muito bacana com o misticismo que cerca a família dela, apesar dela ser mais badass, andando sempre de cara fechada. Acho que é até por isso que as magias principais do anime são em filipino. Vi dublado e achei estranho, mas depois entendi que era para expressar essa identidade.

No começo Trese parece que vai ser uma trama de detetive episódica, mas logo se vê que a história é maior e que ela tem tudo a ver com a protagonista. Porque a Alexandra equilibra as relações entre as criaturas e os humanos, é quem descasca os pepinos, mas não é só ela.

Um dos melhores personagens do anime é o Capitão Guerrero, um policial gente fina que passa os casos sobrenaturais para a heroína e faz meio que o papel do telespectador na trama, de alguém que não tem poderes, mas observa tudo e até ajuda quando a coisa fica feia.

 

 

Outros pontos positivos do anime são seu roteiro coeso e sua animação consistente, a qual, inclusive, arrasa nos cenários da cidade e nos monstros, além de entregar umas cenas de ação bem legais, mas mais bem boladas do que plásticas.

Aliás, é justamente no roteiro que o anime se destaca, porque entrega uma heroína forte, mas que é bem aprofundada e mostra que ter um lado frágil não significa ser fraca. Pelo contrário, pois ela cresce ao ser bem trabalhada, apesar de ser pouco expressiva e às vezes não ser tão confiante quanto aparenta.

Um elemento que chama muita atenção no anime com certeza é o conceito de família, de que família não se limita aos laços de sangue. Ela tem irmãos adotivos que ajudam nas missões e na hora do “vamo ver” acabam lutando ao seu lado pela proximidade que ganharam no convívio.

Dia a dia esse que não é nada fácil porque toda hora tem alguém querendo desfazer os tratados de paz que o pai dela fez. Tem que ter muito jogo de cintura para ser ela, para carregar o pesado legado de seu controverso pai, o Lakan da humanidade anterior.

Enfim, apesar de ter várias qualidades, talvez o que eu mais goste nesse anime seja o plot twist do final. A reviravolta é bem construída e a luta final resolvida sem deus ex machina nem nenhuma baboseira desse tipo.

De bônus tem o documentário na própria Netflix, em que o pessoal que trabalhou no anime fala da produção, que tem muitos filipinos envolvidos em todas as etapas e tentaram ao máximo valorizar a identidade cultural do país.

Achei isso muito legal até porque eu não conhecia quase nada das Filipinas e passei a conhecer com o anime.

 

 

Infelizmente, nem tudo são flores e se tem uma coisa que é ruim em Trese é a aparição do vilão, que até é contextualizada, mas ele fala demais no episódio final, contado uma história que acaba ficando muito maçante.

Sério, custava dar umas pistas antes e não só enfiar informação goela abaixo? O que mais me chateia é que tirando isso não tenho mais do que reclamar, até por só ter seis episódios em que não dá para fazer muita coisa.

Esse problema não bota tudo a perder, mas me surpreendeu um roteiro tão bom cometer um erro desses.

Apesar disso, o anime tem mais pontos positivos que negativos, sendo muito bom tirando essa parte do episódio final. Outro fator que talvez não aproveite todo o potencial da trama é a pouca quantidade de episódios e, por tabela, a velocidade com a qual o plot é resolvido.

Ainda assim, há espaço para continuação, até porque essa primeira temporada tem mais a proposta de apresentar o universo, os personagens e os conflitos que permearão a trama. Como primeira impressão a temporada é ótima, ainda que tenham cometido um “erro crasso” no final.

Por fim, para uma primeira experiência com animação filipina, Trese foi uma grata surpresa. Não que não esperasse algo bom, mas acabou sendo ainda melhor que o trailer.

Até o presente momento em que escrevo este artigo não há confirmação de segunda temporada, mas a perspectiva para isso é a melhor possível dada a ótima recepção do anime ao redor do mundo.

Que mais produções originais interessantes a Netflix poderá nos prover? Essa eu vou pagar para ver. E você?

 

 

Há algum tempo iniciei um canal no youtube com um amigo meu onde falamos sobre cultura nerd em geral (filmes, séries, animes, quadrinhos, tokusatsus, livros, cosplay, etc), o Nerd Gakure. Toda quarta lançamos podcast em áudio e vídeo sempre com um novo convidado, vídeos (ainda sem dia fixo) e lives (por enquanto estamos cobrindo os episódios de Loki todas as quintas) com a perspectiva de ter novos conteúdos em breve.

Nosso primeiro sobre anime, falando de Trese, você pode conferir abaixo. Além disso, também peço para que deixe seu like, curta o canal, ative o sininho (para não perder nenhum vídeo nosso) e deixe seu feedback falando sobre o que achou. Ufa! E muito, né? Será que seria demais pedir para compartilhar também? 😅

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