Depois da pressão deixada pelo gancho do episódio anterior, cabia a nós apenas aguardar pelo que esse arco final traria de mudança, especialmente para a Shii. Se antes ela se sentia só como as outras um dia se sentiram, agora não mais, porque assim como alcançou Koguma e Reiko, a Cub encontrou a sua chance de mudar mais uma vida.

JG: No geral eu gostei bastante do que vi nessa reta final, muito embora eu precise ser sincero quanto ao acidente da Shii.

O anime trouxe uma tensão com aquele momento, o que me fez pensar que isso ia gerar alguma consequência a mais, algum pé torcido, talvez uns arranhões e não houve nada. Não que eu quisesse que algo grave acontecesse, pelo contrário, que bom que deu tudo certo, apenas me peguei pensando se a direção precisava fazer essa jogada e nos deixar tão preocupados a toa.

Flávio: Pé torcido seria o menos pior que podia se esperar, dada a aparente gravidade mostrada no fim do décimo episódio. Embora soubéssemos que não haveria graves consequências, eu, pelo menos, esperava um drama em torno desse acontecimento.

JG: Exato, eu estava acreditando que as consequências do acidente levariam a um pequeno drama que desencadearia a transformação da personagem – o que acabou acontecendo, porém de outra forma. Ouso dizer que a solução encontrada embora tenha sido agradável e até coesa, acabou ressaltando algo para o que eu vinha fazendo vista grossa até então, que é o lado mais “propagandista” de Super Cub.

Flávio: A Shii comprar uma Super Cub era apenas uma questão de tempo. Alcançar a Koguma e a Reiko vai além do sentido metafórico, afinal, não dá para alcançar duas Cubs com uma bicicleta.

JG: É engraçado porque embora eu já estivesse ciente de isso ia acontecer – inclusive queria – por causa de tudo isso que já vínhamos falando, eu confesso que não esperava as proezas da Cub serem repetidas a exaustão.

Quando falo dessa propaganda feita, não é de forma negativa, pois acho que a obra é muito competente em inserir esse elemento, o que é mérito da produção. Apenas observei que isso foi mais gritante agora no final, tanto é que em seu desespero após passado o susto, a menina pede para que a Koguma e sua Cub a salvem de sua aflição – e simbolicamente elas conseguiram.

Flávio: O décimo primeiro episódio foi melancólico, e também deu para notar o tédio expressado pela Koguma, quando a mesma disse que não havia mais necessidade de equipar a Cub para o inverno e nenhum desafio a ser superado. Enquanto o décimo segundo, teve uma vibe mais animadora, voltando a apresentar o lado aventureiro que uma moto proporciona.

JG: Eu diria que no meio dessa melancolia do episódio 11, a Koguma na verdade estava tentando equilibrar suas emoções, pois ao mesmo tempo em que parecia perdida pela falta de novidades, ela ainda estava processando a questão da Shii se sentir preocupada por estar atrás das duas amigas, quando na verdade, a mesma se inspirou nela e na sua força de vontade.

Penso que ter visto a baixinha desmoronar daquele jeito, acabou mexendo bastante com ela, e o resultado nós vimos, porque ela quis tentar algo novo para que as coisas melhorassem – o que foi tão inesperado que a própria Reiko se espantou.

Flávio: A Cub não é algo mágico que faz tudo pela Koguma. A mudança de comportamento só ela podia fazer, e não costuma ser do dia para noite. Vejo como positivo as personagens estarem em constante processo de evolução, em especial a Koguma, que era a que precisava de mais mudanças, enquanto as demais (Shii e Reiko) não precisaram mudar tanto.

JG: Essa foi justamente a parte que mais gostei, porque a Koguma faz essa menção de que a magia não está no objeto – como as vezes parecia -, mas sim na sua determinação e nos seus objetivos, a Cub só facilita a chegada até esse destino.

Outra coisa que notei, é que aquela teoria sobre a Shii se confirmou. Ela sempre foi uma pessoa sozinha, mesmo comunicativa como é, então se justifica a forma como ela tentou se aproximar da dupla de motoqueiras, ainda mais se considerarmos que ela as enxergava diferente pela independência que sempre demonstraram.

Flávio: A fala da Koguma sobre que a magia não está no objeto, quebra um pouco o lado “propaganda” que a série tem. Outra coisa que vale destacar é que a Shii foi colocada acima da Cub, significando que apesar da moto ser muito importante, a moto não está acima de tudo.

JG: Uma ótima mensagem para um ótimo final. A viagem delas no episódio 12 apenas coroa essa jornada de evolução e amadurecimento pessoal. A Koguma que não tinha nada, agora tem o que precisa dentro de si – e fora também. A Shi que queria correr atrás dos seus projetos e sair da solidão, conquistou ambos, e a Reiko ganhou parceiras para toda a vida.

Flávio: Por falar em final, o anime se encerra com uma declaração de amor à Super Cub.

JG: Um diálogo bem poético por parte da protagonista, que endossa tudo o que foi mostrado e dito. A Cub não é uma fonte dos desejos absoluta, mas ela foi o veículo que as apoiou quando cada uma decidiu mudar e alçar voo. E assim como ela fez, agora eu faço a minha declaração de amor a Super Cub, que foi muito mais que um anime de cotidiano, foi uma inspiração para que apreciemos cada pequena alegria da vida e agarremos com força essa dádiva.

Flávio: Eu me senti um turista vendo o passeio das garotas. Neste momento tão difícil de pandemia, curtir algo tão leve e, de quebra, viajar sem sair de casa, é mais que um passatempo, é um alívio para alma. Por fim, muito obrigado Super Cub, por aquecer a alma dos telespectadores durante três meses. Espero que possamos nos reencontrar um dia, quer seja numa continuação ou quando quiser revê-lo.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

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