Enfim o torneio começou e o Fushi pode não ter chamado a atenção de um país com o propósito de usá-lo para a guerra, mas com certeza atraiu a atenção do povo que o viu tomar uma machadada na cabeça e seguir vivo para contar a história. Mal sabem eles que o Fushi não é “humano”, que na verdade é um experimento que a cada experiência vai adquirindo mais e mais aquilo que entendemos por “humanidade”.

Uma personagem que já se encaixa nesse conceito de “humana” é a Tonari, a líder das crianças marginais que aprontou para cima da Pioran e do Fushi, mas, convenhamos, como julgar? Ainda mais após descobrirmos mais detalhes de como a ilha funciona e é difícil manter o mínimo de dignidade em meio aquele caos. Neste blog passo pano para a Tonari. Sendo ou não esse o seu caso, leia abaixo para entender meus motivos.

Até agora eu não entendi direito como o diacho dessa ilha funciona, mas entendi muito bem que o torneio existe para preencher um vácuo de poder que se apresenta constantemente nela e que alguém imortal como o Fushi é ideal para administrá-la. A questão para mim é por que essa sociedade se organiza dessa forma e como essa situação bizarra deve ser conveniente para manter o status quo bizonho que impera no local.

Status quo esse que a maioria parece interessada em quebrar. Por quê? Porque as condições de vida não são péssimas. Além disso, matar os outros é liberado, não que fora dali alguém peça permissão para matar outra pessoa, mas isso delimita uma linha entre o valor da vida humana dentro e fora da ilha. Não à toa o torneio ocorre e a morte é banalizada, o que ainda assim não significa que não exista valor na competição.

 

 

Em paralelo a isso vemos o Fushi cada vez mais incomodado com a ideia de ceifar uma vida (mesmo as que não são humanas), algo que se acentuou depois do tempo que passou entre humanos e o fez compreender o peso que a vida humana tem, que não pode ser reavida após um golpe crítico, diferente dele. Isso não significa que o Fushi não vai matar humanos na trama, só que se ocorrer isso terá um peso brutal nele.

E em nada isso nos surpreende, até pelo sumiço da Pioran e o risco de vida que ela pode estar correndo, isso se já não tiver sido morta. Outra questão bacana levantada é a do passado dela, que o Fushi desconhece e pode até assustá-lo, mas com certeza não deve diminuir a importância da figura dela na vida dele. Esse plot se insinua para reforçar ao Fushi que os seres humanos são muito mais que apenas a face que demonstram.

Ele já amadureceu em muitos aspectos, mas imagino que ainda demore um pouco mais para pegar essas nuances, algo com o qual personagens como a Tonari e os outros devem ajudar, afinal, eles podem ser garotos marginalizados, mas também replicam as violências cometidas contra eles, ainda que em grau menor e de maneiras diferentes, até porque eles o fazem por uma questão de sobrevivência, necessidade mesmo.

Por isso não consigo recriminá-los de forma alguma, assim como não recrimino a guerreira “misteriosa” pela lambida na bochecha do Fushi. Inclusive, acho que os dois se enfrentando seria um bom desfecho para o torneio, mas a interferência dos Nokkers permitirá isso? Além disso, uma coisa que me deixou triste foi o Fushi ter se transformado na Parona. Isso significa que a personagem morreu ou ele que “evoluiu”?

 

 

Por fim, conhecemos um pouco melhor os personagens desse arco, como funciona a ilha e o que o Fushi precisará fazer para vencer: sobreviver. Na verdade, isso até se reencontrar com a Hayase, pois duvido que com ela baste aguentar os golpes. Além disso, que fim trágico espera as crianças? A abertura dá os spoilers, mas sem contexto só podemos especular. Nossa única certeza é de que terá dedo dos Nokkers nisso tudo.

Pensando bem, há outra certeza, de que uma nova experiência traumática para o herói deve levá-lo a adicionar novas cores a sua aquarela de experiências, essa que cada vez mais constrói um personagem complexo e intenso capaz de agir instintivamente ao mesmo tempo em que deseja um caminho diferente para si. Dicotomia esta que caracteriza tão bem aquilo que nós, você e eu, costumamos classificar como “humano”.

Até a próxima!

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