Kukuru almeja salvar o Aquário Gama Gama, assumindo o papel de diretora dele, mas será que ela de fato está pronta para tudo como a simples estudante que é? Bom, esse episódio nos mostra que ela ainda tem um caminho bem longo pela frente, mas que pode dar certo pelos amigos que tem e especialmente, a vontade de tentar e acertar.

Flávio: Boa vontade e determinação somente, não são o bastante para salvar o aquário. Por mais esforçada que seja, não será sozinha e nem por impulso que a Kukuru resolverá os problemas.

JG: Acho que o episódio foi importante justamente para que a menina entendesse isso. Ela é tão fissurada no aquário e no significado que ele tem, que praticamente esquece que assumir esse compromisso envolve muito mais do que a boa vontade, é preciso preparo e trabalho em equipe também – as coisas que ela passou agora, já estão fazendo ela despertar quanto a isso.

Flávio: A conversa entre ela e o professor não só evidência a importância do estudo, como há uma preocupação da parte dele para com ela. Ele sabe o tamanho do foco e do potencial da Kukuru em relação ao trabalho dela, mas ela é desleixada com qualquer coisa que não seja o aquário.

É bem verdade que por meio do estudo, há possibilidade da Kukuru fazer muito mais pelo aquário do que agora, mas o Gama Gama não pode esperar nesse momento tão delicado.

JG: O professor foi crucial para esse momento dela, porque é notório que ele entende a força de sua motivação e admira que sua aluna tenha um objetivo claro – o que não é comum em um jovem -, por isso mais do que nunca ela precisa entender suas fraquezas para avançar.

A diretora precisa enxergar que na vida existem mais coisas que somente o aquário, ainda que ele seja importante e o alvo de sua dedicação. Qualquer um vê que sua ingenuidade pode lhe custar caro, uma vez que o local está no seu limite e ela não tem a expertise necessária para se desenrolar com segurança e principalmente, paciência – mesmo com o tempo correndo.

Flávio: Para a sorte da Kukuru, ela pode contar com o apoio de vários personagens, que possuem diversos motivos para querer ajudá-la.

JG: Eu gosto da forma como o anime desenrola as situações aqui, utilizando todos para mostrar a Kukuru os seus problemas, mas ao tempo tempo os colocando como uma solução. Para quem olhou atentamente, a crítica mais ferrenha que o avô da protagonista faz a ela é o fato de ela querer lutar sozinha sem depender de ninguém, quando devia fazer o contrário.

Um expoente bem interessante é a própria veterinária do Gama Gama, que mesmo grávida foi necessária e se prontificou a ajudar com os pinguins. A menina precisou de alguém que pudesse resolver o problema dos animais, justamente porque era algo que não dava conta sozinha e nem sabia o que ou como fazer. Na hora ela pode não ter identificado isso, mas ao fim do episódio parece ter pego as dicas que esse momento preocupante lhe deu.

Flávio: Por falar na veterinária, achei que o parto seria feito no aquário. O apelo emocional da cena onde a veterinária tem a visão do filho foi grande e belo, tal como o sentimento materno. Sentimento este que se traduz na forma de carinho e cuidado, que é semelhante ao que a Kukuru sente pelos animais do aquário. Aliás, a experiência da maternidade da veterinária fez a Fuuka lembrar que ela tem uma mãe.

JG: Olha, na hora que pediram pra isolar a área eu pensei o mesmo, até porque essa coisa do parto inesperado é algo bem comum da ficção, mas infelizmente não foi dessa vez que as protagonistas trouxeram uma vida a esse mundo. Assim como você disse, é lindo quando o Kijimuna mostra o filho a mãe, pois é o que lhe acalma no meio daquela aflição – com um spoiler desse não podia ser diferente.

A força da mãe e o ocorrido em si, tem impacto nas duas, mas pesa um pouco mais para a Kukuru, pela perda que teve. Embora externalize alegria, tenho a impressão de que parte desse pensamento “solitário” e protetor da diretora, vem dessa perda.

Flávio: Além do amor pelos animais marinhos, o apego ao aquário também pode ser uma forma dela manter a memória dos pais viva.

JG: Exato e isso casa até com o que o Kai diz a respeito da amiga e os sentimentos que ela esconde, confirmando o quanto ela precisa do apoio dos amigos para se superar e realizar seu sonho de manter o lugar que guarda tantas memórias.

Mas falando em guardar coisas, fiquei um tanto confuso com a cena em que a Kukuru segura dois cartões de bebê, e o outro momento em que a amiga dela age meio estranho ao falar da maternidade. Teria algum segredo aí, ou as cenas apenas pareceram mais intensas que o normal, pela temática e a emergência da situação? Fiquei com essa pulga atrás da orelha.

Flávio: Eu também fiquei intrigado, a Kukuru não perguntaria sobre o cartão para a veterinária se não houvesse motivo.

JG: Já estava teorizando se a Kukuru teria um irmão que acabou morrendo antes de nascer – o que explicaria o segundo cartão estar em branco -, e se a outra menina sabe de algo estranho ou teve alguma experiência ruim com a maternidade. Sinceramente não acho que jogaram nada a toa, isso deve ter algum significado.

Em uma das minhas hipóteses malucas, eu chutaria que o Kijimuna é o espírito do irmãozinho que a Kukuru talvez tenha perdido, porém como ele é uma figura folclórica e lendária, descarto essa chance.

Flávio: Deixando a Kukuru, que foi a personagem central do episódio, de lado. A Fuuka está se adaptando bem á nova rotina. Apesar da personalidade mais reservada, ela está á vontade no trabalho e na casa dos avós da Kukuru.

JG: Para mim a Fuuka acabou mostrando algo que não esperava, pois quando a história dela se apresentou, eu jurava que ela seria alguém bem fechada, de poucas palavras e que arrastaria corrente até conseguir vencer seu passado, mas a moça já se sente mais confortável com esse novo cenário.

Acho legal como ela já dialoga normalmente com o pessoal dali, como já sorri, passando mais tranquilidade do que quando chegou, abalada. É até bom que assim seja, considerando que nessa pressão toda, a Kukuru precisa de amigos com paz de espírito para trabalharem juntos e buscar soluções.

No geral é outro ótimo episódio de Aquatope – como chamamos curta e carinhosamente -, porque mesmo seguindo nesse ritmo tranquilo, levinho e gostoso de assistir, já começa a dar camadas aos personagens, embasando o problema central da trama, vejamos para onde vão caminhar agora com a salvação do precioso Aquário Gama Gama.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

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