Perdão é algo que acho razoável qualquer que seja o caso, mas não a reconciliação, e no caso da família Todoroki tinha uma certa resistência em ver uma reconciliação entre o patriarca, Endeavor, e seus filhos, principalmente o Shoto, um dos co-protagonistas dessa história. Com o tempo mudei de opinião e acho que seria sim legal vê-lo perdoando o pai, mas quando ele vai estar pronto para isso que é a pergunta de 1 milhão de dólares.

Vamos ignorar o trabalho na agência de heróis? Sobre ele só tenho duas coisas a comentar. Primeiro, é bem provável que no próximo episódio eles consigam agir antes do Endeavor e assim o roteiro mate dois coelhos com uma cajadada só (finalizem o arco narrativo da família Todoroki e do estágio dos heróis). Segundo, ver o Endeavor em ação é importante para sabermos para que ele abriu mão de ter uma relação familiar saudável.

Não que não pudesse conciliá-la com sua profissão, mas é fato que abriu mão da família em detrimento dela, e tudo para que, para ser um herói incrível, mas não o melhor? Além disso, mesmo que ele se tornasse um novo símbolo da paz, o custo valeria? Ele estar tentando recuperar o tempo perdido e se desculpar pelas merdas que fez nos demonstra que não, que ele se arrepende, que ele não quer mais repetir os erros do passado.

Esses arrependimentos se unem as dúvidas do herói e constroem um personagem interessante, frágil e sensível, tudo que o Endeavor não aparentava ser nas primeiras temporadas. Isso não quer dizer que passo pano para as coisas horríveis que ele fez, só que também não o demonizo por completo. Por exemplo, ele era um marido extremamente rude, mas dá para chamá-lo de agressor? O que dá é para chamá-lo de pai abusivo.

Só que focando na relação com a esposa, ele a pressionou tanto com o treinamento do Shoto que a mulher pirou e acabou jogando água quente no rosto do filho, um ato que poderia ser usado para limpar um pouco a barra do pai, mas, felizmente, não foi isso que a direção do anime tentou fazer aqui. Inclusive, esse trecho é mais detalhado no mangá, o anime omitiu essa parte para não dar margem a desonestidade intelectual.

Porque a gente sabe que ela não fez por mal, tanto que não conseguiu se perdoar e por isso não procurava o filho. No fim, a mãe também foi vítima de uma relação familiar tóxica. Inclusive, esse episódio deixou bem nítido como tanto ela como a filha não apagaram tudo que de ruim aconteceu, o caso é mais delas estarem tentando superar, perdoar e lidar com o Endeavor (o marido e herói incapaz de salvar aos seus) de uma forma mais amistosa.

Não sei se as mulheres necessariamente perdoam mais fácil ou mais rápido, acho que nem dá para afirmar isso, a única certeza que tenho é de que sim, a criação e até mesmo a natureza da mulher torna mais crível a maneira como mãe e filha tentam ajudar o pai a virar alguém melhor, diferente dos filhos, esses mais ríspidos e relutantes, mas claramente dispostos a dar uma chance, ainda que com mais medo de se decepcionarem.

Além disso, tem o Toya, o filho mais velho que morreu. Praticamente nada foi falado sobre ele até agora, mas ele não existe e nem apareceu agora a troco de nada, né? Além disso, não vou comentar para não dar um spoiler, mas tem algo um tanto na cara sobre esse assunto que ainda deve vir à tona. Você já deve imaginar o que é… Pode confiar que o próximo episódio não vai fechar todo o arco da família Todoroki, no máximo concluir um estágio dele.

Voltando ao episódio, mas exatamente a sua segunda parte, o jantar proposta pelo Fuyumi foi bem interessante por vários aspectos. Primeiro, achei hilário o Bakugou tentando se conter (não tinha como ele ser estúpido de graça com a Fuyumi). Segundo, estava na cara que o jantar seria um prato cheio para o climão e foi exatamente isso que rolou. Terceiro, o jantar foi muito proveitoso a fim de ajudar o Shoto a perceber como se sentia.

Quando o Natsu serviu sua torta de climão esse tipo de situação abriu caminho para o diálogo entre os irmãos e os convidados ouvirem atrás da porta, promovendo uma intromissão muito bem-vinda, sem papas na língua. Antes disso, foi bacana saber que a Fuyumi também se sentia como eles, a diferença restava em sua forma de agir, em sua capacidade de dar uma segunda chance ao pai, algo que os irmãos tinham dificuldade em admitir.

Porque, como o Deku leu muito bem a situação, só de estar ali, de se dispor a compartilhar desses momentos em família, tanto ele com o irmão (acredito que a fala do Deku também serve para o Natsu) estavam se abrindo para dar essa segunda chance ao pai. A questão é as pessoas terem experiências distintas diante de um mesmo problema, além de tempos diferentes para processar as coisas, curar as feridas e chegar em outro ponto.

Por fim, não há resposta certa sobre quando alguém está pronto para perdoar, mas precisamos entender que isso é um processo e que mesmo com toda a rispidez do Natsu, é fato que ele também está tentando. É que cada filho, até mesmo a esposa, sofreu de forma diferente nas mãos do pai e, portanto, reage de forma diferente, mas há ali um laço sendo reconectado entre eles e devemos ter uma prova mais pungente disso logo mais.

Até a próxima!

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