A presença do mal agouro se desvela, e a pergunta que se faz, é qual o tamanho do desastre que desmorona sobre os combatentes? A resposta, por feliz que seja, segue as palavras da desconfiança, quem poderia imaginar que o salvador fosse exatamente aquele de menor prestígio, e até mesmo repulsa, dentre os generais de Chin.

 

 

Protagonismo que o valha, é muito satisfatório presenciar o protagonista mais apagado que vela em nevasca, e isso é positivo, ainda mais em uma história multifacetada onde o poder de um general, por mais que seja central e demasiado fantasioso, não pode fazer frente ao significado coletivo de exército.

Kingdom balanceia bem a distribuição de forças e responsabilidade, os papéis que delimitam, mas permitem, com que cada figura tenha o seu momento de luz, um destaque merecido que se tece no desdobramento dos conflitos.

 

 

No episódio da vez, que fecha o arco do dia D, da ofensiva massiva da coalizão que, apesar do poderio militar e quantitativo superior, se vê contra a parede e sem opções outras que não admitir a derrota, recuar e se reestruturar para o próximo passo futuro.

A general feminina, ardilosa, vai direto na jugular do combate, envia sua elite pela surdina para adentrar o flanco desprotegido da geografia local, invade com pomba e arabesco sem nem piscar sobre as forças defensivas internas da muralha.

Acho um pouco surreal tamanho êxito na manobra, mas é interessante exatamente por isso. As forças de ataque controlam o caos nas paredes internas e começam a remover os entulhos que selam os portões da vitória. É uma corrida contra o tempo, mas uma conquista inevitável.

 

 

Por outro lado, e o X da questão, é que por mais que seu plano seja eficaz, astuto e cirúrgico, ainda assim não é infalível. Apenas um igual para entender o que um irmão de jogos pensa, e para todo par, há um ímpar.

O general de Chin, o mascarado e imprevisível escudo das montanhas, adianta não um passo, mais dois ou três, e a sua contra ofensiva é fatal. Em número maior e organizando a desordem causada pelos invasores, anula completamente qualquer respiro de esperança que esses poderiam ter em abrir o portão da muralha. É uma reviravolta meticulosa e inesperada. Quem diria que um qualificado traidor seria o ponto de sustentação da sobrevivência do reino.

Ao general da coalizão, assim como a general feminina, cabe apenas aceitar a realidade e recuar, não há o que possam fazer para vencer, pelo menos não sob essas circunstâncias. E oferecer ao vencedor sua merecida conquista é uma regra para além de qualquer orgulho.

 

 

No tabuleiro do conflito, no entanto, ainda não se encaminha o resultado definitivo. Somos apresentados para a abertura do próximo ato, onde Li Boku, assim como Ten e Xin instintivamente percebem, deve agir, deve pôr em ação o seu verdadeiro potencial de ameaça.

Por outro lado, as cortes nobres, seja dos rechaçados, seja dos vitoriosos, meditam sobre os terrores, as consequências e as possibilidades que o futuro apresenta. A calmaria se instala para pavimentar o caminho para a próxima tempestade.

Nós vemos em breve no próximo quebra cabeça dos jogos de guerra em Kingdom, onde por vezes cabeças reais são quebradas.

 

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