Infelizmente, não temos um artigo específico voltado para a data de hoje (o Dia dos Pais do ano de 2021), mas que tal um artigo de primeiras impressões de um anime da próxima temporada (a de outono) que aborda justamente a relação entre um pai e sua filha? Feliz Dia dos Pais!

 

Sakugan é um anime do estúdio Satelight (SukaSuka, The 8th Son? Are You Kidding Me?, Log Horizon) e a primeira estreia da temporada de outono de 2021 (bastante adiantada porque saiu na Crunchyroll Expo). A sinopse (extraída do site do streaming) é a seguinte:

 

“No futuro distante, a humanidade vive em Colônias abarrotadas, divididas por rochedos. Fora das Colônias, há uma vasta área inabitada e perigosa, conhecida como O Labirinto. Aqueles que se aventuram em explorar o Labirinto e mapear a região são conhecidos como Marcadores. Memempu é uma jovem que quer ser uma Marcadora, e Gagumber é um homem que abandonou a profissão. Esta dupla improvável de pai e filha vão se aventurar pelos perigos do Labirinto! ‘Se não há um caminho, cave um!'”

 

Acho que a primeira característica notável desse anime é a dinâmica de pai e filha que corrobora com aquela máxima do “quanto mais briga, mais próximo se é da pessoa”. pois Memempu vive em pé de guerra com seu pai, Gagumber, que pode até não ser um adulto tão responsável assim, mas com certeza não está errado em querer evitar que a filha se tornar uma Marker e saia por aí em um mundo habitado por monstros.

Isso mesmo levando em consideração que a fofa e perspicaz Memempur é uma criança gênio, afinal, há mais de um tipo de inteligência e não tem como esperar muita inteligência emocional de uma garota tão jovem. O pai querer proteger a filha é normal, assim como é normal a pré-adolescência precoce (que desemboca em rebeldia) dela. Aliás, será que a mãe da garota não é a tal aventureira que já mapeou tudo, Urorop?

Sim, eu sei que o pai não deu nenhuma pista disso ao ouvir falar desse nome, mas deve ser um codinome, não? Além disso, estaria errado em especular que por isso a heroína sonha com o lugar da foto que ela recebeu dessa Urorop? Além disso, a mãe não foi embora e deixou o pai, conformado com a vida nas colônia, com a filha? Para isso ter acontecido o motivo deve ser “bom”, que tal se for a aventura de uma vida toda?

Então a mãe da Memempur é uma espécie de Ging Freecss? Não me espantarei se for isso mesmo. Em todo caso, há coisas mais relevantes a comentar do que especular agora, como o CG mais ou menos do estúdio Satelight ou o plot twist final. O primeiro não agregou ao anime, menos mal que também não me incomodou tanto quanto poderia. Quanto ao plot twist, só tenho coisas boas a falar dele, mas antes…

Uma das coisas que eu mais gostei desse anime é como ele consegue ser divertido, mas esconder nas situações cômicas detalhes que compõem, ou ao menos compuseram nessa estreia, um drama interessante. A ideia de um pai que se preocupa com sua filha e não quer vê-la partir, não quer vê-la se desligar dele e se arriscar no imprevisível mundo exterior, cativa muito fácil e expõe naturalmente as fragilidades dos personagens.

Isso é muito importante para fazer com que o público se sensibilize com eles, entenda o lado de ambos e anseie por um desfecho que não deixe a garota sem a aventura que tanto almeja, mas também não faça um pai se separar de sua filha de 9 anos (por mais genial que ela possa ser). É claro que a roupagem da história (tanto em design, quanto em roteiro) contribuiu demais para que eu comprasse a ideia sendo vendida.

Sakugan me lembra muito Deca-Dence, o anime original do estúdio Nut que foi um dos meus favoritos de 2020, apesar da relação de pai e filha ser diferente do que era lá. Aqui o pai está vivo e a filha vive com ele, compartilhando das coisas boas e ruins que uma relação entre pai e filha tem, a qual, aliás, a gente pode facilmente comparar com a dos amigos dos dois, que, inclusive, foram muito bem utilizados no final.

Eu sei, parece um pouco frio quando escrevo desse jeito, mas pensa aqui comigo, perdendo essas duas pessoas próximas eles acabaram tendo ainda menos o que os prendesse a cidade (como se o fato dela estar sendo atacada já não fosse motivação suficiente para cair fora), além disso, foi uma experiência traumatizante, mas até necessária, para a heroína, para que entendesse o quão perigoso é o buraco em que vai se meter.

Não à toa a cena que mais me impactou foi a dela relutando em fugir mesmo depois das duas mortes que havia presenciado. Foi uma cena impactante que agregou a construção da personagem bem mais do que ocorreria se os secundários seguissem vivos. Por exemplo, sem esse ponto de referência, e sem o suporte que ofereciam, enquanto Markers, a aventura de pai e filha se torna ainda mais imprevisível.

E o quanto mais imprevisível Sakugan for, mais terá o sabor da aventura. Não sei se prestei a devida atenção nos monstros, mas nem um CG preocupante me faria não adorar demais essa estreia, que foi leve e cômica quando podia ser, mas violenta e abrupta quando a urgência pedia. Tudo isso para nos entregar uma aventura de família, de um pai amoroso e uma filha prodígio, os dois em posse de um mapa para um tesouro de valor inestimável.

Até a próxima!

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