Depois de muito apoiar o seu grupo de heróis como um guia, Red os deixa para viver a margem da vida agitada de seus companheiros, sem pressões ou a preocupação de ser um fardo para os demais. Dito isto, o que esperar de uma aventura sobre um cara pacato vivendo numa cidade praticamente isolada e com um trabalho tranquilo?

Shin no Nakama ja Nai to Yuusha no Party wo Oidasareta node, Henkyou de Slow Life suru Koto ni Shimashita – o outro nome traduzido é igualmente grande então pulemos isso – é uma adaptação da novel de mesmo nome, cuja produção está a cargo do Studio Flad (Dame x Prince Anime Caravan) em colaboração com o Wolfsbane (Peter Grill to Kenja no Jikan), dois novatos na área.

A história tem um clima de slice of life bem agradável, e narra exatamente o que descrevemos, o recomeço de uma pessoa que se viu na condição de não ser mais necessário e por fim decidiu seguir um caminho mais leve onde poderia aproveitar melhor sua vida, já que teve essa opção.

Flávio: O Red não saiu por vontade própria, mas o convidaram a se retirar do grupo por supostamente ser um peso morto. Gostei de como o protagonista não parece guardar mágoas dos antigos companheiros, além de ter consciência que não pode ajuda-los com grandes habilidades mágicas e/ou físicas. Mas isso não significa que ele não seja útil.

JG: O protagonista foi colocado numa situação difícil, porque o Ares sabia que os demais não cobrariam dele, especialmente sua irmã, então acho que foi até covardia da parte dele apelar para a consciência do colega. Imagino que ele tenha seus motivos ocultos para querer afastar o Red, mas vamos ver o que o anime nos responde a esse respeito.

Assim como você, também achei bacana essa serenidade, já que ultimamente tem sido comuns as adaptações onde a sede de vingança e a raiva predominam, para depois o perdedor se tornar um grande vencedor. Aqui o Red nunca foi o grande herói e isso não lhe incomodava, afinal a sua dádiva era a de “Guia”, portanto ele tinha clara noção dos seus limites.

Ao longo dos pensamentos dele, a impressão que ficou é que ele estava mais focado na irmã e no fato de deixá-la “sozinha”, afinal ele é a única família dela, o resto não tem importância. O que digo tanto é real, que ele não tem dificuldades pra se refazer, na verdade ele passa a viver como sempre quis e não podia pelas responsabilidades que carregava com seu grupo.

Flávio: Fiquei com a impressão que o Red se mudou para um lugar tão isolado para fugir dos problemas.

JG: Eu acho que foi um misto de coisas, pois ele queria se manter longe das vinculações com os heróis para não ser localizado facilmente, mas também em um lugar onde ele pudesse desfrutar de fato da tranquilidade que queria. Como nós vimos no episódio, Zoltan é praticamente um ermo, uma cidade muito pequena, simples e de poucos recursos, onde praticamente nem tem aventureiros ou mesmo ladrões.

Tenho minhas dúvidas se ele vai conseguir manter essa paz, porque a Rit acabou chegando e imagino que ela movimente sim a vida dela, além disso para quem notou, ele construiu uma sólida reputação com os moradores locais, ganhando sua simpatia pela bondade e as ajudas que sempre forneceu.

Com esse espírito heroico intacto, acho difícil ele se manter a margem de problemas e a emergência do garotinho doente deixou isso claro.

Flávio: Quero ver como ele vai lidar com o passado que tende a voltar para ele.

JG: Até onde pude ver, ele demonstra maturidade para processar com calma as coisas, então imagino que não seja difícil contornar os eventuais reencontros e sustos. Penso que a grande questão é a reação dos que foram deixados para trás com o novo estilo de vida dele, em meio a guerra com o rei demônio.

No mais, preciso dizer que gostei bastante da vibe calma do anime, pois me lembrou bastante The Saint’s Magic Power is Omnipotent. Na verdade as obras tem suas distinções claras, mas a essência das duas é similar, até mesmo o apelo que os dois protagonistas tem nas cidades onde residem.

Por sinal, achei muito bonita a cena em que o Gonz vai atrás do Red para lhe agradecer, porque durante todo o momento fica claro que aquele não é um mero gesto para um vizinho que quebrou um galho, mas ele queria mostrar sua gratidão a um amigo, uma pessoa que é querida no meio deles – daí mais um motivo pelo qual ele pode desfrutar tão bem da sua nova vida.

Flávio: O Gonz sendo cobrado pelo Red foi engraçado. Ele queria retribuir mas estava com medo do amigo lhe cobrar muito caro.

JG: No geral eu posso dizer que gosto do Red, acho que ele é um protagonista tranquilo, maduro, mas que também não é tonto, o fato de ele cobrar o Gonz mostra isso. Ele poderia fazer a linha do protagonista imaculado, mas aparentemente sua bondade não o torna exagerado nesse sentido, ele é realista e sabia que para por seu sonho nos trilhos, precisaria de recursos.

Estou ansioso pelo encontro dele com a Rit, até para ver mais da personalidade dela, pois ela deu sinais de que o conhece muito bem – quem sabe até da época em que ele era o guia Gideon -, graças ao diálogo com a menina da guilda que pode até não estar bem informada, mas tem um ótimo faro, porque o rapaz realmente não é uma pessoa qualquer.

Flávio: Mesmo tendo um semblante mais sério, o Red é querido por todo mundo independente da faixa etária. Da criança ao idoso, todos tem alguma coisa positiva a falar desse misterioso e pacato ex-aventureiro.

JG: Acho que Shin no Nakama é uma estreia com bastante potencial, mesmo sua história induzindo a calmaria. Ao menos eu comprei o protagonista e sua jornada de paz, então acredito que se gostei do que a Sei me apresentou na temporada retrasada, vou simpatizar com o que o Red fará aqui.

Flávio: O clima de calmaria com um toque de ação/aventura me conquistou. O pouco que foi mostrado a respeito do protagonista me faz querer saber mais. A Rit mal chegou e já tenho simpatia pela garota, que deve formar uma boa dupla com o Red.

JG: Tecnicamente eu acho que tudo está ok dentro do possível, mas preciso dizer que ainda fico receoso com o que pode acontecer, pois os estúdios são novos e o Wolfsbane em especial não entregou nada bom até agora. O Studio Flad me inspira mais confiança graças ao trabalho anterior bem feito – e o único. Como é uma narrativa sem grandes ações, acredito que consigam entregar algo decente, mas aguardemos para ver porque até aqui deu para passar tranquilo.

De resto temos personagens carismáticos numa história leve, mas que esconde alguns mistérios em torno do passado dos protagonistas e os heróis que fazem parte dele – especialmente a heroína e irmã, Ruti. Nada não o anime merece a regra dos três episódios para ver se captura a outros, como capturou a nós dois nesse começo.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

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