Esse episodio com certeza não foi tão bom quanto uma música do Seu Jorge, mas talvez tenha sido o melhor do anime até então, mesmo com a insistência chata em falar felicidade para todo lado, igualzinho ao kazoku (família) em Owari no Seraph, que bagulho irritante… Enfim, vamos nessa!

Justo quando falei mal da Saki, no episódio seguinte ela melhora, agora pareço comentarista de futebol que corneta e logo depois toma a resposta. Saki tinha uma questão pertinente que a “impedia” de ser mais que uma porta e acho que ela foi razoavelmente encaminhada.

Por mais que não tenha sido aprofundada, a questão do bullying, de sua recorrência e da omissão perante ele acabaram pintando a personagem como uma garota gentil, mas fraca, afinal, ela não teve personalidade para se impor mesmo se culpando tanto por não tê-lo feito.

E sim, se matar por isso parece demais, mas não quando você vê o alvo das suas desculpas se jogando de um prédio, e sabendo que em boa parte isso se deve aos maus-tratos que ele sofria e com os quais ela compactuou. A Saki se achava uma pessoa horrível, e foi mesmo.

E não é que ela tinha um motivo bobo para achar que não merecia o amor do Mirai? Sua motivação era pertinente, ainda mais após lançar a flecha vermelha nele, se associar a ele para sobreviver na disputa pelo cargo de deus e se sentir culpado pelo amor que ele lhe dedicava.

Misturando todos esses ingredientes, que foram empurrados com a barriga por meses, fica fácil entender suas ações e até suas mentiras. A Saki se afundou em desespero ao ver o Mirai arriscando a própria vida por ela também, tudo isso sem se achar merecedora desse amor.

Infelizmente, nem tudo são flores e o flashback deles crianças é irritante de dar uma dor pelo tanto de vezes que a palavra felicidade se repete, de tantas associações lógicas feitas. Quando a coisa é muito evidente não fica parecendo que o roteiro acha que o público é incapaz de entender através da sutileza?

Pelo menos foi esse o trecho de maior descontentamento no episódio, pois todo o resto correu razoavelmente bem, principalmente os trechos do Mukaido, que, ainda que eu não ache lá muito saudável a confecção do vestido de noiva para a filha, entendo o sentimento de um pai no limite.

Mukaido vai morrer, não vai ver a filha crescer, fazer 15 anos, se casar, virar adulta; e essa ansiedade o faz se adiantar em pequenos detalhes, até porque, por mais que as coisas pareçam melhores, ele é paciente terminal e está jogando um jogo perigoso. Ele vai morrer, não tem jeito.

Felizmente, enquanto isso vemos o personagem dar uma boa colorida na trama, seja com kabedon cômico ou cena triste com a filha. O Mukaido é de longe o melhor e meu personagem favorito do anime, apesar de que devo dar o braço a torcer, até o Mirai foi bem dessa vez.

Era óbvio que ele não sentia raiva da Saki, afinal, ele a ama, mas “testar” sua vontade de viver foi bem melhor que perdoá-la de prontidão, pois assim ele mostrou a ela o que ela realmente queria e como deveria deixar de ser covarde e passar a lutar por isso, o que ela passa a fazer.

Nisso vimos uma Saki fazendo algo que preste, buscando compensar suas fraquezas, usando a cabeça, mas também demonstrando um vigor que a gente ainda não tinha visto. Agora temos uma Saki que não é uma porta e um novo candidato que parece um usuário de Stand de JoJo.

Isso significa que o anime vai melhorar? Não necessariamente, mas pelo menos agora temos personagens potencialmente interessantes, um conflito em que ambas as partes se aproximam cada vez mais uma da outra e objetivos relevantes dentro de um maior.

Por fim, sabia que amarelo também é a cor da covardia? A gente não fala que a pessoa amarela se ela desiste das coisas? Só espero que o Mirai não queira dar uma de Saki e amarele quando chegar a hora H. E nem digo que ele precisa matar o Metropoliman não, basta ter coragem.

Até a próxima!

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