Os últimos episódios têm focado bastante na figura do Moriarty, mas aqui acompanhamos um núcleo narrativo diferente. E se rever o Sherlock Holmes já é bom o bastante então melhor ainda é vê-lo resolver um mistério tão interessante e peculiar como o desse episódio.

Aqui nós tivemos um episódio inteiro sobre mistério. Ainda que o anime se baseie em uma obra de mistério ele mesmo nunca o foi. Claro, isso não impede que o anime tenha mistério e foque em mistério quando julgar necessário.

Porém, sair de seu núcleo narrativo para contar uma história paralela sobre mistério não é algo narrativamente coerente. Não digo se ao menos a temática do episódio fosse relacionável ao anime, como por exemplo se fosse sobre a nobreza, a revolução ou sobre conflitos de classes sociais. O que não foi o caso.

No final das contas todo esse episódio foi apenas uma história de mistério. E nem como mistério foi tão interessante. Ainda que eu tenha gostado do mistério, e calma, eu explico. Mas antes de explicar lembro-vos que na realidade esse episódio não foi desconexo da trama geral. Isso foi uma das coisas que me agradaram nos minutos finais, pois satisfeito eu já estava por outros motivos.

Uma das coisas que já me fez gostar desse episódio logo de cara foi ao perceber sobre qual mistério o episódio trataria. Pois o anime fez logo a escolha de O Signo dos Quatro, um romance interessantíssimo, em especial pelos seus vários elementos peculiares.

De fato, ele é uma das histórias mais extraordinárias do detetive londrino. Mas o que me chamou a atenção foi o fato de ser um romance. Isso pois temos apenas quatro ao todo, enquanto há dezenas de contos. Por curiosidade; um deles já foi adaptado anteriormente, um outro aqui, e ainda faltam dois.

Isso já chamou minha atenção logo de cara. E tão logo me entusiasmei também suspeitei de que o anime apressaria a apresentação e resolução dessa história. E de fato foi o que aconteceu, o anime deu apenas um episódio para o mistério. Um conto adaptado em um único episódio é aceitável, agora um romance é absurdo.

Contudo, eu gostei bastante do que vi. O anime acrescentou o que julgou necessário, cortou tudo o que era desnecessário e ainda soube deixar o essencial em seu devido lugar. As informações eram muitas, porém a narrativa e seu ritmo estavam na medida certa, nem lento e nem rápido demais.

Havia dito que não era interessante como mistério, mas isso é diferente de dizer que o mistério não foi interessante. A graça de um mistério está em várias coisas: nas pistas, nas suspeitas, nas teorias, nas possibilidades, no absurdo, etc.

Destaco o absurdo, pois isso é uma das coisas que tornam esse romance tão icônico. Mas o ponto é, como mistério esse episódio erra por não focar nesses pontos da maneira correta. Porém, eu destaco que esse “problema” não é um problema.

Primeiro porque o mistério ainda é interessante ainda que não pelo mistério em si. O episódio consegue apresentar e construir um mistério interessante ainda que não consiga trabalha-lo enquanto mistério. E nem mesmo tempo teria para fazê-lo, ainda que quisesse.

Mas além disso temos eu lembrar que o anime não é sobre mistério, e isso é algo para ser dito e repetido. E não digo isso para critica-lo, mas justamente para mostrar como esse “problema” não existe na prática.

Para concluir, gostei bastante da Mary e de seu visual. E também que o anime soube relacionar a personagem com o Milverton. Estamos chegando próximos ao final do anime e já temos o nosso vilão principal cercado por todos os lados. Seus inimigos não pessoas especiais, mas ele também não é um qualquer. Seja como for, o anime tem tudo para fazer um excelente final de temporada. Até mais.