A jornada de 100 anos do Projeto Singularidade chega ao seu fim, mas não sem entregar a protagonista que deu vida a essa bela história, uma conclusão digna do seu esforço e da sua crença em um mundo melhor. É hora de abrir as cortinas para o último ato daquela que veio para trazer alegria através da sua música.

Se algo precisa ser destacado por nós, é que o final foi realmente uma surpresa, no sentido de que ao longo dessa aventura, tudo apontava para um final apoteótico e dramático que traria uma vitória por meio de outra “tragédia”, seguindo a base que o anime construiu desde o começo – e não foi.

Assim como era de se esperar, os eventos do episódio anterior trouxeram a Vivy a força que ela precisava para despertar a vontade e o poder do seu canto, reforçando tudo o que ela viveu e as coisas em que passou a acreditar, conforme conheceu outras pessoas – ferramenta essa que também lhe possibilitou compor a sua miraculosa canção.

Mas assim como as suas questões internas eram complicadas, a sua missão também era e infelizmente o sacrifício do Osamu foi um mal necessário para que a Diva alcançasse êxito junto a seu parceiro, a Yui e seu grupo – que com a antecipação, conseguiu se preparar melhor e prover um bom suporte.

Nessa mesma menção, vale apontar a importância que o Navi teve nessa etapa decisiva, pois embora Matsumoto tenha dominado a tela e o posto de dupla da protagonista, a outra IA continuava sendo parte da história dela. Na verdade numa análise mais calma, dá para dizer que cada um pertence a uma face da moça.

O primeiro era a AI que acompanhou a Diva, responsável por cantar e trazer felicidade ao mundo. Já o Matsumoto era aquele que se uniu a Vivy, uma salvadora cuja missão era dar fim a uma guerra pela extinção humana, ambos estavam protegendo e apoiando suas respectivas companheiras naquilo que tinham por certo em seus dados.

Navi tentou ao seu modo poupar a sua parceira, porque não entendia a extensão do que ela buscava, da sua missão como um todo e a sua evolução pessoal, englobando o que desenvolveu e criou ao longo do tempo. Ainda assim foi importante ver que da mesma forma como entrou em concórdia com o Matsumoto, ela também tentou se acertar com o outro, que na maior parte do tempo foi deixado de lado nas mudanças que aconteceram.

Em meio ao que parecia difícil e trágico demais, é interessante como os autores decidiram traçar o caminho, de forma que esse momento final carregasse mais do que uma árdua batalha pela sobrevivência, mas sim um grito de esperança.

Enquanto seguia para o seu destino, o passado solidifica o desejo da protagonista de confiar mais uma vez no que a humanidade e as máquinas podem criar juntas e aqui é que entendemos que talvez a intenção aqui tenha sido brindar a moça – e a nós – não lhe trazendo mais sofrimento e sim uma libertação.

Conforme cantava, a sua vida e memórias iam se esvaindo, dando fim ao ideal equivocado do Arquivo, com uma música que para nós exalou uma beleza que remetia a gratidão e recomeço. Uma música mais dramática e emotiva fosse melhor? É, quem sabe, mas aos nossos olhos essa canção representa exatamente o quão “feliz” foi esse processo de 100 anos, mesmo diante de todos os revezes.

Talvez seja um equívoco nosso, mas a impressão que temos é que queriam traduzir o sacrifício feito naquele instante como algo sublime, um ato de amor, que traz esperança, renovo e alegria, afinal essa era uma nova oportunidade para a humanidade e as IAs.

Um outro som poderia tirar essa essência, reforçando a dor de uma jornada que foi exatamente isso, dolorosa. A Vivy sofreu durante 100 anos, essa canção era a sua recompensa.

Se lembrarmos também, mesmo com todo o sofrimento que passou, enquanto estava compondo, ela trazia em cada simples nota e letra, a alegria de ter encontrado todas aquelas pessoas em seu caminho.

A IA tem a gratidão de ter aprendido um pouco com cada um – o que lhe permitiu evoluir -, traduzindo isso na sua composição e interpretação. “Cantar com o coração” para ela é cantar sobre essas experiências vividas e a delicadeza traduzida aqui nos deu uma satisfação única.

Algo que comentamos que nos deixaria ainda mais contentes, seria a Yui como uma narradora do epílogo – contando como a humanidade se reergueu, como a harmonia foi alcançada -, ao invés do instrumental, pois daria ainda mais impacto a essa conclusão.

A garota não só foi uma importante aliada nessa luta, como era alguém que partilhava dos mesmo ideais da Diva, que a compreendia, nada mais digno que tê-la como uma porta voz dessa nova era.

E contrariando as expectativas a Vivy ganhou uma nova chance de viver – ainda que sem as suas preciosas memórias e boa parte do seu cabelo -, despertando num tempo futuro para rever seu amigo Matsumoto, que por sinal também foi um grande MVP do dia e um parceiro incondicional, que deu a sua companheira o suporte que precisou e provavelmente agora seguirá em paz ao lado dela, cantando por um longo tempo.

Ao fim, por mais que nesse futuro ela não seja a mesma Vivy heróica, que sequer tem dimensão de quem foi e a importância que possui, a cantora ficará marcada pra sempre na memória daqueles que um dia foram salvos pela sua voz, incluindo a nós que nos despedimos dessa fantástica personagem, satisfeitos em ter apostado na sua história.

 

Agradecemos a quem leu e nos vemos na resenha final!

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