Nesse episódio descobrimos que o Fushi envelheceu porque parou de se transformar e que viver como humano entre humanos pode ter cerceado seus estímulos, mas também o deu coisas importantes. O Fushi de antes jamais seria capaz de entender seus arredores como o de quatro anos a frente, mas claro, nem tudo é perfeito, afinal, algumas coisas ainda passam e ele sequer mudou a roupa. É o Ash agora?

Aliás, não só ele, mesmo a Rean, aniversariante e noiva, usa o mesmo tipo de vestido há anos. Não deve ser o mesmo por falta de tecido para cobrir o corpo, mas sério, não foi só isso que me incomodou de detalhe nesse episódio. O resto comento mais a frente. Felizmente, houveram mais coisas boas, como a conversa da Rean com o Fushi que praticamente escancarou o interesse da garota pelo Gugu e a volta do irmão deste.

A princípio ela se interessava pelo Fushi por sua aparência, mas depois de tudo que passou com o Gugu e da declaração dele realmente seria difícil não passar a prestar um pouco mais de atenção no rapaz. Rean também amadureceu com os quatro anos que se passaram, se tornando uma moça mais realista e, por tabela, menos apegada as aparências, capaz de se interessar verdadeiramente por alguém cujo rosto sequer vê.

Em meio a evidente urgência em ser salva de seu destino triste, Rean vê o irmão de Gugu voltando e com ele a resposta precisa do rapaz, agora um jovem musculoso e mais hábil do que nunca, alguém confiável que fortaleceu seus laços afetivos com os integrantes de sua distinta família. Gugu reconhece a falta do irmão com ele e demonstra raiva, mas não parece alimentar mágoas, tudo que ele diz é sobre seguir em frente.

Pois está feliz com as pessoas que tem em sua vida agora e não quer que o irmão se envolva de novo, afinal, foi por consequência da partida dele que o Gugu acabou desolado e se envolveu no incidente da tora de madeira, o qual o privou de uma vida “normal” como a das outras pessoas, mas também o deu a oportunidade de viver uma vida diferente, especial a sua maneira. Seu infortúnio se tornou sua sorte.

Mas não por causa do irmão, e todos devemos entender claramente isso. O mal que ele fez gerou um mal pior ao seu irmão, esse azar ter se tornado algo bom é mérito do Gugu e das pessoas ao redor dele que o acolheram e o deram um lar. Um lar peculiar, é verdade, mas um lar mesmo assim. Em meio a isso há um anel do passado que abre caminho a um desenrolar que precisava mesmo ser dinamizado.

A cena da Rean dando todas as pistas possíveis e imagináveis de que queria ser paquerada pelo Gugu foi muito fofa e uma resposta muito bacana ao desenvolvimento da personagem que citei mais acima. A Rean do passado desprezou a joia por sua cor e deu um presente caro a um desconhecido devido a um favor relativamente simples, mas que tinha uma certa razão por trás, era para ajudá-la a se livrar da peça também.

No fim, mesmo ainda mais jovem e imatura, havia uma boa intenção em suas ações, além de podermos pensar na importância do cachorrinho para ela, para motivar o presente. Porém, se a Rean do passado era superficial em seus pensamentos e ações, a Rean de 16 anos tem consciência do que o Gugu é para ela, de como mesmo sem ver seu rosto isso não a impede de nutrir carinho por ele e até mais, querer ser desejada por ele.

Não pelo Fushi, não pelas aparências, mas pelo Gugu, por sua essência pura e gentil. Ela merecia uma visitinha em seu aniversário, né? E teve, a questão por trás dessa visita é como ela foi vendida, como um risco por envolver o Fushi devido a uma possível aparição dos Nokkers, coisa que se confirmou no final e não gostei. Por quê? Porque me parece um recurso narrativo conveniente demais para forçar tragédias na trama.

Entendo que ele veio sendo trabalhado esse arco todo, mas repito, ainda parece algo conveniente apenas para esse propósito, quando a vida real em si não tem mais força para destruir o que de bom foi solidificado. Eu apostava no irmão para isso, mas parece que não vai ser o caso, afinal, ele foi humilde na conversa que teve com o caçula e reconheceu seus erros. Além disso, o véio da pinga não ficou emotivo à toa, né?

Antes disso houve a manjada ceninha de preconceito ao qual o Gugu já está mais do que acostumado, mas que também reforçou o quanto a Rean fica à vontade com ele, o quanto ela o preza. O noivo aparece e eu não poderia ligar menos para ele porque aquela altura a gente já esperava que ela fosse ir atrás do Gugu para conversar e avançar de alguma forma com ele. Quem quer casar aos 16 com um desconhecido?

Quanto a cena final dos dois, a achei belíssima, mas tinha a impressão de que a Rean já havia percebido que ele fora seu salvador. Não era o caso, a história só bateu em detalhes nesse, mas talvez tenha sido até melhor assim, para encorpar esse momento de conexão entre os dois. A doçura com a qual o Gugu trata a questão, sem querer se aproveitar nenhum pouquinho por seu ato nobre, quase me fez chorar de tão bela.

Gugu se conformou com seu destino de pária da sociedade, de alguém que jamais poderia desposar uma filha de nobre como a Rean, mas a questão é que ele a conquistou sem necessariamente estar intencionando isso, sem se encaixar nos padrões que ela, sua família ou a sociedade ao seu redor poderiam querer. Por quê? Porque quando se conhece a essência, se ela “prestar”, é difícil desviar o olhar.

É claro, ela poderia ainda assim acabar não gostando dele, mas depois de tudo que passou, principalmente ao seu lado, com certeza não levaria mais tanto em conta a aparência em contrariedade a essência. A Rean mudou, o Gugu mudou. Infelizmente, o anime também mudou nesse arco e agora você acha mesmo que esses tais Nokkers vão deixar o Gugu sair vivo dessa? Fico pensando se esse sofrimento é mesmo necessário…

Obviamente, se meu medo se concretizar. Quais as chances de eu estar errado? Como último comentário, deixo claro que adorei o episódio, mas que ele me incomodou nos detalhes, como em roupas que não se trocam e uma cerimônia de aniversário pomposa que ao mesmo tempo deu a impressão de ser meio largada. A direção poderia ter ajeitado isso, se veio assim do mangá, pois não ficou tão natural, assim como não será natural ver o Gugu e a Rean não…

Até a próxima!

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