Just Because! – ep 4 – Só porque é lento, não quer dizer que não esteja a todo vapor!
E não é que o tão famoso clímax que costuma acontecer até o episódio 3 – olá Animegataris – “atrasou” um pouco e veio nesse. Com direito a alguns paralelos, mais melancolia contrastando com comédia leve e um desfecho amargo que o telespectador sabe que vai ficar doce alguma hora – ou torce para isso. É hora de “Só porque você sabe que os protagonistas vão ficar juntos no final não quer dizer que não deixa você angustiado ao ver as coisas dando errado agora”, aqui, no Anime21!
O episódio começa com o Haruto treinando para lidar com sua fobia peculiar – eu sou dog person apaixonado, por isso não engulo ela não kkk – e logo mostra o momento em que a Natsume começou a prestar atenção nele e daí surgiu o seu amor. Pode parecer bobo se encantar por alguém porque a pessoa te emprestou uma borracha, mas que amor nunca surgiu de uma forma bem boba e simples, né? Além de que, quem conhece um pouco da cultura japonesa sabe que, generalizando, eles dão muito valor a gentileza, então faz sentido isso mudar a forma como se vê uma pessoa lá.
Os momentos seguintes que intercalam a conversa entre o Haruto e a Natsume, o Eita e a Komiya são interessantes por reforçar o que já estava claro, as desculpas que a Natsume dá – desde exames ao garoto gostar de outra, etc – para não se confessar de vez; e para reforçar a formação do laço entre a Komiya e o Eita – afinal, conversar é o que faz as pessoas se tornarem mesmo amigas, né – e mostrar com todas as letras o que está escrito na cara dele, que ele gosta da ex-presidente.
Ambos servem mais para preparar o terreno para o momento tenso entre o Eita e a Natsume no final, mas também não deixam de incentivar o telespectador a se importar com a confissão do Haruto, seja torcendo contra ou a favor, pois ela se tornou algo necessário para que a história ande.
Só adiciono de comentário a essa parte como é bem retratada pelo anime a sensação de incômodo que é você gostar de alguém e ainda assim incentivar a pessoa a tentar algo com outra da qual ela realmente gosta. Já passei por isso e digo por experiência própria que é horrível, e entendo o que a personagem está tentando fazer, só acho que é o tipo de coisa que realmente explode uma hora e é pior desse jeito, porque fica mais difícil manter sequer uma amizade com essa pessoa depois disso.
A segunda parte do episódio tem a primeira visita do ano ao Templo para eles – o famoso Hatsumode que aparece em diversos animes –, algo que poderia ser só mais um momento de amigos interagindo em uma situação comum, mas toma contornos mais interessantes ao entregar ao telespectador uma recompensa dramática bem construída.
Logo quando os protagonistas se encontram a irmã da Natsume vai junto e o Eita reconhece ela de cara, o que reforça a ideia de que ele era próximo da garota já que conhecia até a sua família – uma sutileza importante para o que ele fala no final do episódio –; depois tem os momentos da Komiya intercalados com uma parte cômica simples e que me faz pensar que, mesmo que inconscientemente, a Natsume pode estar já desenvolvendo um ciumezinho do seu amigo conselheiro/amigo na friendzone; e, por fim, a passagem que mostra que o Haruto foi com a sua crush para a visita ao Templo – e lá já foi dando indícios de que ia se confessar – e a Natsume e o Eita conversando e chegando a um atrito, mais uma vez cruzando os momentos de forma satisfatória.
Porque digo que o Eita conhecer a irmã dela era uma sutileza importante? Porque desde o segundo episódio tudo trabalhou para fazer a gente acreditar que no passado o Eita realmente foi um ombro amigo para a Natsume, como está sendo agora, e que ele dizer que aquilo com certeza envolvia ele e que ele se importava com ela só poderia fazer sentido se essa construção fosse bem-feita – como foi.
Aliás, o anime é repleto de sutilezas – principalmente nos olhares – que dizem muito do que o personagem sente até para os outros personagens do anime. É bom isso acontecer, principalmente entre o Eita e a Natsume, porque assim dá para acreditar mais fácil na força do que ele sente por ela sem necessariamente recorrer a flashbacks. É só uma pessoa claramente interessada na outra mesmo dizendo que não está – não são só fotos que valem mais que mil palavras, olhares também!
Por outro lado, e após despejar uma torrente de coisas boas sobre a garota, o Haruto finalmente se declara para a Horikawa e ela recusa, provocando o momento que foi para mim o melhor do anime até agora, a hora em que os dois – Eita e o “Eita, ele se declarou” – pedem desculpas e vão embora, deixando para trás um clima de desolação tanto para personagens quanto para telespectadores.
Vocês torciam para que ela aceitasse a confissão dele? Eu sim, mas o meu incômodo maior não foi nem com isso, mas com o fato dela não ter explicado o fora e só ter deixado o garoto ir. Sei que podem haver vários motivos para ela não ter aceito – achar que não vai ter tempo ou cabeça para isso, saber que a Natsume gosta dele e não querer se envolver, não estar afim dele, gostar de outra pessoa e só o anime ainda não ter deixado isso claro, etc –, mas ainda assim, por tudo o que veio sendo trabalhado até então me surpreendeu um pouco e foi triste. Se ela dissesse que queria um tempo para pensar, okay, mas ela não parecia o tipo de pessoa que diria não até por estar deixando ele se aproximar. Ou ela é muito lesada ou não se importa em machucar os sentimentos do cara. Eu já passei por uma situação igualzinha e juro que até hoje não sei se a garota só queria curtir o momento ao ter alguém “babando por ela” ou se ela realmente só via aquilo como uma amizade.
De toda forma, é fato que isso fecha bem o primeiro ato do anime – já se foi um terço da obra! –, tira os personagens de uma zona de conforto onde todos eram amiguinhos apesar de quase todo mundo ali ter uma paixão “velada” por alguém da mesma turma, e provoca algo clichê – tudo vai ter que primeiro dar errado para só depois dar certo –, mas que, contudo, não é ruim se for bem trabalhado daqui em diante. Desejo que o anime se aprofunde no drama, mas não exagere nele, enquanto mantém uma boa e leve pegada cômica em meio a situações realistas. Essa formula está dando certo, já que você pode até dizer que esse “final de começo” não foi super criativo ou super emocionante, mas foi bem consistente com tudo o que via sendo apresentado até então e fez o que todos esperavam do momento chave dessa parte – a confissão do Haruto –, fez a história andar!
Sem nada de exuberante nem de tão ruim na parte técnica que seja digno de nota – ao menos não vi nada assim gritante nem para o bem nem para o meu mal –, só gostaria de falar como a Komiya se mostrou uma personagem legal sem apelar de forma clichê para o estereótipo do personagem que enche o saco toda hora com a mesma coisa e não sabe ser uma pessoa normal, apesar de aficionada por algo. Por mais personagens assim em animes, que conseguem mostrar carisma sem forçar a barra, que vão “comendo pelas beiradas” e podem até ser mais prazerosas de acompanhar que os protagonistas – confesso que a acho mais legal que o Eita ou a Natsume, mas no geral acho todos esses personagens bens escritos e agradáveis de se ver na tela.
Realmente adorei esse episódio, mas não só por ter achado ele bem escrito e bem dirigido, mas muito porque já me envolvi emocionalmente com os personagens, já até aprendi o nome deles – eu vejo muito anime e tenho uma memória ruim então isso já serve de prova kkk –, o que é muito importante nesses animes, porque se você não comprar a ideia de que eles têm que ficar juntos, ter um momento em que tudo dá errado não vai te impressionar, né? Agora se você se envolveu vai sim ser impactado por esse episódio e desejar que as coisas deem certo a partir de agora – mesmo que seja previsível que darão, afinal, até a abertura entrega que alguma coisa deve dar certo no final.
Espero que estejam gostando do anime – que tenham gostado desse episódio – e peço que comentem caso queiram trocar uma ideia sobre alguma coisa, algo que eu tenha esquecido de falar ou que achem interessante comentar por aqui. Até o próximo “Só por que… etc etc etc e bye!