Citrus – ep 6 – Melhor que nada
A presença do pai da Mei no primeiro plano da história foi razoavelmente “boa” e ajudou a fechar o seu arco dramático, o problema é que ele “tapou o sol com a peneira”, pois até agora estou tentando entender o que a motivou a se tornar uma pessoa tão horrível. Precisava mesmo disso para herdar a casa Aihara? Precisava mesmo noivar com um professor espertalhão que entrou mudo e saiu calado? Precisava mesmo construir todo esse muro enorme a separando das pessoas? Precisava mesmo atacar a irmã e se deixar atacar pela amiga? Precisava mesmo não dar a mínima para os sentimentos dos outros e agir como se só os seus problemas importassem? Não, não precisava de tudo isso!
A autora criou uma personagem, Mei, cujos problemas pareciam tão profundos e perturbadores que praticamente resolver sua situação com uma conversa com o pai não faz sentido. Entendo que ela queria cuidar dos negócios da família no lugar dele, em um primeiro momento para ele assumi-los e depois decidindo ela mesma assumir a casa Aihara, a escola, etc, contudo, seu pai e seu avô não eram pessoas tão ruins – só dois grandes idiotas que não sabiam se comunicar devidamente com a garota – que a maltratavam – no máximo eram rígidos demais – nem nada do tipo. Então mesmo que ela tenha sim tido motivos para se fechar, ser linha dura e encarar o mundo de uma forma diferente, realmente era preciso que ela fosse tão desagradável assim? Era preciso que ela passasse por cima dos sentimentos dos outros porque ela foi machucada? E nem falo do fato de ela tentar tirar proveito da Yuzu, pois a amiga dela fez isso com ela – uma coisa que não ficou tão clara e precisava ser melhor explicada –, mas a gente não sabe quando ela começou a distorcer o que era uma relação com outra pessoa – porque por boa parte do tempo ela agiu com a Yuzu dessa forma “distorcida”. Duvido que o pai ou o avô tenham ensinado ela a ser assim e não ter mais a presença do pai – enquanto ele tentava contato – justifica ela ter se tornado tão escrota. Não, não justifica mesmo!
Confesso que já imaginava uma relação abusiva com o pai ou algo pior, pois se tudo poderia ser acertado com uma conversa, então por que foi criado todo esse drama que se arrastou por seis episódios? Ele até foi sendo “trabalhado” aos poucos, mas convenientemente esse pai aparece no final do quinto episódio para já resolver tudo no sexto e terminar esse grande arco dramático da Mei. Foi o mesmo com o avô dela, que parecia um velho horrível, mas teve aquele incidente conveniente, ele amoleceu e tudo quanto a ele foi resolvido num piscar de olhos. Com o pai também foi pelo mesmo caminho, já que ele apareceu e mostrou ser menos babaca do que aparentava e tudo se resolve, mas repito: esse cara não tinha telefone onde ele estava? Quer dizer que agora ser “tsundere” é explicação para deixar a filha desamparada sabendo que ela precisava do seu apoio? Engraçado que a esposa diz que ele é tsundere, mas em nenhum momento ele age como tal, então não tenho como engolir isso e nem se ele fosse, caramba, era a filha dele, trocar cartas que ela poderia nem abrir – e não abriu – não faz sentido! Não tiro a “culpa do cartório” desse pai por mais boa praça que ele possa ser, mas a grande culpada nessa história toda é a Mei, pois ela agia como a vítima injustiçada pela sociedade que não tinha outra forma de lidar com isso a não ser se tornando horrível, mas foi só o papai passar a mão na cabecinha dela que ela “magicamente” se tocou que ele tinha o direito de seguir em frente com o sonho dele – aliás, ajudar crianças carentes que precisam de educação ao redor do mundo parece algo bem bacana, mas ainda não justifica não dar a porcaria de uma ligação para a própria filha… – e que se fosse para ela cuidar da casa Aihara ela teria que fazer isso por si mesma, podendo sim se comportar feito “gente” e não daquela forma horrível. Portanto, não creio que o drama da Mei seja condizente com tudo pelo que ela passou. Não estou tentado mensurar nada aqui, mas faltou o anime dar a profundidade devida, faltou o anime fazer com que eu realmente me sensibilizasse com a personagem e “entendesse” toda essa sua escrotice!
Houve momentos bons nesse episódio, como a Mei mostrar fraqueza e se abrir com a Yuzu, assim como ela beijar a Yuzu e ter esse beijo retribuído – finalmente rolando o primeiro beijo consentido entre as duas –, e também todo o esforço da Yuzu para juntar a Mei com o seu pai. Tudo isso foi bem bacana e bonito, apesar da Mei ainda tentar atacar a Yuzu; outra coisa boa foi ela ter a afastado, mostrando que não queria ser abusada pela irmã. Se perceberam bem, todos esses bons momentos do episódio envolvem a Yuzu. Isoladamente, a Mei ainda não “funciona”, a Mei não é uma personagem interessante ou carismática, tanto que no final eu só queria que esse problema dela se resolvesse logo para que a Yuzu parasse de sofrer tanto pela pessoa que ela ama, pois essa sim, essa personagem vale a pena acompanhar e torcer por sua felicidade. A Mei a gente engole pela Yuzu, né!
Eu posso até ter dado 3,5 estrelas para esse episódio – se o drama da Mei não fosse “sem eira nem beira” mereceria 5 –, mas para a primeira metade de Citrus acho que metade para quem não deveria mesmo ter tudo já está de bom tamanho. No final das contas, foi “melhor que nada”, mas ficou no meio termo entre “qualquer coisa” e “já que cheguei até aqui e a Yuzu é tão legal, eu vou continuar vendo e comentando essa joça”, porque a Mei não me interessa nem um pouco. Entretanto, o primeiro beijo “decente” entre elas me animou – geralmente uma boa química entre um casal me faz curtir mais um anime –, mas a aparição de uma nova personagem que está na cara de que vai pagar de vilã não me anima nem um pouco. Custava deixar as duas irem se apaixonando e construindo uma relação saudável? Parece que sim, mas também não sei o que vai acontecer e não posso julgar antes de saber. Só espero que esse segundo arco do anime seja menos forçado que o primeiro e mais divertido, pois quanto a drama Citrus é bem meia boca. A Yuzu e a Harumin que salvam esse anime!
Fico por aqui após essa descarga de descontentamento, mas não entendam mal, eu até gostei do episódio, mas o quadro geral para mim é bem mediano – para não dizer ruim. Contudo, já vejo animes de temporada há bastante tempo e sou da máxima de que dá sim para se ter um bom episódio mesmo em meio a algo mal escrito e/ou mal executado. Até o próximo artigo de Citrus!