Fate/Extra – ep 4 – Segundo andar, desejos, e vamos todos morrer
Bom dia!
Eu queria dizer que gostei desse episódio. Que foi um bom episódio. Mas por mais que eu tenha me interessado por coisa ou outra do que eu vi, que o poder da Saber seja legal, e que eu tenha gostado de rever a Sheila de Caverna do Dragão, persiste o fato de que assisti esse episódio no meio da tarde e mesmo assim quase dormi.
Ainda que seja visualmente agradável, fascinante mesmo, tanto infodump pesou dessa vez. É como diz um cartaz dos Alcoólicos Anônimos que eu sempre vejo quando passo pelo Terminal Bandeira: Chega uma hora que chega.
No começo do episódio eu achei que o anime pretendesse focar na questão dos “desejos”. Shinji, o ex-mestre do Primeiro Nível, desejava viver em paz e sem ter que lutar. Ele sequer desafiava os mestres que apareciam em seu andar, apenas oferecia-se para comprar seus servos e assim tirá-los do jogo. Ele só queria segurança. Ele só queria viver. O mestre do Segundo Nível é mais ou menos o contrário, o que ele deseja acima de tudo é lutar, haja ou não haja glória na luta. Hakuno por sua vez não sabe o que deseja, apenas acredita que se continuar subindo irá descobrir.
Quem está certo e quem está errado? Parece que o Seraph, ou quem quer que o tenha dominado e o esteja destruindo, tem uma ideia clara do que é certo ou errado nesse caso. Pessoalmente, acredito que a multitude de desejos diferentes represente apenas a multidão de pessoas diferentes que existem. Por que todos deveriam ser iguais? E se não são iguais, não é natural que tenham desejos diferentes? Mais ainda, acho que o Hakuno é o mais humano de todos eles. Ele não sabe porque, não sabe se há algum propósito nisso, mas quer continuar vivo e quer continuar seguindo em frente (ou seja, subindo os níveis), na esperança de um dia descobrir por si mesmo o seu próprio propósito. Essa é uma das definições de “ser humano”.
Biologicamente, o “propósito” da vida é apenas persistir. Para a vasta maioria dos seres vivos isso significa procriar para que seu código genético permaneça vivo. As vidas individuais não são importantes. Mas o ser humano é auto-consciente, inteligente, sabe sobre a própria morte e se desespera com isso. O indivíduo humano quer viver para sempre. Sendo isso impossível, é necessário algum outro propósito para continuar vivendo, qualquer um. Uma lontra não viveria para compor sinfonias. Um eucalipto não se importa em trazer glória para seu povo. Uma formiga, mesmo sendo um animal social, não está exatamente preocupada em encontrar amor e aconchego em seu lar, doce lar. Tudo isso é humano. Apenas nós somos assim. A indecisão de Hakuno apenas revela que ele é um ser humano que ainda não encontrou seu propósito, mas anseia por ele como qualquer outro.
E de alguma forma muito louca parece que isso pode quem sabe talvez vir a ter algo a ver com a lore de Fate/Extra, mas os fragmentos contados até agora só permitem especular, não há nada muito conclusivo. O mestre desse nível já matou vários outros mestres, mas mesmo assim o elevador para o próximo nível nunca desceu para ele. Parece que derrotar outro mestre não basta. Pelo pesadelo do Hakuno depreende-se que talvez os mestres estejam sujeitos ao arbítrio daquela figura misteriosa que contou muito brevemente sobre o Seraph.
É o século 31 e a humanidade encontra-se à beira da extinção. Não fica claro, mas acho razoável supor que todas as pessoas vivas estejam a essa altura dentro da simulação de Seraph. Isso significa que estão fisicamente em algum lugar enquanto suas mentes controlam avatares dentro do sistema, estilo Matrix ou Sword Art Online? Ou suas almas terão sido digitalizadas, de forma que não existem mais corpos para começo de conversa? O segundo caso os torna muito mais dependentes de Seraph do que o primeiro. Aparentemente, a Guerra do Cálice Sagrado servia para Seraph aprender mais sobre os seres humanos. Acredito que Seraph tenha sido criado por seres humanos em primeiro lugar, então isso é curioso – criado por humanos, talvez para ser seu protetor, Seraph quis aprender mais sobre eles.
O importante é que em algum momento Seraph (ou sei lá quem) ficou insatisfeito com aqueles tais humanos, que estariam lutando na Guerra apenas por motivos pessoais. Ué, por quais outros motivos deveriam lutar? Os mestres escolhidos deveriam se comportar como cães de rinha, sem almejar nada para além das lutas? Ou será que o ser de óculos quis dizer que alguém desejando algo grande demais tomou controle de Seraph? E nesse caso ele culpa todo mundo porque despreza seres humanos em geral mesmo? Você sabe como é, aposto que conhece muitas pessoas que são ligeiras em culpar “a humanidade” (ou qualquer coletivo mal definido, como, talvez, “os brasileiros”) por algum mal em particular muito embora existam muitos (como o próprio sujeito que faz a crítica generalista) que não estejam de acordo com isso. Se o ser de óculos for um programa, uma máquina, a explicação para seu desprezo pelos seres humanos é fácil, e se for uma pessoa é mais fácil ainda: ninguém é melhor do que nós para nos desprezar.
O fato é que o Seraph é uma espécie de última esperança para a humanidade e agora está indo para as cucuias porque ele próprio ou algum outro programa se cansou das pessoas ou porque alguma pessoa está fazendo uma merda muito grande. A Saber com seu lindo poder de fogo tem muita confiança no Hakuno mas parece que alguém lá de cima não está muito afim de vê-lo continuar subindo. Ah, e encontraram mais uma mestra sem servo enquanto a outra mestra sem servo que eles já tinham à reboque sumiu.