Vampiros são criaturas que nos remetem a épocas antigas em que guerras e conflitos eram comuns. Entretanto, o mundo onde Sophie e Ellie (as vampiras dessa história) vivem é um lugar relativamente pacífico, mas que mesmo assim não está pronto para conviver com o diferente.

A proposta desse anime e, consequentemente, seu roteiro cercam as personagens com um muro onde a hipocrisia das pessoas não as atingem. Os humanos, representados aqui pela Akari e suas amigas, convivem pacificamente com as vampiras do anime.

Tudo é muito fofo e bonitinho neste show, porém o mundo real não é assim, portanto, a visão idealizada nesta história acaba sendo um escapismo gostoso de se assistir, pois a realidade está tensa, e histórias como essa se fazem necessárias para mostrar que a vida é bela e que o mundo não é um lugar tão ruim assim.

Existem humanos que podem ser mais cruéis e assustadores do que os “monstros” retratados nessa história, e esses tais “monstros” podem ser mais “humanos” do que muitos seres humanos de verdade. Obras ficcionais com monstros podem nos ensinar sobre preconceitos e que nós mesmo podemos ter um lado “monstruoso” dentro de nós.

Akari pode ser bobinha, mas tem uma qualidade que nem todo mundo tem, que é de “não julgar o livro pela capa”. Para ela, não interessa se Sophie é uma vampira, múmia, zumbi, ou até mesmo humana, o que importa é que no primeiro contato que elas tiveram, a vampira foi gentil para com ela.

A autora dessa light novel fictícia radicalizou na questão do incesto

Sophie se adaptou muito bem aos tempos atuais, desde aos hábitos até as relações interpessoais. Ela não vai atrás de pessoas para conseguir alimento, e sim compra estoques de sangue, tudo pela internet, bem prático, não é? Já a Ellie faz um bom contraponto a Sophie, pois ela passou, salvo erro, um século inteiro dormindo, portanto não está acostumada aos tempos modernos e principalmente aos tempos de paz. Inicialmente, ela não aceitou que humanos e vampiros pudessem se dar bem. Eu não tiro a razão dela, afinal, nós humanos temos dificuldade em lidar com o desconhecido e com o diferente. Lembro-me do episódio 1 de Zombieland Saga em que tivemos uma reação natural de um policial atirando numa garota zumbi, afinal, de acordo com lendas, monstros são criaturas de natureza má, portanto, devemos exterminá-los, ou no mínimo ficar muito distante deles.

A solidão e a passagem do tempo são outras temáticas presentes nesse anime, só que de forma sutil, para que o clima leve e fofo não fosse quebrado. É bem legal por parte da obra lembrar de passagens históricas, como a decapitação de Maria Antonieta e o descobrimento das Américas. Achei interessante o uso da menção ao famoso escritor Edgar Allan Poe para mostrar a importância das lembranças.

A briga entre Ellie e Hinata foi importante para a aproximação das mesmas. Além disso, conhecemos um pouco melhor as duas personagens que possuem traumas quase inversos, uma por ser baixinha e ter aparência infantil, enquanto a outra sofre por ser alta e pouco feminina.

Eu também teria medo de entrar nesse quarto

Como o clima do anime é pacífico, as personagens podem aproveitar a vida cotidiana de forma feliz. E isso está sendo uma experiência agradável para Sophie, que depois de séculos de solidão, finalmente pode ter uma vida igual ao de uma adolescente que ela vê nos mangás.

A cena em que a vampira tenta cozinhar para a Akari, além de bonitinha, demonstra toda a gratidão que ela tem pela sua amiga. Sophie não demonstra muito seus sentimentos, mas ela está feliz pela sua vida ter mudado graças a sua amiga humana.

O humor sutil da série ajuda a dar um tom de leveza necessário para que a obra seja aconchegante a cada episódio. A quebra de estereótipos típicos ao arquétipo do vampiro também reforça o tom cômico do anime.

A maneira que aconteceu a interação entre uma das amigas da Akari e a Sophie, na forma de entrevista, foi criativa e interessante, pois remete a um título famoso do cinema: “Entrevista com o Vampiro”, que aborda a mesma temática desse anime.

Sophie e Ellie estão cada vez mais acostumada a Akari e suas amigas (e vice-versa), o que é muito bom para as interações entre elas, pois para o público, o que importa é acompanhar a rotina divertida dessas simpáticas personagens.

Obrigado a todos que leram este artigo, até a próxima!

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