Esse foi definitivamente o episódio mais estranho até aqui e quando digo estranho, não é no sentido ruim, ao contrário, foi bem agradável e diferente.

Aqui a direção mostrou que mesmo numa aventura leve e inocente, se tem espaço pra uma pequena dose de mistério e ambiência meio dark, de forma a mostrar toda a variedade e potencial dessa história.

A parada da vez foi a cidade dos mortos, que por si só carrega todo um mistério por trás dela, começando pela sua concepção e existência, já que o ermo onde ela fica e que aparece repentinamente nos faz criar uma teoria sobre a sua materialização.

Achando pouco instigante essa primeira impressão, a criatividade aqui apela pra um nível maior, pois mesmo com um design e um ar pesado, a Vila Leib é bem movimentada e seus cidadãos visivelmente tranquilos e comuns, nos deixando mais curiosos ainda sobre o seu funcionamento.

É de se pensar, uma cidade no meio de um nevoeiro onde supostamente não deveria ter muitos habitantes e pelo nome acho que nem vivos, de repente mostrar uma face totalmente diferente, embora que fiquei cismado com os olhos dos moradores, o que pode ser uma pista.

Chegando na cidade, Yuu e Merc se deparam com o Festival da Joia Brilhante, que eu achei uma sacada bem interessante, porque deu mais algumas pistas sobre os mistérios que permeiam a cidade, começando pela idealização das próprias jóias citadas.

Pensaram como é nascer carregando um objeto até a morte e que vai guardar seu espírito dentro dela após a morte? Pois é, é esquisito, e a festa cria um dia próprio onde todos podem destruir as jóias dos seus entes queridos, desprendendo assim, as almas deles do plano terreno, coisa mais curiosa ainda, já que a pergunta que fica é: por que não libertam e dão paz de espírito a eles logo, ao invés de criar esse processo todo?

Dentro dessa cortina que cobre as informações sobre a cidade, acompanhamos a melancolia de Cosette, uma garotinha solitária cujo vazio que sente preenche seus dias, contando apenas com seu pequeno bichinho Squeak, personagem esse que tem mais explicações a dar do que sugere.

Guiada por ele, Cosette entra no castelo abandonado da colina e lá descobre o mundo de Alloween, a terra de Alice dos sonhos e ilusões. Nosso anfitrião o senhor Shitoruiyu o cabeça de abóbora, esconde muitos segredos sobre si e o mundo mágico onde tudo é possível, e assim como Cosette ele busca seu próprio sonho esquecido e uma companhia, e é na garota que ele encontra uma possível candidata a solução de seus problemas.

Shitoruiyu instiga porque ele tem toda uma crise existencial com a solidão e dúvidas sobre desejos e memórias perdidas, na verdade é até bem questionador, lembrando aquelas pessoas chatas que sempre respondem a uma pergunta com outra e conversam por palavras truncadas, sempre confundindo quem ouve. Desse modo ele leva inclusive a menina a algumas reflexões sobre si mesma e o que ela anseia tanto descobrir pra “se encontrar”.

Por sinal, a postura resoluta dela me surpreendeu, porque mesmo parecendo bem confortável ao novo mundo e entendendo como viver nele, ela não demonstrou ter uma mente influenciável sabendo bem recusar a proposta do abóbora de permanecer ali pra sempre e buscar outros objetivos.

Conforme os dois vão filosofando conversando e vagando pelo novo mundo, alguns personagens incluindo Yuu e Merc adentram o castelo também e são divididos em mundos distintos, e é aqui que temos mais um ponto positivo do episódio.

Além dos diferentes cenários fantasiosos pra os quais todos são arrastados no mesmo Alloween, fica subtendido que fora Cosette, os demais estão interligados de alguma forma, já que Squeak e o pai da menina, além de terem uma relação prévia de criação e amizade, pareciam saber em parte o que estava oculto por ali.

Shitoruiyu e o jovenzinho que recepcionou Yuu e Merc na entrada da vila, também não ficam atrás e parecem ter alguma conexão perdida, e o que é? Só o autor pra nos dizer.

Até agora tudo o que sabemos é que alguma coisa errada não está certa, a cidade dos mortos não é o que parece ser e a história desse povo tem muita coisa encoberta que pode dar um bom resultado.

Tivemos aqui o episódio mais confuso, porém o mais instigante deles, onde um mundo estranho foi colocado, muitas pistas foram soltas, perguntas feitas, mas tudo sem nenhuma resposta e explicação concreta. Quero ver o que vai sair da segunda parte desse lugar oculto que tem outro dentro dele tão cheio de camadas.

Comentários