Desde o começo era sabido que esse anime, devido à sua sinopse, não iria agradar aquelas pessoas muito sensíveis a temas polêmicos.Todavia, Wataten não é um anime explicitamente ofensivo e nem propositalmente vulgar. Pelo contrário, o anime em questão apresenta um clima muito leve e fofo.

Uma coisa em comum que notei nos dois últimos episódios, foi a presença de momentos com mais de uma interpretação, sendo que isso é proposital para que o espectador tire suas próprias conclusões, não importando quais sejam. Esses momentos nos quais me refiro, estão, um no episódio nove, e o outro no décimo episódio. A parte do passeio da Hinata com a Noa foi propositalmente feita para parecer um encontro. Para reforçar tal insinuação, temos a Hinata vestida de como se fosse um garoto e Noa vestida de forma bem feminina. Os comportamentos das personagens emulam um encontro, a fim de instigar a imaginação de parte do público que pode as enxergar como um casal, mesmo não sendo (afinal, elas são muito novas para esse tipo de coisa). Enfim, prefiro enxergar essa parte como um passeio entre duas amigas, apesar de todo um clima de emulação de um encontro.

O outro momento com mais de uma interpretação foi a “confissão” da Miyako, que por sinal foi uma cena muito bem dirigida. Claro que a cena em si não passou de uma piada, pois a Hana entendeu outra coisa totalmente diferente do que pode ter sido dito. Propositalmente, a frase que a Miyako disse para a garotinha pode ser interpretada como uma declaração romântica (creio que essa tenha sido a intenção, a fim de criar uma situação cômica à partir do momento em que a Hana entendeu de forma diferente, causando assim uma quebra de expectativa de quem fez a suposta declaração, no caso, a Miyako.

A história não deixa claro que tipo de sentimentos a Mya-nee sente pela Hana, o que leva as mais diversas interpretações dependendo do ponto de vista de quem vê. Há quem pode enxerga-la como uma pedófila (o anime faz humor em torno dessa possibilidade). Porém, ela pode ser vista também como apenas uma garota com dificuldades para interagir com outras pessoas. A forma no qual ela demonstra a admiração da fofura da Hana, acaba gerando mal entendidos (o que faz parte da comédia da série).

Eu não vejo a Miyako como uma pedófila, pois ela não demonstra sentir atração sexual pela Hana ou por alguma outra personagem infantil do anime. Ela nem sabe direito o que sente em relação a Hana, e o propósito é não deixar claro para que se permita criar situações para fazer piada sobre lolis, Situações estas que não são tão frequentes e não são forçadas (no sentido de gerar fanservice, por exemplo).

Outro ponto importante, é a suposta fobia social da Miyako, que embora em nenhum momento seja confirmada, mas ela dá indícios que possa ter tal transtorno. Como já escrevi em artigos anteriores, ela é uma garota bonita, mas que não tem consciência disso por se enxergar de forma inferior ao que realmente ela é. Interessante é que ela usa uma franja, não por questão de estilo, e sim para evitar contato direto com as pessoas. Acho que até o final da temporada não vão explorar esse problema da Miyako. Talvez não tenha um motivo específico para ter chegado nesse ponto. Aliás, o foco do anime não é a superação dos problemas de ansiedade social da Miyako, mas sim, a interação delas com as outras personagens que a rodeiam.

Por fim, vale ainda ressaltar o papel da Matsumoto, que tem exercido um papel interessante de “fazer coisas bizarras,” assim fazendo a que a Miyako pareça normal em algumas situações, e ao mesmo tempo fazer que a mesma reflita seus comportamentos. Além disso, as loucuras da Matsumoto fazem que a Miyako experimente um pouco das mesma situação em que a Hana vive diante da própria Mya-san.

 

 

 

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