Um episódio interessante de verdade, apesar de ter sido protagonizado pelos coadjuvantes “menos” conhecidos pelo público até agora. Um episódio de transição até algo maior, que mostrou mais do que o poder do Rei da Distorção é capaz. Sem Boogiepop, ou um outro personagem de um arco anterior, mas nem por isso ruim. Vamos analisar as distorções que tanto fascinam o Rei que anseia pelo ouro!

E quem diria que a mãe do garoto teria tido um caso com o Teratsuki Kyouichirou, hein? Por essa eu não esperava, imaginava que ela fosse só uma senhora curiosa.

De toda forma, seria seguro assumir que ambas as versões dos personagens mais jovens e mais velhos se passaram dentro da ilusão, que mesmo eles sabendo que não era a pessoa para qual o remorso era direcionado que estava ali – menos o moleque –, era difícil não abrir o coração para o Rei da Distorção? Acho que foi esse o caso.

Será que ele só quer distorcer as coisas antes de também desaparecer desse mundo?

No fim das contas, Teratsuki Kyouichirou deu a ela a quantia pedida, mas nunca conseguiu dar o que ela ansiava: amor, segurança, o sentimento de que se encaixava. Eu não sei se era isso o que ela queria, só que ela com certeza não queria criar o filho sozinha, e também não queria abortá-lo, mas no final apenas obteve o dinheiro.

O que, pensando na altíssima probabilidade do Teratsuki estar por trás disso tudo e de já ter previsto a sua morte, foi o “melhor” que poderia ter conseguido.

Não que o “melhor” seja isso de fato, não foi nesse caso. E ela ainda se agarra à possibilidade de ele ser o pai do filho dela, enquanto não existe mais Teratsuki, só o Rei da Distorção, sendo ele o “meio” de propagação do presente de despedida do ricaço humano artificial já morto. É isso o que parece.

Pode chegar a hora em que essas palavras serão ainda mais honestas…

Por outro lado, a Sakiko se remói por ter falado algo horrível para a amiga e se arrepende por nunca ter sido capaz de pedir desculpas. Ela se acha a pior pessoa do mundo por isso, só que ninguém disse a ela que esse era o caso. Hey, elas eram crianças e a Sakiko falou aquilo em uma explosão de inveja, de raiva.

Se elas eram tão amigas assim mesmo ela seria perdoada e ficaria tudo bem, mas a menina morreu e a Sakiko jamais vai poder ter certeza de que seria assim. Contudo, ela terá que aprender a conviver com essa culpa se quiser seguir com a vida. Se quiser não mais ser morta no auge da beleza.

Os mortos não aceitam desculpas, infelizmente.

É, como eu pensava, ela queria o Boogiepop para cumprir com os boatos infundados que cercam ele, o shinigami da beleza. Acho um jeito compreensível de uma adolescente lidar com o arrependimento e a culpa.

O bicho pega agora, em como ela lidará com isso, se confirmará as palavras do Rei, deixará essa dor carregá-la, ou se tentará superá-la por si. Acolhendo, ou se livrando, da culpa e lidando com o arrependimento como for possível. Só assim ela será capaz de seguir em frente – ela desejará viver.

Acabar com a dor apagando tudo é o caminho dos fracos ou precisa de força para desejar isso?

O terceiro caso foi o do Habara. Já perceberam como quem se apaixona pela Nagi muda? Não apenas o visual, mas também, ao menos um pouco, a personalidade? E olha que a Nagi nem tem a aparência chamativa que combinaria com sua “personalidade”, mas ela “muda” quem se deixa cativar por seus encantos.

Enfim, o importante é que ele estava consciente dentro da ilusão – o sonho que contradiz o pesadelo ou só o confirma? –, e o Rei teria que tentar uma tática diferente caso quisesse “pegá-lo”.

Aliás, isso que rola em torno da Nagi me parece muito uma tentativa tola do ser humano de buscar a identificação com outro, a similaridade capaz de uni-los. Ainda que não seja consciente, o Saotome e o Habara queriam ser reconhecidos pela Nagi, queriam estar à sua altura. Por isso mudaram, porque estavam insatisfeitos com o eu atual deles. Um se mostrou um psicopata, o outro só ficou descolado; menos mal que ficou por isso mesmo.

De todo modo, o embaralhamento de ilusões que ocorreu com o Habara não garante que o Rei consiga misturar ilusões de pessoas que nunca tiveram contato umas com as outras, ao menos não se o Habara já conhecia o Saotome, né. Se ele conseguir seria o terceiro estágio do poder dele. Acredito que se for para ocorrer algo grande e confuso assim será mais para o final do arco.

Não que não tenha sido confuso um monstro surgir, mas era aquilo que a criança remoía – ele deve se culpar por sentir medo? –, e logo o Habara teve presença de espírito para acordar desse “pesadelo”.

Dou como certo que o Rei deseja promover a fuga da realidade, que esse ouro seria ouro dos tolos por reluzir como o verdadeiro, mas não ser ele. Um brilho sustentado por sentimentos que são incapazes de dar às pessoas o que elas realmente precisam. E isso seria perdoarem a si mesmas?

Por fim, o Habara acorda e acorda também o Shirou, mas ao invés de escapar eles devem tentar tirar as outras pessoas do transe. Ficou claro que o Shirou estava sonhando com “ela” e seria interessante ver essa conversa – teria tornado esse episódio melhor –, mas eu acho que isso ainda vai acontecer e que deve ser um dos melhores momentos desse arco.

Como havia dito, crianças têm remorsos bem “voláteis”, né.

As “vítimas” do episódio 14 devem retornar no 16 com tudo, e mais ilusões tomarão forma. Eu acredito que a influência de Boogiepop continuará no âmbito prático da ação, que serão os personagens que terão que lidar com seus próprios remorsos, e assim serão capazes de “vencer” o Rei, de não dar vida a um outo fruto de sentimentos degradantes.

O Rei da Distorção deve mesmo ser uma criação, uma extensão, do Teratsuki, mas duvido que seja o próprio, ainda que aja sobre as regras impostas por ele. Não tenho uma suposição clara sobre o que vai acontecer agora, mas só precisamos olhar para o passado para prever o futuro – seja de um arco de Boogiepop ou do que aflige a cada um dos personagens presos no Templo da Lua.

As respostas se encontram dentro da gente, dentro da própria trama, mas como elas serão dadas é o que nos leva a assistir o anime, né. É uma pena que Boogiepop esteja acabando. Lembre-se que nem tudo que reluz é ouro. Na realidade, quase nada do que reluz é ouro, então cuide bem do que for valioso para você!

Quero rever a Kamikishiro nem que seja o Rei da Distorção…

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