Esse último episódio me chocou e não foi num sentido positivo. A direção assumiu um rumo complicado e acredito que posso chamar de errado – mesmo não sendo nenhum especialista no assunto -, o que trouxe resoluções bem tensas no arco da Zero, que parecia promissor e no final ficou com buracos e uma estrutura que não tenho palavras para descrever. Me acompanhem para entender melhor o desenlace desse fim “singular”.

Ao longo de toda a temporada, Gunjou no Magmel nos apresentou uma aventura que trabalhava o mistério de um novo mundo e lidava com o psicológico do ser humano em meio a isso como um ponto extra – que casou muito bem com a proposta mais densa do continente.

Esses elementos me fizeram acreditar no potencial da história e continuar entretido ao longo de várias semanas, mas nas duas últimas o anime simplesmente arrasou com uma obra que teve bons momentos e que, apesar de não possuir um plot central, soube se conduzir de forma decente até onde pode.

Sendo bem sincero, a primeira metade do episódio já se complicou com Inyou se colocando numa situação de perigo que julguei desnecessária por conta das suas altas habilidades – ainda que no final eu tenha mais ou menos compreendido as suas razões para aquilo. No começo da batalha com o vilão as armadilhas preparadas eram mais coerentes e justificavam a vantagem dele, mas de repente a luta se torna unilateral com o protagonista apenas se entregando a uma surra medonha.

Achei interessante que durante o momento de diálogo do velho nos é mostrada a fonte do poder dele – minha teoria estava certa YAY! -, e o processo. Foi uma surpresa ver que o grande número de ractors que ele usou não foi suficiente, além da ideia brilhante de matar aquele cuja utilidade era sua passagem para o sucesso mas esse detalhe ainda foi o de menos.

Quando achei que toda a humilhação passada por Inyou já estava me irritando profundamente, tive o ápice com a revelação da motivação do vilão simplesmente tosca. Desde o princípio imaginei que alguém obcecado por poder, procuraria o alvo maior de sua busca para completar seu plano, certo? Errado.

Todo esse confronto e destruição tinha como objetivo exclusivo apenas a derrota de Inyou por ter tomado a Zero dele no passado. Bom, resumo isso como uma justificativa bem infeliz e rasa, em que mesmo se ele tivesse uma raiva do adversário, penso que o sentimento era um fator menor em relação ao projeto que ele veio fazendo ao longo desse tempo de todo modo ignoremos.

Falando de trechos melhores, os momentos entre a Zero e seu mestre são bacanas e ilustram bem a formação do vínculo entre eles e principalmente o que ele tanto tentava alcançar ao lutar sem avanços.

Zero é uma criança machucada pelas más experiências e lá no fundo, mesmo tentando esquecer, as têm cravadas dentro de si. Por essa razão ela ainda fraqueja, tem suas dúvidas e temores sobre como seguir adiante sem criar mais dor a quem quer que seja no caminho. Inyou tem consciência dessa debilidade da companheira e age tortuosamente para que suas ações e palavras movam e gerem força no coração da garota, criando um sentimento maior que o medo.

Admito que no início me aborreci com a “impotência” demonstrada por ele, mas consegui compreender que numa certa instância essa era uma ação mais do que necessária para a evolução da personagem – que é a verdadeira protagonista desse desfecho.

No final ainda tem uma segunda batalha com o vilão – em que ele faz o uso excessivo daquelas frutas alteradoras que apareceram no episódio 9 -, assumindo dessa vez uma forma monstruosa e descontrolada, sendo assim vencido pela própria tolice e finalmente uma ação firme de Inyou.

Vitória completa, também temos os outros aventureiros vivos e inteiros – exceto o pobre lascado do Denden, que sofreu até o último minuto -, para a felicidade geral da nação. As explicações foram convenientemente estranhas, mas suficientemente convincentes de modo geral, afinal, o protagonista conseguiu se safar com um simples escudo frontal metálico, por que eles não teriam a mesma sorte com seus equipamentos?

Tudo deu certo para todos e Inyou deixa Zero com a mensagem de que um dia todos os segredos de Magmel serão revelados, como ele desejando que ela esteja lá nesse dia para protegê-lo – por isso todo aquele esforço em dar maturidade ao espírito da menina antes -, claramente uma referência a Shuin e seu futuro eventual retorno cheio de mistérios.

Enfim, esse anime que me pareceu tão promissor e permaneceu querido por seus mistérios e discussões, se encerra de forma desapontante, mas não estraga minha experiência geral com as aventuras anteriores que tanto me cativaram até aqui. Acredito que se mantivessem o rumo mais incerto, porém bem conduzido do início, talvez o saldo final fosse bem mais positivo – até porque os mistérios inseridos se fecharam do mesmo jeito que começaram: sem solução.

Gunjou no Magmel, infelizmente – já que eu gosto das suas ideias, dos personagens e da execução até sua etapa final -, é mais um anime que mostra que às vezes uma boa história pode sim ser desfigurada pelo seu final e deixar um gosto peculiar na memória do público.

Um sorriso que definitivamente merece toda a proteção do mundo!

Comentários