Breakers – Paratletas também são super-humanos – Primeiras impressões
Breakers é um anime sobre deficientes incentivados a se debruçarem sobre o esporte e se tornarem paratletas, isso com a ajudinha de um cientista para lá de caricato, mas que não incomoda, não quando a intenção é a melhor possível.
O curta é transmitido em um bloco educacional da emissora NHK, está programado para arcos de 4 episódios (cada um abordando um esporte paraolímpico diferente) e é uma das várias produções que devem ganhar vida no ano de 2020 visando a promoção das Olimpíadas e Paraolimpíadas de Tokyo.
Nessa estreia somos apresentados a Ren e Kai, um é um cientista que seleciona deficientes talentosos que chamam sua atenção e os incentiva a se tornarem paratletas, o outro um garoto com potencial e força de vontade.
Aliás, Kai não possui as duas pernas e nem alguns dedos das mãos, então teve má-formação ao nascer? Não sei muito do assunto, então posso estar errado, talvez ele tenha sofrido um acidente? O fato é que qual for o caso, o apoio familiar exposto é um dos motivos do aparente equilíbrio emocional do garoto.
Apesar de não ter ficado claro como Ren ajuda esses jovens talentosos, uma coisa é certa, ele se importa com os deficientes, não menospreza ou ilude, pelo contrário, pois foi capaz de dizer a coisa certa no momento certo ciente da condição de Kai, mas nem por isso achando que ele deveria ser limitado por ela.
Kai não é como o irmão e tentar se parecer cada vez mais com ele pode machucar seus sentimentos, o que não deve acontecer se ele apenas se inspirar no exemplo dele, mas arrumar um espaço só seu, algo que, para alguém que ama basquete, pode ser obtido com a ajuda de uma cadeira de rodas.
O basquete em cadeira de rodas passou a ser praticado há décadas com os soldados feridos na segunda guerra mundial e desde os anos 60 integra o quadro das paraolimpíadas quase que de forma cativa. Não tem a mesma popularidade do basquete convencional, mas é amplamente praticado mundo afora.
Então, se o que Kai deseja (o que é o sonho de muitas crianças deficientes por aí) é praticar um esporte, se divertir, se profissionalizar, até mesmo fazer do esporte um sustentáculo para sua vida; é gratificante ver um anime passando essa mensagem positiva sem qualquer traço de pena e muito menos de exagero.
Pois reconhecer a dificuldade é importante para o deficiente, o erro está em deixar que ela o limite, corte suas asas, que podem muito bem estar prontas para voar, o lance é perceber que há diferentes formas de fazer isso. O esporte é um caminho para esse entendimento, para o saneamento mental, emocional e social do deficiente.
Não de todos, talvez, mas daqueles que desejam e devem ser incentivados, seja por um adulto como o cientista do anime, seja por quem teve a ideia de fazer o anime, seja por quem escreveu seu belo roteiro, seja por um parente ou amigo (figuras ainda mais relevantes no processo de amadurecimento do jovem), etc.
Breakers é curto, mas tão simples e belo que indico para qualquer pessoa. Qualquer pessoa mesmo!
Só sua mensagem já vale 10, mas não poderia deixar de elogiar a boa produção técnica (apesar de ter tido um CG meio travado em algumas cenas) de animação e trilha sonora competentes, um roteiro e direção de qualidade e uma boa equipe de seiyuus, mas, principalmente, elogio a sensibilidade em tratar de um tema delicado de forma bastante proveitosa dadas as limitações de tempo e público-alvo.
Imagino que o público alvo sejam os jovens, aqueles que vão assistir o anime, as Paraolimpíadas e as Olimpíadas e pensar que não precisam ser iguais a maioria das pessoas para se tornarem atletas, para se tornarem pessoas melhores, humanos melhores. Super-humanos incríveis mesmo com limitações, aliás, como qualquer super-humano é.
Até a próxima!