Fantasia é um gênero muito popular. Horror é menos popular, mas ainda assim é apreciado e respeitado. Quando os dois vêm juntos, o que se tem é a fantasia sombria, ou dark fantasy.
Não fica muito mais complicado do que isso. Não é necessariamente melhor ou pior do que qualquer dos gêneros isoladamente, mas oferece tipos novos de histórias e novas abordagens para histórias já bastante contadas.
Entre os animes, há alguns tantos que se encaixam no gênero dark fantasy, alguns muito bons, ou muito populares, outros nem tanto. Você já assistiu algum?
Classificação final dos Animes da Temporada de Primavera! A coluna voltou ao ar e com conteúdo especial, onde dei notas para todos os 24 animes que eu assisti e acabaram nessa temporada, junto com os meus comentários de sempre.
Os episódios anteriores construíram uma tensão absurdamente alta para esse embate final: a própria vida de todo mundo estava em jogo. E mesmo se uns ou outros sobrevivessem, não conseguiriam mais do que apenas sobreviver. Parece um final bastante amargo para todo o povo do Koutetsujou que está desde o primeiro episódio buscando um refúgio seguro. E mesmo assim o anime conseguiu terminar com um clima positivo. Nem parece que eles ainda estão perdidos em um mundo horrível, com suprimentos escassos e sem saber se encontrarão abrigo ou auxílio em qualquer lugar. A essa altura eles mal sabem se existe alguém por aí que os possa abrigar ou auxiliar.
Teria sido muito mais adequado Kabaneri terminar de forma trágica. Combinaria muito bem com o que foi construído nesse arco. E por mais que eu esteja acostumado a mocinhos milagrosamente se safarem, sobreviverem e salvarem a todos os bons ao seu redor (e eventualmente alguns maus também) simplesmente porque se esforçam bastante, não foi o que aconteceu aqui. O Ikoma se esforçou, o Kurusu se esforçou, todo mundo se esforçou, até a Mumei se esforçou, mas eles jamais teriam o final feliz que tiveram se três pessoas não os tivessem ajudado de forma consciente e deliberada: o cientista que o Kurusu tinha feito de refém (não lembro o nome dele), o Uryuu, e o próprio Biba.
E o pior é que, com exceção talvez do Uryuu, nenhum deles fez sentido. Acho que esse é o preço a se pagar quando se tem vilões subdesenvolvidos, não é?
O mais notável desse arco final de Kabaneri é como ele abraçou definitivamente a forma em detrimento do conteúdo. Não que o conteúdo seja ruim, nada disso. É apenas o mínimo necessário, é apenas ok, e acaba sendo bastante previsível. Mas a forma! Ah, a forma. Uma trilha sonora incrível, efeitos de som, enquadramentos, expressões faciais, o tempo em que tudo acontece. Está tudo milimetricamente calculado para maximizar os efeitos dramáticos da história, de modo que sequer a alternância entre cenários parece afetar o andamento do episódio ou mudar o clima do ponto em que o cenário anterior parou. E deixando o espectador mais arrebatado pelo anime menos atento para eventuais furos no enredo – e para algumas cenas com animação de pior qualidade.
Além disso e conectado a isso Kabaneri está usando e abusando da simbologia visual. Vou citar alguns exemplos nesse artigo, e creio que o principal do episódio seja esse que citei no título.
Episódio forte e visualmente impactante. Eu gostei dele. Gostei bastante até. Mas Kabaneri é um anime curto e em um anime curto de ação espera-se algo novo todo em todo episódio – ou em todo arco. Eu já entendi ao assistir o episódio anterior que o Biba não vale os restos alimentares não digeridos que evacua. Ele é mal, ele é cruel, ele é inteligente, ele tem um plano maligno e um exército de fanáticos. Naturalmente nossos protagonistas do Koutetsujou não iriam deixar isso barato, iriam?
Não sou injusto, tem coisa nova nesse episódio sim, só não é tanto quanto se espera nem é nada realmente imprevisível. E certamente o conflito do episódio deve ter sido necessário para estabelecer algum nível de animosidade na relação entre os Libertadores e o Koutetsujou que apenas sequestrá-los e usá-los de reféns para chantagear a Ayame a colaborar com o Biba não seria suficiente. Mas não consigo me livrar da sensação de que esse episódio foi só uma continuação do anterior sem no entanto formar um arco de verdade com ele.
Mais uma edição atrasada da coluna e eu realmente quase não consegui assistir anime nenhum essa semana. A coisa está tensa, mas estão aí os comentários do pouco que assisti e por favor comente tudo o que você viu, conforme eu for recuperando o tempo perdido eu respondo!
Alguém me disse que o Biba é louco. Mas não acho que o Biba seja louco, antes fosse, daria para aproveitar um de seus arroubos de insanidade para frustrá-lo. O Biba é apenas cruel, vil, e, principalmente, inteligente. Muito inteligente. Capaz de preparar rapidamente planos complexos com várias fases e atores que, no entanto, se encaixam perfeitamente como os blocos das Grandes Pirâmides. E é tanta inteligência direcionada a motivos tão vis, mesquinhos. Biba é capaz de sacrificar sem remorso até aqueles que estão ao seu lado.
Os nossos heróis do Koutetsujou, todos os habitantes inocentes de uma cidade-estação, até mesmo a Mumei, todos são apenas peças em seu jogo muito particular de, tudo indica, vingança. E um homem assim conseguiu conquistar uma legião de seguidores fanáticos. Um verdadeiro messias, mas um messias da morte.
Atrasei epicamente a coluna dessa vez, mas vou me esforçar para recuperar o atraso semana que vem (embora essa época de final de temporada antes da publicação do guia da próxima temporada costume ser bastante atarefada para mim).
No artigo sobre o episódio 8 de Kabaneri of the Iron Fortress eu comparei a Mumei à Caska, de Berserk, com foco particular na cena em que elas são salvas: Mumei por Biba e Caska por Griffith. Na verdade, nos dois casos, a cena em questão foi apenas o ponto de partida de uma relação de admiração e devoção da garota pelo seu salvador que definiria suas vidas inteiras. No caso de Mumei, é também uma relação de medo, mas isso se explica pelo seu cenário ser um local onde o medo está muito mais presente, com zumbis flamejantes (kabanes) tentando devorar pessoas. Mas Berserk não tem demônios comedores de gente também? Tem, mas eles só assumem esse papel na série depois da queda da Caska no Eclipse. A Era Dourada de Berserk é até bastante “normal” e poderia passar por uma série de fantasia medieval positiva como tantas outras (mas ainda assim melhor que a maioria delas) se o primeiro arco do mangá não fosse após esses eventos e por conta dele já não soubéssemos que tudo acabaria mal.
Enfim, longe de fazer uma longa comparação entre os enredos de ambas histórias, o que seria bastante difícil dado que um é um anime curto e em andamento e o outro é um mangá longuíssimo (e também ainda em andamento), compus uma série de imagens para comparar a cena da salvação de cada uma das garotas. Diferenças artísticas e de montagem à parte, as semelhanças estruturais são assombrosas e me fazem pensar se não são, afinal, propositais por parte da equipe de Kabaneri. Esse é um artigo de uma cena que vai comparar duas cenas muito parecidas em dois animes diferentes, os textos longos acabam aqui e abaixo fique com a sequência de imagens que preparei e que, espero, falem por si só.
Esse foi rápido: O Biba é um vilão. Sério, esse episódio fez um grande trabalho para não deixar sobrar nenhuma característica redentora nele. Já desconfiava-se que ele não fosse um herói desde o episódio anterior, com tanto mistério e conflito ao redor dele e aquela entrada militar-opressiva na cidade – ainda que a população o idolatre. Ficou para esse episódio revelar se há ou não algo de heroico nele. Talvez ele não fosse um herói, mas um personagem cheio de contradições que pode ser heroico às vezes mas não sempre – um anti-herói. Ou pelo menos um anti-vilão: um antagonista sim, mas com comportamento e moral ambígua. O Biba não tem nada disso. Do começo ao fim, dos dedos dos pés às pontas de seus longos cabelos, ele é um vilão. Um vilão astuto que se passa por herói, mas um vilão.
Acaba sendo um pouco chato quando se considera que ele foi a grande novidade desse novo arco de Kabaneri e que é certamente o próximo antagonista que os heróis terão de derrotar. Muitos esperavam mais dele – e eu estou entre esses. Mesmo assim, ou melhor, exatamente por ele ser assim, vejo a oportunidade perfeita para o meu passatempo preferido em Kabaneri: falar sobre a Mumei. Não estou só procurando pretexto não, calma, não feche o artigo ainda! O que quero dizer é: você não acha que a Mumei seria muito diferente se tivesse crescido com um herói ou pelo menos com alguém de moral ambígua?