Tanya adoraria ter essa resposta. Não, me corrijo: Tanya acha que já tem essa resposta. E você, está no controle de sua vida? Gostaria de estar, sabe como fazer para conseguir chegar lá?

Tanya é inteligente. É um homem adulto em corpo de menina que mesmo para um adulto já tinha um intelecto superior à média, e além disso possui conhecimento sobre fatos futuros que o ajudam a prever o que vai acontecer nesse mundo, pois ainda que não seja idêntico ao seu, é bastante parecido. Renascido, possui talento natural maior que os demais à sua volta. Em sua vida anterior julgava ter o controle sobre sua vida. Nessa vida julga que só depende de si mesmo para conseguir obter o controle de sua vida, e acredita ter meios para isso e estar no caminho correto.

Tanya não poderia ter menos controle sobre sua própria vida.

Você não precisa acreditar em Deus ou em qualquer forma de interferência divina, sobrenatural ou metafísica sobre nossas vidas. Eu não acredito em nada disso. No anime, Deus (ou uma entidade com poderes que a permitem ser chamada dessa forma) existe e age diretamente sobre a vida da Tanya, mas isso não importa porque mesmo sem isso ele já estava enganado sobre dominar seu destino. Tão inteligente, tão capaz, tão calculista. Morreu de forma ridícula em um ato impulsivo de um dos muitos inimigos que deve ter colecionado durante a vida. Ele colecionou muitos inimigos durante a vida, afinal. Terá sido descuido? A culpa por ter sido assassinado foi dele mesmo?

Seja como for, nessa nova vida Tanya tem feito um esforço razoável para não criar inimizades. Não que trate todos a pão de ló, muito longe disso, e as circunstâncias ajudam também. Ser um oficial militar tem suas vantagens afinal de contas, principalmente quando seu país está engolfado pela guerra. Para Tanya existem dois tipos de pessoas: as que estão hierarquicamente acima dela e as que estão hierarquicamente abaixo dela. As primeiras ela busca agradar ou pelo menos não desagradar, e com as últimas ela não se importa para além da obrigação. Nos dois casos ela age cuidadosamente de acordo com seus próprios e egocêntricos interesses. Ela pode salvar seus subordinados se isso for fazê-la parecer bem diante dos superiores tanto quanto pode enviá-los para uma posição perigosa para que morram só porque está irritada com eles. Vimos essas duas coisas acontecerem nos episódios anteriores. Ela diz o que os oficiais querem ouvir quando ela está encurralada ou quando está tentando ganhar seus favores. Vimos essas duas coisas acontecerem nesse episódio.

Ela passou um belo papo no Capitão Uger quando percebeu o estado psicológico frágil deste, ainda mais perturbado por ver uma garotinha, como sua filha, no exército. Uma garotinha que já foi para as linhas de frente e já viu a morte de perto. O conselho que ela o deu foi realmente bom, mas ela não o teria dado se não fosse de seu interesse cair nas graças de um superior e de quebra abrir vaga em um seleto círculo de oficiais conhecido como os Doze Cavaleiros, condição na qual, esperava, teria garantida uma vida longe de batalhas. Com o General Zettour a conversa foi mais tensa pois Tanya esteve na defensiva o tempo todo, mesmo assim conseguiu deixar uma boa impressão. Na verdade, talvez uma impressão boa demais.

Quando não são forças sobrenaturais que controlam a vida de Tanya, são as guerras. Ou os homens mais poderosos – que existem aos borbotões. Ou talvez seus próprios atos, por mais bem pensados que sejam, voltem para lhe morder o traseiro de formas e em momentos os mais imprevisíveis (ainda que no caso desse episódio em particular tenha sido bastante previsível). O controle absoluto da própria vida é, à rigor, impossível. Mas mesmo o controle relativo, menor, parece uma utopia cada vez mais distante quando você não deseja menos do que matar o próprio Deus.

Dessa vez a culpa não foi de Deus, Tanya

  1. Este episódio de Youjo, até foi um pouco satisfatório, neste episódio o protagonista é que sabotou os seus próprios planos.
    Gostei do general, que tramou o protagonista, como é bom, ver o protagonista ver os seus planos arruinados, o raciocínio e o seu conhecimento prévio na sua vida passada, foram a sua ruína. Para quem costuma ser o caçador neste, anime, neste episódio o protagonista foi a presa. O protagonista, foi um tremendo de um filho da mãe, quando soube levar na conversa o capitão Uger, na cena do café, tudo para lhe ficar com a posição (mas foi até bom, o capitão Uger pareceu-me um pouco receoso, de ir para a guerra. Eu concordo bastante com aquele coronel, que diz que a Tanya é perigosa e volátil, a cara de raiva dele quando soube que a Tanya ia ser colocada outra vez nas linhas da frente foi muito boa.
    A única coisa que achei engraçado neste anime, é o facto do protagonista, portar consigo o seu rifle em plenas condições, tudo para, que se um dia ele tiver hipótese, dar um tiro naquela existência X.
    Aquele general responsável pela formação e logística do exército do Império, que está sempre com os olhos fechado e a fumar um bom charuto, ainda vai dar que falar, eu acho que ele é ainda mais frio que o protagonista.
    Agora apareceu outra vez a subalterna da Tanya, parece que cada vez que ela reaparece,o design dela fica cada vez pior.
    Como sempre mais um excelente artigo de Youjo Fábio.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      De certa forma é o que está acontecendo desde o começo, não é? Ele foi assassinado em primeiro lugar por ter demitido o funcionário. Ok, é sua função, mas ele não se importava (e continua assim) e executá-la com desprezo por seus subordinados. Em todas as conversas que teve com Deus ele sempre desprezou e desafiou a entidade que, talvez não seja um deus de verdade, mas é claramente superpoderosa e detém controle total sobre a vida dele se quiser. Já como Tanya tudo o que fez nos campos de batalha (e fora deles) a levou até onde chegou hoje. Ao mesmo tempo é tudo consequência de seus atos, mas ela não agiu para obter esses resultados, eles são motivados por vinganças ou interesses maiores de pessoas mais poderosas do que ela, então eu evito dizer que ela tem “culpa”. Mas o anime naturalmente constrói seus episódios de forma a mostrar essas coisas todas como causa e consequência.

      E também espero coisas grandes (e ruins) do general!

      Obrigado pela visita e pelo comentário =)

  2. Estranho ver um soldado tentar convencer alguém de sair do exército e ele mesmo sair, só não é mais estranho que à Tanya com um rifle mondragon. De qualquer forma, Tanya criou o seu próprio batalhão e, provavelmente, iniciou os preparativos para à Primeira Guerra Mundial.

    Fora isto, ótimo post. Até!

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Colocando dessa forma como você diz parece estranho mesmo, mas achei bastante verossímil no contexto do episódio – a Tanya chegou mesmo a quase me convencer de que estava mostrando um lado generoso dela! Eu precisei ficar me lembrando constantemente que ela era a Tanya, afinal, com certeza estava maquinando algo. E não errei!

      E bom, a guerra em si já começou, não é? Ela apenas não se tornou mundial ainda. Qual será o nome dos EUA nesse mundo? Federação Russi foi de doer…

      Obrigado pela visita e pelo comentário! =)

Deixe uma resposta para Fábio "Mexicano" Godoy Cancelar resposta