Que pancada no final! De súbito, esse episódio se tornou tão ou mais triste que o terceiro, o da garota com uma doença incurável. E a ideia de que o Haruto “salva” as garotas fica cada vez mais difícil de defender. Ele mal parece ter uma vontade própria, mudando de comportamento e de personalidade a cada nova garota, a cada episódio.

Bom, em parte isso se deve à escolha criativa de ter um diretor por episódio, claro, mas acredito que não seja apenas diferenças de ponto de vista, e sim intenção deliberada. Com o tempo descobriremos, suponho.

Mas que seja menos tempo do que a Mirei levou para despertar, não é? Sua história pode ser comparada à da Kayo, do terceiro episódio, como já adiantei. As duas garotas não tiveram uma juventude completa, a Kayo porque era doente, a Mirei porque se tornou uma profissional muito cedo. E não havia nada que Haruto pudesse fazer por nenhuma delas. A Kayo continuou doente e morreu dentro de seu sonho, enquanto a Mirei despertou sim, mas que vida lhe resta? A infância e adolescência ela já havia perdido quando sucumbiu, entretanto sequer a vida adulta ela poderá aproveitar. Tivesse sido uma esportista até o fim, entre os 30 e os 40 ano, se aposentaria, talvez chegasse a constituir família, e teria uma vida diferente da maioria sim, porém ainda confortável, com um pouco de sorte feliz e plena. Idosa, o que lhe resta? Seus pais já devem ter morrido, bem como treinadores e todo mundo que ela conhecia – eram todos mais velhos do que ela, a “criando” desde criança. Sem conhecer ninguém, tendo perdido décadas, ela, além de tudo, despertou em um mundo que mudou bastante. O que resta para Mirei senão noites de dolorosa solidão olhando para o espelho e sonhando com a vida que poderia ter tido?

Eu também entraria em crise se tivesse que vender Chana na TV

Colocando dessa forma, pode até parecer que morrer, como morreu Kayo, teria sido melhor. E talvez seja a intenção de quem escreveu essa personagem, todavia, eu discordo. Não consigo explicar muito bem o porquê discordo, mas apenas não gosto da morte não importa o motivo. Mas enfim, exceto pelo destino da garota da vez, todo o resto desse episódio foi diferente do terceiro. A começar pela aparência – esse foi bem mais, hmm, ordinário, não foi? Faz algum sentido. A Kayo ainda não havia se transformado em bruxa antes da intervenção do Haruto, e seu sonho árido era apenas um reflexo de sua solidão. Com Haruto tudo mudou, e foi muito mágico – mágico como ela acreditava que essas coisas devam ser.

Esse episódio é quase um Death Parade de pobre

Mirei, por sua vez, vivia em seu sonho de bruxa há décadas (provavelmente). Ela não queria nada mágico, ela só queria uma vida comum. E uma vida comum era o que seu sonho oferecia. Uma vida comum ligeiramente romantizada depois da chegada do Haruto e da intervenção da Lily, mas, ainda sim, uma vida comum. E falando em Haruto e Lily, eles foram fundamentalmente diferentes entre os episódios 3 e 5 também. Sabedores de que Kayo estava à beira da morte, Haruto se dedicou intensamente a ela e Lily ficou fora do caminho. Haruto sofreu muito com a perda da Kayo, em um dos momentos mais pungentes do anime até agora. O senhor Gato contou para Haruto o que se passava com Kayo. Nesse quinto episódio, ele omitiu a verdade sobre Mirei.

Vá lá, né? Ela estava apenas velha, não morrendo. Para a Kayo, despertar ou não era irrelevante. Talvez despertá-la pudesse ser considerado mesmo uma crueldade. A Mirei está velha, mas provavelmente saudável para a idade. Ela pode despertar, ainda que o mundo real possa ter se tornado um pesadelo para ela. Mesmo assim, o Gato não deveria ter contado a verdade para o Haruto? Em sua defesa, ele chegou a sugerir que o Haruto a ignorasse, deixasse passar e fosse para a próxima. E a Lily, que parecia estar com ciúme, não se beneficiaria do Haruto saber a verdade? O que Haruto teria feito diferente se ele soubesse a verdade? Pela personalidade dele (ou na falta dela, por sua determinação de ser sempre solícito aos desejos das garotas) eu tendo a acreditar que nada mudaria. Mas Lily, talvez, tenha pensado diferente, não contou nada e tomou de Haruto o papel principal – que ela exerceu com um pequeno porém: ao invés de condescender com a garota, como sempre faz o Haruto, deu-lhe um sermão no final. Para o propósito de despertar, funcionou tanto quanto.

Lily sorrateira.

Um padrão que vale a pena começar a prestar atenção é que todas as garotas até agora tiveram romance envolvido em algum momento. A primeira caiu em sono depois de ser enganada por um canalha que fingiu gostar dela. A segunda parece ter se apaixonado pelo Haruto. A terceira definitivamente se apaixonou pelo Haruto. A quarta caiu em sono (mais ou menos, ela não entrou em coma, mas desenvolveu uma segunda personalidade enquanto dormia) depois de seu namorado terminar com ela, e se recuperou quando retomou a autoestima e decidiu encontrar um novo amor. Essa, ficou claro, queria muito um romance adolescente em sua vida ordinária. Não sei o que deduzir ainda, vou apenas continuar pensando nisso pelos próximos episódios, e qualquer coisa torno ao tema em meus artigos futuros. Até!

“Eu sou a rainha do mundo!”

Comentários