Citrus – ep 10 – Inverno do amor
Cada vez mais ver esse anime tem sido uma experiência ruim para mim, ele me desagrada bastante e depois desse episódio me fez perder praticamente todo interesse que eu tinha em comprar o mangá caso ele venha para o Brasil. No geral, foi até um episódio consistente porque seguiu apresentando a mesma história ruim e mal executada que, ao meu ver, já se tornou a “marca registrada” dessa obra.
Ainda tinha um fiapinho de esperança de que a Yuzu não iria rejeitar a Mei – ao menos não sem explicar os seus motivos –, mas esperar isso desse anime se provou demais e o que vimos foi a Yuzu retroceder quando viu em sua frente a oportunidade pela qual ela tanto ansiava, uma chance de poder assumir para a Mei o que sentia por ela, de ser correspondida e de a partir dali engatar uma relação amorosa – mesmo que ainda “as escondidas”. Atitude essa que eu até entendo, ela sentiu medo de toda a dificuldade que acometeria as duas a partir dali, mas não consigo não ver problemas na forma como a situação prosseguiu, pois ela apoiou e ajudou a Mei a história toda e se machucou bastante no processo para rejeitá-la na hora H, dando pra trás sem nem ao menos tentar se explicar.
Passou-se mais ou menos um mês e nada das duas conversarem direito sobre o acontecido apesar de morarem no mesmo teto, comerem da mesma comida e dormirem na mesma cama. Ainda por cima, apareceu a bem feitora Matsuri para dar uma dica – até boa, vale dizer – para a Yuzu se tocar que estava vacilando, o problema é ser exatamente a Matsuri a falar isso. É sério, se até a Matsuri tem mais bom senso que você é porque a coisa tá feia! Depois desse momento clichê e irritante vem a bendita viagem escolar na qual o atraso da Yuzu acaba a proporcionando um encontro do “destino”.
Antes de falar disso, preciso dizer que achei bem irritante a interação das irmãs em um primeiro momento, mas o pior não foi nem isso e sim o fato de que elas tinham conhecido a Mei antes, mas o anime omitiu completamente essa cena. A personagem chega a falar e falar desse encontro e nem depois ele foi mostrado, é sério? Okay, vou engolir isso, mas confesso que também achei estranho o fato delas serem meio diferentes – uma mais alta e mais “carnuda” que a outra –, mas eu que devo ter faltado umas aulas de biologia para não lembrar que tal coisa é possível entre gêmeos idênticos.
Voltando ao encontro da Yuzu com a irmã mais velha, não acho que tenho muito o que falar disso, só que achei bastante irritante essa obsessão da personagem nova com o destino – será que ela sabe que se tornou uma personagem ruim de uma história pior ainda? – e que eu acho “engraçado” ela ter tido mais interação com a Yuzu e estar é interessada na Mei – vai entender as colegiais japonesas.
Verdade, outra coisa voltou a me incomodar nessa parte, o fato da nova personagem ter uma mente bem mais aberta e “esclarecida” sobre relacionamentos, não se importando com distinções por sexo e sim pelo que a pessoa é – mesmo sendo ruim, porque a Mei é uma tosca e ela ainda assim gostou dela, né… –, enquanto a Yuzu dispensou a garota pela qual está apaixonada porque a sociedade está martelando na cabeça dela que aquilo é errado e que vai ser o fim do mundo se ela aceitar o que sente e der vasão a isso quando na verdade não há nenhuma pressão clara quanto a isso no entorno dela. Okay, sei que a sociedade vai julgá-las se elas se assumirem e que elas vão enfrentar grandes dificuldades, mas custava mostrar isso de alguma forma? Melhor, custava balancear esses exemplos de uma sociedade retrógrada e machista com exemplos de que há pessoas que não pensam assim. O segundo caso já foi mostrado através da Matsuri e da nova personagem – da qual não vou lembrar o nome mesmo –, mas o primeiro foi mostrado pelo avô que viu as garotas se pegando e não fez nada demais quanto a isso? É, ele tentou expulsar a Yuzu, mas depois isso se reverteu e não se tocou mais no assunto. Resumindo, acho que quando lhe convém a autora saca mão dessa ideia de que as duas serão massacradas pela sociedade, mas não trabalha isso direito, dando a entender que o caminho para que elas fiquem juntas não é tão difícil quanto ela faz parecer ao melar o que seria uma “evolução” nesse “relacionamento” delas. Quando quer ela azeda o negócio sem pudor algum, hein!
No final do episódio as coisas voltaram ao normal e a “sensatez” da Mei deu lugar a sua insensatez já característica, pois ela ouve a amada se declarando e a rejeita. Será por orgulho? Será porque ela só adora ser babaca mesmo? E olha, até gostei dela ter aberto o coração e tudo, mas mesmo nessa sua atitude, e na falta de ação para conversar sobre o ocorrido depois, o que eu vi foi a pessoa orgulhosa e egoísta que ela é. Okay, ela era assim mesmo e a gente já sabia disso, é verdade que as pessoas não mudam da noite para o dia, mas é sério que ainda nessa altura do campeonato a Mei continua esse ser humano horrível que se magoa por levar um “não” depois de ter dado tantos “não” e “defende” o seu ego ignorando a Yuzu, pondo ela contra a parede quando é inevitável e então “dando o troco”.
Definitivamente, a autora de Citrus conseguiu estragar a Yuzu, continua usando a Harumin apenas como uma ferramenta idiota de roteiro – ora para a comédia ora para ser útil a Yuzu, mas nunca para nada que aproveitasse de verdade algo que a personagem poderia oferecer a história – e deu uma evolução para a Mei só para deixá-la de lado quando ela quisesse. Não poderia esquecer da vilã com “a melhor motivação do mundo” que reapareceu como uma conselheira até que boa, e das novas personagens que só apareceram para fazer o anime render até o que deve rolar em seu final: a Mei e a Yuzu finalmente ficarem juntas. Se nem isso acontecer não vou mais saber o que falar de Citrus…
Enfim, outro episódio ruim de um anime ruim que deixa um gosto ruim na boca de quem o vê com um pingo de bom senso e não é um fã recorrente da história – eu sei que quando se é muito fã de uma coisa você pode até achá-la ruim, mas ainda deve continuar a “adorando de paixão” –, pois se você conheceu a obra Citrus por esse anime e está adorando ele, acho que já deu para sacar o que eu penso disso. Me despeço sem qualquer esperança de melhora, apenas esperando ansioso pelo fim.