Se a relação Chio-Manana domina o episódio 4 com situações em que os bons e velhos costumes conduzem à pergunta “Elas são mesmo amigas?”, no quinto episódio temos a exteriorização desse questionamento. Com a amizade à prova, ou melhor, precisando ser provada, as garotas criam o melhor momento da série até agora: a dança Mananacchio, que é tão emocionante e engraçada, que torna viável a sentença de Manana dita a Momo de que só pessoas sem amigos tem uma visão idealizada do que seja a amizade.

O episódio consegue sua comicidade de ocasiões nem tão originais, mas as apresenta de modo divertido e mantendo o nível de loucura próprio do programa. Assim, a necessidade de usar o banheiro e os desatinos de Chio e Manana rendem grandes momentos. Risadas fáceis, risadas colossais.

Chio-chan em apuros: aquele engano de entrar no banheiro errado…

Na primeira parte, Chio, por beber muito chá, precisa urgentemente ir a um toalete. Ela encontra um banheiro público, em frente a um ponto de ônibus, e acaba entrando nele. Como esperado, em nome da comédia, é um banheiro masculino. É uma situação clichê, mas desenvolvida de maneira engraçada pelo diretor e roteirista Takayuki Inagaki, com Chio-chan pensando nas mais mirabolantes e eficientes ideias para se livrar do problema e conseguir deixar o toalete.

Devemos sempre ter em vista que Chio é uma nerd, então sempre haverá referências a animes e jogos online em seus delírios, e que sua filosofia de ser “abaixo da média” está em plena contradição com sua inteligência e habilidades atléticas. Desse modo, ela consegue impedir que homens usem o mictório ao encenar um estado caótico das instalações sanitárias e elaborar um plano para sua fuga. Chio utiliza os recursos que tem em mãos: bolinhas sanitárias odorizadoras (que ela não sabe o que é), um gato, garotas do colegial de minissaias e dois homens de meia-idade. As bolinhas distraem o gato, que por sua vez chamam a atenção das estudantes, que ao abaixar para fotografar o gato, revelam sua roupa íntima (Chio não tem pudor em colocar as jovens em uma posição constrangedora), que captura o olhar dos dois homens (ela apostando no descaramento e fetiche dos senhores). Um plano executado sem a eficácia pretendida, pois Chio fica presa na janela e com a calcinha à mostra. Por sorte, não é vista por ninguém e consegue se livrar do embaraço da queda, apesar de se expor e ter que se virar diante das estudantes e dos velhos tarados.

Improvisando para não se denunciar e passar vergonha. Gatinho salvador da pátria.

Essa sequência demonstra que o carisma de Chio – em um excelente trabalho de sua seiyuu Naomi Oozora – segura qualquer absurdo que a colocarem. Como sua lucidez não a impedem de ser imprudente e se meter em enrascadas, o seu conhecimento precisa ser acionado, proporcionando as circunstâncias para que a criatividade e a insanidade sejam convocadas.

A segunda parte traz a personagem vista no episódio anterior, Momo Shinozuka, membro do Comitê Disciplinar do Conselho Estudantil, que, no afã de ser útil ao orientador estudantil Gotou-sensei (por quem tem uma paixão platônica), decide circular pela vizinhança da escola para verificar quem são os alunos quem fazem arruaça. Ela topa justamente com Chio e Manana, as quais julga erroneamente no início, considerando-as estudantes exemplares. No entanto, Chio arranca uma flor com raiz e tudo de um canteiro e fustiga as nádegas de Manana, que pega um galho para revidar. Elas duelam enquanto Momo se horroriza com o que vê. Em seguida, Chio decide escalar as paredes de um estacionamento e ao completar o intento, é recebida por Manana que bebe e desperdiça água perante uma sedenta Chio-chan. Momo não suporta mais o comportamento delas e ordena que se separem pois são má influência uma para a outra. Daí apresenta sua definição de amizade, no que logo é contestada por Manana, que percebe que a garota não tem amigos.

Chio e Manana jogando o bom nome da escola na lama. Só que não!

Mas, para Mono, infrações foram cometidas e diante da situação pede que Chio e Manana provem a amizade para que ela esqueça as ações das duas naquela manhã. Em dúvida de como comprovar a conexão entre elas, a única opção é dançar o Mananacchio, que tem uma coreografia constrangedora, mas absolutamente divertida. Como a dança foi concebida quando as garotas frequentavam o ensino fundamental, revela o quanto estão acostumadas às estripulias e momentos vexatórios. Momo se convence e ainda se emociona, indo às lágrimas. E para tornar o cenário mais estranho, recebe conselhos de Manana, inexperiente em relacionamento romântico, de como agir com o sensei.

Mananacchio, a dança impagável que revela que amizade e constrangimento andam lado a lado.

Se Chio se garante sozinha, com Manana então a comédia é certeira. A amizade tem esses momentos de vergonha instigada deliberadamente e de tolas provocações. E o fato de Chio e Manana estarem sempre juntas mostra que isso reforça a ligação entre elas e não o contrário. Nesses cinco episódios, descobrimos que Chio é tão “infame” quanto Manana, e que Manana pode ser tão generosa quanto Chio se mostra às vezes.

O episódio é divertido mesmo que não seja tão vibrante quanto os anteriores. Em compensação, temos uma bela mostra de como a série é capaz de criar cenas inspiradas e com muitas referências (como a Naruto Shippuden), e, além disso, entregar algo grandioso e inequivocamente hilário como o Mananacchio.

Não escute os conselhos da Manana, Momo!

Chio-chan no Tsuugakuro permanece em alta com seus personagens carismáticos, que apresentam a dualidade humana (sem moralismos), e seu humor absurdo que tornam o inesperado parte indelével do cotidiano.

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