Esse episódio de Subaru me surpreendeu positivamente tanto no que se refere ao desenvolvimento de personagem, quanto a como a trama foi conduzida – abraçando a proposta clichê sem deixar de apresentar variações nem tão clichês assim –; mas ele teve um probleminha, só que pouco relevante em comparação aos acertos. Dessa vez uma Tríplice Aliança venceu uma guerra impondo respeito!

A Satsuki seria a Alemanha, o Haruto seria o Japão e o Takanori a Itália? Deixando essa brincadeira de lado – isso não é Hetalia, né –, a união dessas três forças para resgatar a donzela em perigo, Asahi, já era mais do que esperada, só que para ela se concretizar a Satsuki precisava se dar conta de algo, e o Takanori precisava receber um puxão de orelha. Um flashback um pouco mais longo foi uma opção acertada, pois por causa dele ficou mais fácil entender a veracidade da rivalidade entre as amigas de longa data. Não é algo unilateral vindo de uma pessoa insensata e insegura como imaginei que fosse.

Aqui eu ainda estava achando ela meio babaca…

A Asahi, e isso foi uma grata surpresa para mim, tem noção do que sente pelo Haruto, ela não é nada inocente quanto a isso, e sabe também dos sentimentos da amiga e de como, ainda assim, ela deseja que seu sentimento vingue. Entretanto, ela não quer “passar a perna” na amiga, mas ter uma disputa justa com ela. No fim das contas, elas estão em uma situação muito parecida, a diferença entre elas é mais referente a personalidade de cada uma do que a maturidade em si.

Afinal, a Asahi tem a mente de uma garota de 10/11 anos, mas é a Satsuki que fica emburrada quando não é ela que “fica bem na fita”, o que é imaturidade sim, mas pelo menos no que tece a relação dela com o Haruto, e a própria Asahi, tem muito menos a ver com o tempo – o tempo de convivência entre eles é quase o mesmo – e sim com a diferença de percepção de cada uma – a forma como veem o que está no entorno delas.

Mas depois eu vi que não era bem assim…

A Satsuki não é uma garota que fica emburrada por nada, ela se frustra e a forma como ela lida com isso se estampa no rosto, nas atitudes e no humor; enquanto a Asahi me parece muito mais o tipo de pessoa que tem um desejo pessoal forte, mas dá mais valor ao grupo, se dando ao trabalho de uni-lo e fortalecê-lo para só assim investir em um desejo egoísta seu – a justificativa dela para o despertar de seu poder exemplifica bem isso –, além de lidar com a frustração de uma maneira mais maleável.

Confesso que ainda acho a Asahi bem mais agradável do que a Satsuki, mas o flashback, e o que ela fez depois, a redimiu bastante, porque a relação das duas é mais saudável do que ela aparentava ser. Uma reconhece a outra como sua rival e busca uma vitória limpa e justa, seja no jogo, seja no amor.

Agora eu acho que a Satsuki também merece um pouco de compreensão.

É ciente disso que a Satsuki busca a ajuda do Takanori, por saber que só terão uma chance se ele for junto, aí ela externa magistralmente o que sente, impelindo o garoto a também deixar a insegurança de lado em prol do que ele realmente quer, que é salvar quem ele diz que ama. O Haruto ficou muito forte depois que seu sense despertou e estava até lutando bem, mas não iria vencer, isso era certo, o que deu abertura para a entrada mais ou menos triunfal do suporte e destacou uma qualidade, a boa “química” entre Haruto e Takanori, e um defeito, a falta de detalhes sobre certas mecânicas do jogo.

Logo que os dois ficaram lado a lado a batalha fluiu muito bem, mostrando que a interação entre eles é ótima quando não estão brigando por uma rivalidade unilateral – o Haruto é mesmo um bobão que não percebe que as garotas gostam dele. Mas é quando avançam para o local da batalha decisiva que o defeito que citei incomoda um pouco, afinal, os personagens soltam alguns detalhes sobre recursos do jogo, principalmente relacionado aos senses, mas, ou estou sofrendo de amnésia, ou não houve a explicação dos tipos, do que eles fazem, das classes dos jogadores, do que é mais forte ou fraco, etc.

Brigaram tanto, mas… na hora H mandaram ver!

Na verdade, certas coisas se tornaram compreensíveis ao longo dos episódios, o que eu acho bom, pois explicar de uma forma didática não é nada divertido, mas nesse caso era necessário organizar melhor a informação. Entender o funcionamento do jogo é importante e não impediria o momento apelão da Satsuki, nem o belo combo da Triplica Aliança, afinal, como foi bem destacado no clímax, os senses em si são um cheat – mesmo que possam ser categorizados, suas características próprias os permitem transformar a força da superação em força real –, algo que vai além da lógica do jogo.

Quando você é uma sadista hardcore e encontra pessoas com as quais pode ser você mesma!

O probleminha que citei acima passou longe de estragar o otimo desfecho da luta, que não foi assim tão bom pela ação, mas mais pelo que significou a “virada de mesa” que a Satsuki proporcionou. Foi uma vitória do sense dela sobre o sense da Asahi, o que não tem uma influência direta no confronto pelo coração do Haruto, mas dá certa confiança a Satsuki para continuar tentando. Antes ela havia reconhecido a existência da Asahi para poder vencê-la, e agora ela a venceu ao mesmo tempo em que a salvou. Um embate indireto, é verdade, mas que foi importante para lavar a roupa entre elas.

Então eles têm a visão do que seria o passado da Asahi, mas nenhum deles entendeu do que se trata e isso é algo que deve ser explorado com o prosseguimento do anime em uma busca de informações.

Quanto ao Takanori, esse episódio não foi sobre ele como foi sobre a Satsuki e não proporcionou a sua redenção, mas abriu espaço para isso, para que ele interagisse com os antigos companheiros em pé de igualdade e começasse a se dar conta de seus erros. Tanto é que no final ele se recusa a seguir com os amigos por se sentir frustrado por suas atitudes, precisando de mais tempo para assimilar a situação, o que foi sensato frente a construção do personagem e dá espaço para ir o aprofundando.

Nome do filme: A Tríplice Aliança e a Joia Vermelha dos Mistérios.

O Clive e a Elicia ficaram observando todo o desenrolar da batalha de longe, o que eu gostei porque se eles intervissem seria bem clichê – não é nada incomum os heróis vencerem após a chegada de reforços, né. Gostei também de eles estarem juntos na empreitada de tentar despertar os poderes máximos dos senses dos outros, porque isso faz que a união do Clive ao grupo principal seja apenas uma questão de tempo e torna essa dupla uma boa via de acesso as informações que envolvem os mistérios em torno da Asahi. Eles devem continuar “movendo as cordinhas” para ajudar a fortalecer os outros e, eventualmente, tanto o Clive, quanto a Elicia devem assumir seus lugares na Subaru 2.0.

É praticamente certo que ainda teremos um episódio mais focado no Takanori no qual ele despertará igual a Satsuki e que isso também vai ocorrer com a Asahi – talvez o Clive também passe por isso. A única incógnita que restou é a Nozomi. Já chegamos ao que deve ter sido a metade desse anime e ela sequer deu as caras no período atual da história. Ela não é a Elicia disfarçada, né? Acho que isso seria impossível dadas as características desse tipo de jogo, e não podemos esquecer do envolvimento da Elicia com o passado misterioso da Asahi. Que o provável e (quase) sempre clichê episódio de praia à vista também traga alguma informação sobre essa personagem sumida e mantenha o bom trabalho que vem sendo feito com esse anime nada excepcional, mas consistente e agradável de acompanhar.

O Leão que é forte sozinho, mas imbatível com seus amigos!

Comentários