Bom dia!

Eu não disse que a juíza era um clutter? Quero dizer, estava na cara. Mas havia dois clutters dessa vez! Poxa, como eu poderia saber que isso é possível?

Para dizer que “acertei” que a Mia ia conseguir se transformar contudo eu teria que ser convencido demais, porque isso era mais do que óbvio, esse é o arco dela afinal. E eu errei quando chutei que talvez a Asuka-do-outro-mundo não iria aparecer, afinal já tinha a Nana para lutar.

A Nana não lutou. Pff pra você, Nana.

No arco da Nana, a heroína da vez tinha uma espécie de vida dupla: ela estava inconformada com o novo casamento da mãe e começou a ir mal na escola de propósito para chamar a atenção. Aquela era quem ela era, mas ao mesmo tempo não era.

No final, ela ficou em paz consigo mesma e superou seu passado, conseguindo conciliar a Nana filhinha do papai com a Nana adolescente e com um novo pai.

O arco da Mia foi mais eficiente em destacar essa dicotomia: a Mia fala com todas as letras que ela queria ser uma heroína quando mais nova, mas por pressão do grupo passou a ser mais uma garota fofa conforme cresceu. Não é que ela não goste de coisas fofas e de ser feminina, mas sim que não é só isso que ela é.

A Mia que quer ser forte, defender os fracos e parecer legal fazendo isso continuou existindo, mas reprimida, dentro da Mia menininha.

Akanesasu Shoujo parece ser uma história sobre garotas que estão divididas entre duas identidades. Mais ainda, se as demais seguirem o modelo da Nana e da Mia: uma identidade mais antiga, de quando crianças, e uma identidade nova, adolescente.

A síntese dessas duas identidades é o que permite a elas evoluir como pessoas.

 

É como olhar para o próprio reflexo

É como olhar para o próprio reflexo

 

Outro paralelo óbvio entre esse arco e o anterior: tanto o clutter de lá quanto o de cá obtém sua força da popularidade. Por isso o idol pop estava sendo tão insistente com a Nina e por isso a juíza tinha um esquema tão absurdo de julgamentos por duelo.

São formas diferentes de obter popularidade, mas sem dúvida ambas são popularidade.

O que eu não sei é como o xerife se encaixa nisso. Talvez ele fosse popular também? Talvez só um clutter precise ser popular nesse mundo para que todos se tornem mais fortes?

Suponho que não haja motivo para o xerife não ser popular. Ele era o único xerife da cidade. Ele era o único que prendia criminosos. Homens da lei, especialmente em lugares onde a lei vale tão pouco, são respeitados e populares. Por outro lado a hipótese de que só um clutter precisa ser popular não tem nenhum indício, mas não é um raciocínio tão estranho.

O que é estranho é que o xerife era um cara legitimamente legal. Ao contrário da juíza e do idol pop, quando não estava tramando o fim do mundo o xerife mantinha a ordem de forma bastante razoável e se preocupava com as pessoas – ou agia como se se preocupasse, pelo menos.

A conversa que ele teve com a Mia não era a conversa de alguém que não tivesse empatia nenhuma. A Nana teve dificuldade em seu arco e foi através da conversa com seu padrasto que finalmente se resolveu consigo mesma, mas nesse arco a Mia atingiu o mesmo objetivo de forma muito mais suave conversando com o xerife.

Mesmo assim, ele é o vilão. Ou será que não? Ok, ele quer acabar com esse mundo, acho que isso é suficientemente vil. Mas ele não é só um vilão.

Na maior parte do tempo ele é, de verdade, o xerife. E, tudo indica, foi o xerife, não o vilão, quem contratou a Mia como sua assistente. De novo, assistente de xerife, não de vilão.

Ele era um homem durão, como seu arquétipo exige, e foi com um discurso durão que ele justificou, para a Mia, ter enviado inocentes para o cadafalso. Um homem tem que fazer o que um homem tem que fazer, ele poderia ter dito. Era só pretexto para a vilania que estava cometendo, mas era verossímil porque, provavelmente, ele de fato agia daquela forma o tempo todo, sendo vil ou não.

O xerife era um cara durão, e isso era tudo o que ele era.

 

Mia derrota o xerife - ele nunca foi forte de verdade

 

A Mia, por sua vez, era uma heroína, mas também era uma garota sensível. Desde o começo, pois, ela era mais forte do que ele. E desde o começo, pois, ele não era forte de verdade. Quem não é sensível não é forte.

Talvez os clutters e seu Rei estejam destruindo mundos por falta de sensibilidade. A insensibilidade causa a vilania?

O arco foi bem fechado, e acho que as suas mensagens foram bem mais óbvias. Para encerrar, umas palavrinhas sobre a Yuu-de-outro-mundo.

 

Essa Yuu parece ter algo pela Asuka? Ou está apenas fazendo isso para manipulá-la, a conhecendo bem?

 

Ela é amiga ou inimiga? Heroína ou vilã? Até agora me parece que ela está ajudando as garotas também, do seu próprio jeito, mas está. E ela parece saber mais sobre a Asuka-de-outro-mundo do que a Asuka-de-outro-mundo sabe sobre ela. Isso a permite agir nas sombras e de forma calculista.

Bom, aposto que o próximo arco será o da Yuu. Nele iremos descobrir as respostas para essas perguntas. Até lá!

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