Boa tarde! Como você está?

Não sei se esse era o episódio que queríamos, mas com certeza é o que precisávamos para gostar do Tanigaki. Desde a sua primeira aparição, ele se mostrou um personagem muito razoável – meio que aquele clássico “tanto faz” ou “não fede nem cheira” –, e agora tivemos o prazer de acompanhar um belo episódio contando sua bela história, e bem, como ando meio adoentado ultimamente, talvez seja apenas “coisa da doença”, mas uma lágrima escorreu aqui.

Primeiramente, quero comentar sobre podermos ver alguns dos costumes do povo do Tanigaki. Acho que Golden Kamuy tem uma grande qualidade que é introduzir um pouco da cultura que necessita ser compreendida naquele determinado momento, assim fazendo com os Ainus e agora mostrando um pouco de um outro lado. Como já escrevi, o Tanigaki era um personagem um tanto “sem sal” até então, mas agora me vejo arrastado com a obrigação de ter uma empatia para com ele, e claro, posso até supor que o objetivo de vida que ele tanto procura é basicamente levar a Asirpa de volta sã e salva.

Vejo a felicidade como um objetivo um tanto distante, de modo que a realização de algo pode levar-nos até ela, mas ela não se sustenta sozinha daí em diante, assim, a felicidade depende inteiramente de um vácuo que pode ser preenchido com a realização de algo. A felicidade é como um ciclo vicioso que não se mantém com a posse, mas sim com a falta de algo. Basicamente, a felicidade é a exclusão e restauração da falta que a falta faz.

O episódio também mostra competência em ligar certos eventos que já haviam sido mostrados, além de dizer: “olha, isso aconteceu por causa disso e culminou nisso”, sendo assim, me alegra por ter mostrado que o Sugimoto e o Tanigaki não eram tão desconhecidos assim, além claro, de mostrar linearidade.

Esse foi de longe o episódio que mais me emocionou, digo, foi o único que realmente o fez e, por isso, eleva um personagem de “zé ninguém” para um nível que aqui vou chamar de “presencial”. No mais, o episódio serviu para que o espectador mudasse seu modo de olhar o Tanigaki e o visse como alguém que realmente está ali e merece atenção por ser humano, ter passado e objetivos para cumprir, e claro, serviu também para o meu breve e complicado devaneio sobre felicidade e realizações.

Verdadeiros amigos

Com isso, chego ao meu artigo número 100 em pouco mais de 1 ano. Quero novamente agradecer por você vir aqui e ler o que eu escrevo e compartilho aqui, e claro, agradecer aos membros da equipe que ajudam uns aos outros quando necessário. Até mais!

  1. Não desmerecendo o episódio anterior que foi muito bom, mas este episódio seis da segunda temporada de Golden Kamuy foi excelente, ele simplesmente transformou um personagem quase invisível em um personagem que merece estar presente.
    O Tanegaki até ao episódio 5 da segunda temporada era daqueles personagens que não cheira nem fede, fazia as suas coisas e pouco mais, mas depois deste episódio as coisas nunca serão as mesmas em relação a este personagem. A forma como o episódio contou o passado do Tanegaki também foi muito interessante, o episódio poderia ter mostrado o passado dele como tapa buraco através de um flashback porco, mas não o passado do Tanegaki foi contado por ele mesmo em forma de história para o seu capitão e restante Sétima Divisão de Hokkaido. O passado do Tanegaki foi até bem simples e parecia inocente no começo, a educação rígida dele, a felicidade dele com a sua família, a amizade verdadeira que ele tinha com o Aoyama Kenkichi, depois o casamento da Fumi com o Kenkichi, tudo parecia feliz demais no flashback do Tanigaki. Depois dessa felicidade toda veio a tragédia inesperada, a irmã do Tanigaki foi morta pelo seu próprio marido, deu para senti a raiva incontrolável do Tanigaki nessa hora e deu para entender o porquê dele ter se alistado no exército, era um tudo uma questão de vingança. A parte da entrada do Tanegaki no exército também foi interessante, mas o que foi realmente interessante foi o encontro do Tanigaki com o Sugimoto no acampamento militar em plena guerra, esse momento deu uma grande linearidade à história como mostra que o Tanigaki e o Sugimoto não eram completos estranhos um do outro. Uma coisa que eu achei interessante também foi a questão dos ataques suicidas, já nessa altura o exército usava essa táctica sem sentido algum (os russos faziam o mesmo na guerra Russo Japonesa). A parte em que aparece o Kenkichi na mesma trincheira que o Tanigaki foi tensa, eu já desconfiava que o Kenkichi não fosse um Diabo que matou a esposa, mas nunca pensei que ele se colocasse em risco para impedir que um russo cheio de granadas adentrasse na trincheira japonesa (note-se que aquelas granadas russas eram bem delicadas, muitas das vezes elas explodiam antes do tempo). O momento em que o Tanigaki ia completar a sua vingança é que começaram os feels, o Kenkichi não matou a esposa por querer ou por ser um assassino de sangue frio, ele fez aquilo para aliviar a dor da sua esposa que estava infectada com Varíola. A Varíola é uma doença que se apanhava quando se lidava com gado bovino (em especial as vacas leiteiras), a cura para essa doença já tinha sido inventada na Inglaterra no final do século XVIIi pelas mãos do médico rural Eduward Jenner, mas no Japão do começo do século XX era cura ainda não existia lá. A varíola é uma doença altamente mortal, ela provoca febres altas, provoca crescimento de pústulas enormes na pele e nos piores casos gangrena (dai a Fumi ter coberto a cara, a varíola já tinha deixado marcas irreparáveis na cara dela). A varíola é uma doença altamente contagiosa, dai a Fumi implorar para o Kenkichi para a matar, não só pelo facto que a aldeia caso ficasse a saber da doença dela iria prejudicar a família dela, mas também porque ela não queria contagiar o Kenkichi, de facto a Fumi é que se pode chamar de mulher valente. Deu uma dor no coração quando o Kenkichi dá o golpe de misericórdia na Fumi, ele tentou ao máximo não provocador dor nela, mostrando o quanto ele amava a Fumi. No final quando o Kenkichi morreu, acredito que o rancor equivocado que o Tanegaki sentia por ele tenha desaparecido e ele tenha pedido desculpas por não ter dado o beneficio da dúvida ao seu melhor amigo.
    Como sempre, mais um excelente artigo de Golden Kamuy Carlos Sousa.

  2. Kondou-san, fico feliz que você tenha gostado do artigo e tenha tido impressões parecidas com as minhas, pois isso significa que eu não tive muitos devaneios. Muito obrigado pelo comentário.

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