De uma forma bem superficial, o espaço pessoal seria algo semelhante a uma bolha onde só entra quem você permite. Cada individuo tem seu próprio espaço onde ele pode guardar toda a sua experiência de vida acumulada, quer seja boa ou ruim.

No espaço da Misha só cabia ela própria, a mãe (e por consequência todo o trauma relacionado ao óbito dela), e o seu animal de estimação, contundo, apesar dela exercer o “direito” de escolher as pessoas (e o grau de intimidade) que ela permite em seu espaço pessoal, a garotinha se isolou numa bolha onde o tempo foi parado no momento da morte de sua mãe. Todavia, a vida segue seu fluxo independentemente da menina ter se fechado para o mundo.

Aos poucos, Misha foi criando uma ponte que a conectava a outras pessoas e a outros lugares que não fosse a sua casa, como, por exemplo, a escola. Por mais doido que pareça, a personagem que mais desrespeita espaços íntimos no anime, é a responsável em fazer que a garotinha olhasse o mundo ao seu redor de forma diferente. Ela passou a ter uma vida (quase) normal, e gradativamente, Misha está ampliando o seu espaço, que antes era muito restrito, por decisão própria da garotinha.

Misha ainda não reconheceu o Yasuhiro como seu pai, mas se aproximou um pouco mais do mesmo. Pensava eu que ela não o chamava de pai por pura rebeldia, mas não é bem assim, acontece que ela não se sente íntima o suficiente para o chama-lo dessa forma. Obviamente, ele deseja ter intimidade com a filha adotiva, pois ela é a herança que sua finada esposa deixara a ele, mas mesmo assim, ele respeita o espaço íntimo da menina, pois confiança e respeito é algo cultivado igual uma planta.

A chegada de Kumagoro trouxe um alento para a Misha, que recentemente tinha perdido sua mãe

A Tsubame por mais excêntrica que seja, não quer o mal da sua pequena patroa, e mesmo falhando miseravelmente (ainda bem) nas suas pretensões para com a garota, ela é convidada a entrar no espaço de Misha (mesmo que seja por um curto período).

Há coisas que devemos tirar do espaço íntimo, como, por exemplo, os traumas. Claro que não é fácil superara-los, mas não devemos deixar que experiências ruins pautem a nossas vidas o tempo todo.

A garotinha transformou algo (a neve) que trazia lembranças ruins em uma coisa que pudesse trazer boas lembranças, mostrando que no espaço pessoal, há também mudanças de perspectivas, ou seja, algo que antes era considerado uma experiência ruim (ou remete a uma situação traumática) pode ter o seu significado alterado (o contrário também pode ocorrer).

De forma sutil, deu para notar que o anime inseriu situações sérias no meio dos momentos mais descontraídos. No final do décimo primeiro episódio houve um momento de tensão onde a expressão da Misha se transforma em pura raiva pelo fato que a coisa mais íntima de seu espaço ter sido violado, mesmo que de forma não intencional pela suas amigas, que passaram por momentos de “terror” durante à noite. A empregada tomou uma atitude corajosa mas ao mesmo tempo arriscada, mas que preservou a amizade de Misha com as suas colegas de classe, mesmo que para isso ela sacrificasse (não só seu emprego) mas como a oportunidade de um dia fazer parte do seleto grupo das pessoas que podem fazer parte do espaço pessoal da garotinha.

Misha com dificuldade para confiar completamente no Yasuhiro

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