É por episódios como esse que eu adoro esse anime. É hora da quinta parte de Jojo aqui no Anime21!

O final do episódio anterior já tinha cantado essa bola, que o Aerosmith estava enfraquecido e que o tamanho cada vez menor do Narancia o tornava um alvo fácil para o – tanto esperto, quanto idiota – Formaggio.

Era só questão de tempo até o vilão pisar no mocinho, porque não é incomum que quem tem traços de complexo de inferioridade – foi o que a personalidade dele deu a entender – aproveite quando tem a chance de estar por cima.

Ele só não podia contar com a convicção de um inimigo que, por tanto prezar seus amigos e usar o local a seu favor, faria de tudo para saborear o gosto da vitória.

Era assim que eu me sentia quando acordava em uma sexta-feira sem Jojo 😭…

Um gato titã não poderia entrar em seu caminho, caminho que no passado parecia pré-determinado, mas quando o estenderam a mão, ele a agarrou e passou a entender uma ou duas coisas novas sobre a vida que talvez nunca aprendesse na escola ou ao lado do pai que aparentemente o desprezava.

No que diz respeito aos passados dos gângsters, acho que esse do Narancia mostrou um bom equilíbrio ao tanto não se prolongar no drama, quanto não deixar de conferir ao personagem algo “marcante”.

“Naquele dia, o Narancia se lembrou do medo de enfrentar um gato mesmo sem ele ter Stand.”

Acho marcante que mesmo tendo sido traído uma vez ele não tenha abandonado a convicção de que a amizade seria o apoio que ele perdeu quando a mãe falecera e que nunca encontrou em seu pai.

É como se ele fosse um Abbacchio menos desconfiado e que dá 100% de si para os seus companheiros. Alguém pouco letrado que talvez não saiba fazer uma conta matemática, mas sabe valorizar os laços que constrói ao longo de sua vida, enquanto seu inimigo só quer poder para aplacar a mediocridade.

Por trás de todo homão da porra sempre existe outro homão da porra, isso é fato!

Uma luta entre duas pessoas que não voltam atrás em suas convicções não poderia acabar de outra forma senão em um choque cara a cara, olho no olho.

Mas antes de chegar até esse ponto a teia de aranha tenta prender o jovem Narancia e ceifar seu destino.

É Jojo, então assistir alguém minúsculo enfrentando um inseto chega a ser normal, mas você, caro(a) leitor(a), reparou na boa qualidade da animação da cena e que também prepararam todo um clima de beco sem saída antes da reviravolta?

Ele ainda é muito jovem pra ficar tirando teia de aranha (risos),

É clichê, mas filmes blockbusters – os famosos arrasa-quarteirões – sempre o são e nem por isso não têm seus méritos, então qual é o problema de fazer o público achar que ele perderia – e entregando os companheiros ainda que sem querer – mesmo estando na cara que os tiros dele não foram à toa?

E digo mais, diferente do tolo Formaggio que tomou suposições como verdade sem qualquer base – como a Trish ter um Stand e esse ser uma pista cabal para descobrir o de seu pai, o que, segundo as partes anteriores, não é necessariamente uma verdade –, o Narancia foi inteligente o bastante para não enxergar muito à frente e se deixar levar pelo fim indefinido, focando em resolver o embate ali.

Repito, o que falta a ele de conhecimento teórico sobre fórmulas e fatos, sobra em conhecimento do que é necessário para sobreviver nas ruas. Não é à toa que ele taca fogo no inimigo e lida muito bem com a próxima reviravolta. Se você não pode com alguma coisa, junte-se a ela e exagere nisso até ver o jogo virar, não faz sentido?

Se espalhar dióxido de carbono foi um erro, bastava fazer dele o acerto, o passo seguro que o daria as melhores chances de vitória. Como em um filme de ação com emoção, foi em chamas que vimos qual convicção era a mais forte: a de lutar só por si ou por si e pelos outros.

Não é justo o herói do battle shounen que fica mais forte quanto tem algo ou alguém a proteger? Um clichê que o Araki adora usar em Jojo e que funciona bem quando ele desenvolve o que está em jogo.

Narancia fazendo pose achando que estava arrasando (e estava mesmo).

Aliás, a animação desse episódio foi bem consistente e a trilha sonora na última cena do combate foi a cereja de um bolo saboroso. O Narancia não completou sua missão, mas sobreviveu para ver outro dia com o mesmo olho que não herdou o infortúnio de sua mãe.

É então que o vitorioso – ainda que derrotado – gângster retorna ao esconderijo e relata o que aconteceu ao resto de seu time. Não foi do nada que o Giorno previu o que ia ocorrer, ele só raciocinou logicamente; e a comunicação entre os capos, ou com o chefe, era algo que já havia sido mostrado antes.

No final Jojo é quebra pau, os caras resolvem tudo na base do tiro e da porrada!

Não é como se na máfia italiana o capo dos capos fosse considerar um subordinado digno sem um serviço prestado, não é? Por isso o primeiro contato do Bucciarati como capo foi com outro capo e não com o chefinho, mas agora que o primeiro ataque dos traidores foi reprimido, o capo de Nápoles mudou seu status de vez na Passione.

O que criou a situação perfeita para o que estava faltando em Jojo, o arco de origem do Fugo. Creio que ele ocorrerá agora, porque ele deve lutar ao lado do Giorno e do Abbacchio e – dependendo do Stand inimigo – a falta de força bruta dos dois pode dar ao loiro gentil a chance de pagar o ingresso.

“Enquanto outro Brojo não dá as caras, pode deixar que eu roubo a cena!” Ghirga, Narancia.

No geral esse décimo primeiro episódio foi muito bom, marcado pelas cenas bizarras de praxe e por um arco de origem que eu não sabia que precisava ver, mas do qual gostei bastante – e que até me faz ver o antes pirracento Narancia com outros olhos.

Só me incomoda essa falta de ação do Giorno na trama. Ele anda muito apagado no anime, mas espero que ao menos sirva de suporte tal qual fez no arco do Abbacchio – no do Mista ele sequer faz algo de útil – e que a “segunda missão do chefe” renda outra boa luta.

A título de curiosidade, novos Stand não foram apresentados nesse episódio, mas você, caro(a) leitor(a), viu uma referência ao filme A Casa de Cera em certa cena do Narancia?

Não sei se isso é coisa do Araki, afinal, o filme de 2005 – que eu já assisti, mas do qual não lembro de nada – trata-se de um remake de um remake bem mais antigo; ou se foi só homenagem da produção do anime.

Como a imagem em si foi usada na capa do filme lançado nesse século creio ser o segundo caso. De todo modo, recordo de ter gostado desse filme de terror, então deixo aqui minha indicação.

Que o próximo episódio faça bom uso desse combo de três heróis aparentemente tão diferentes! Eu confio na capacidade de Jojo de ir aumentando cada vez mais seu nível de bizarrice e a qualidade da trama – ainda que com defeitos que devem ficar mais claros com o passar do tempo. Até a próxima!

Vamos ver se esse trio dá pro gasto ou só tem roupinha descolada!

  1. Só passando aqui para dizer que peguei as primeiras publicações de Jojo Bizarre em Novembro de 1988 na banca…E lá se vão 40 anos…E ó manga não tinha nada a ver no começo era totalmente “bizarro”…

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