Merc Storia – ep 10 – Nem tudo que não tem asas não é anjo!
Entrando na reta final, Merc Storia nos apresenta em seu décimo episódio uma jornada pelo reino dos céus. Considerando o pontapé inicial que foi dado, posso dizer que existe um bom potencial tanto em termos de possíveis dramas sociais e familiares, como também o desenvolvimento que era necessário a nossa pequena Merc.
Levando em conta que as águas que moveram o moinho da história de Merc e Yuu eram exatamente as questões do crescimento e descobertas dos dois – e o acréscimo do pai dele e a falta de memória dela -, nada mais lógico que num dado momento optassem por tirar um pouco do foco nos contos individuais dos outros reinos, e começassem a explorar essas vertentes do enredo em alguma das paradas.
Antes de continuar com o foco do dia, vou apontar algo que me chamou atenção logo no comecinho e que não ficou bem esclarecido pra mim, que foi exatamente a questão dos pais de Yuu. O anime ainda não nos deu detalhes, apenas pistas, mas nesse episódio Yuu fez uma afirmação que desconstrói a ideia de que os dois estão mortos, já que ele fala na possibilidade de voltar ao reino pra visitar a mãe – já o pai, só Cristo sabe o que aconteceu, mas tenho para mim que ele deve fazer uma hora extra no fim da série -.
Enfim, voltando ao nosso ponto atual, o reino dos céus se assemelha a um Vaticano da vida, um lugar sagrado e com fortes fundamentações religiosas nos seus habitantes. Acho que a diferença mais clara pra mim entre um e outro, seria o fato de que no Vaticano você pode visitar e conhecer, já o reino dos céus é proibido pra qualquer ser terreno – porque todos lá acham que qualquer coisa que não tenha asas e auréola é impura -.
Yuu e Merc chegam a esse lugar por acidente, mas como bons protagonistas, não é por acidente que se farão necessários ali. Merc é confundida com uma água benta suprema enviada por Deus, já que ela tem uma forma aquosa e ainda fala, e é nessa hora que se começa a trabalhar uma possibilidade pra descobrir a real identidade dela – já pensaram se ela é mesmo um ser com poderes e posição única no mundo e ninguém sabe? -.
Em vias normais penso que ambos seriam presos pelas leis de lá, mas como Merc teve o álibi da sua “nova” identidade, conseguiu ser salva e foi levada até a líder. Yuu já que era um ser terreno não teve muitas chances de se defender ou render algo e já foi levado pra o xilindró isolamento sem muita conversinha.
No isolamento fica mais evidente a hierarquia que o povo angelical criou, com o tamanho das asas de cada um e a existência das mesmas, determinando a condição individual e o “nível” dos pecados carregados. Ultos nos é apresentado como uma das vítimas dessa legislação estranha, se apresentando a seu novo companheiro de cela como um isolado por não possuir suas asas.
Ele foi abandonado cedo pela família, e seu irmão (aparentemente pra protegê-lo de um destino pior) o colocou na ilha isolada. O que é interessante é que mesmo sem possuir asas pra voar e ser considerado um ser mais puro, ele ainda possui uma auréola e na sua opinião isso é mais do que o suficiente para ainda se considerar parte do povo e possuir o mesmo orgulho distorcido que eles tem, somado a sua própria infantilidade.
Mesmo ouvindo a historinha do colega e ciente de que a possibilidade de sair dali era próxima de zero, Yuu mais uma vez mostra a força de sua ligação com Merc e o seu avanço pessoal, mostrando que é capaz de ter boas ideias e de trazer variedade nas suas habilidades, usando um monstro pra por em prática seu plano de retorno a ilha principal e buscar por Merc.
Sendo sincero, o povo do reino não me pareceu desagradável ou maléfico, apenas são vítimas de suas próprias concepções e as seguem à risca sem analisar muito as situações, como a gente vê hoje no nosso plano terreno. O curioso é que a Santidade, é uma mulher extremamente tolerante e gentil, na verdade arrisco a dizer que pra alguém em sua posição e debaixo das regras que conhece, ela é bem mais flexível que o esperado.
Embora ela tenha toda essa aparência, no seu diálogo com Merc ela me passa duas impressões. A primeira seria de que aquilo que deu a ela o status que possui é o que mais a “fere” (as suas imensas asas), já a segunda, de algum modo parece relacionado aos conceitos que os outros tem (e que estão enraizados ali) e ela demonstra não ter e nem seguir a mesma linha – mesmo sendo a líder e o alvo de adoração de todos -.
Não sei se ela vai ser arrolada em algum drama particular como aconteceu até aqui, mas não acho que o papel dela aqui seja passear pela história e ser uma líder que não pense em mudar coisas que a estejam incomodando. Quem é a Santidade e o que se passa na mente dela?
Apesar de parecer tranquila, equilibrada e serena para seu cargo, ela tem uma aparência bem jovem e tem o olhar de quem carrega um fardo grande e talvez pesado demais, e esse é um mistério lançado. Já os demais personagens e pontos soltos da história ainda não foram devidamente explorados, o suspense deixado aqui fica por conta de Ravial, o irmão mais velho de Ultos, que parece ser bem mais interessante do que o comportamento inicial dele sugeriu.
Qual será a verdade escondida por trás desse homem duro e implacável, e o porque das escolhas que ele fez? Essa é a hora de usar a fé e esperar que consigam sanar todas as questões que nos lançaram na parte final dessa aventura.
Nos vemos no próximo artigo e sigam-me os bons!