Bom dia!

Eu gostei dessa Rinako. A voz dela é um pouco irritante mas ela é mais fofa e divertida que a Rin, que é muito sisuda. Claro, isso é um mundo pós-apocalíptico, não precisa nem falar para eu entender isso, os cenários entregam, então eu entendo porque a Rin é assim.

Mas quero ver mais é a Rinako, porque … como assim ela morreu?

Ok, isso veio um pouco rápido demais, eu não estava preparado. Mas acho que ninguém nunca está preparado para a morte, né? Essa animação horrorosa não conseguiu entregar direito a tristeza da Ritsu pela tragédia, mas … tem mais quatro Rinas?

E elas não se importam com a morte da Rinako.

É uma porrada atrás da outra esse episódio …

Esse é o estilo narrativo de Tatsuki, que estourou quando dirigiu Kemono Friends. Está tudo ali: a história simplesmente acontece diante de nossos olhos, os personagens raramente (ou nunca) param para explicar as coisas. Pense em boa parte dos animes de ação ou esportivos, talvez alguns dos seus favoritos: sempre tem aquele personagem que “explica” o que os outros estão fazendo em tempo real.

O que é estúpido se você pensar direito porque é algo que ele já sabe e que quase sempre todo mundo ao seu redor também já sabe, mas na verdade ele está meta-explicando para o espectador. Tatsuki não faz isso – mesmo em ocasiões em que talvez fosse melhor fazer.

Quero dizer, o que é esse mundo? O que são essas garotas ruivas? Por que a animação é tão horrível?? Ok, essa última não. Mas quem é Wakaba? O que são os insetos e a névoa vermelha? Se tivermos algumas dessas respostas, acredito que elas virão naturalmente, não em um infodump.

 

Um, ahn, bonde em cima de um prédio, acho

 

Kemurikusa na verdade é uma animação já antiga do diretor e seu grupo de animação. Parece que ele recebeu um prêmio com isso. Se não se importa em assistir vídeos em japonês sem entender nada, assista a primeira e a segunda parte do curta, lançado em 2012, no canal do diretor no Youtube.

E o conceito é ainda mais antigo. Tem vários vídeos mais curtos (e mais toscos) de Kemurikusa no canal que ele mantém no Niconico. Talvez dê para ter uma boa ideia do que esperar assistindo tudo isso? Não sei. Eu realmente espero por algo novo, ainda que usando um mundo e personagens antigos.

Da atual encarnação de Kemurikusa os vídeos mais relevantes são os curtas que o diretor publicou no Twitter desde o final do ano passado em contagem regressiva para a estreia do anime. Assista os “episódios” de Kemurikusa 0.5, 0.6, 0.7, 0.8 e 0.9. Continua tendo o problema chato de ser em japonês.

Como são curtos (cerca de um minuto cada) e diretamente relacionados ao anime, me dei ao trabalho de assisti-los mesmo sem entender o que é falado.

Imediatamente notável é como o mundo parecia normal no 0.5, ainda que vazio. Conforme os curtas passam, o mundo vai ficando cada vez mais sombrio. A névoa vermelha aparece pela primeira vez no 0.6, mas é uma área bem pequena, e só reaparece no 0.9, no que ou foi só efeito ou foi muito maior do que o que apareceu anteriormente.

Três personagens além das personagens que vimos no anime aparecem nesses curtas. Esse pôster de divulgação do anime “mostra” elas: como silhuetas de fumaça vermelha, na metade de baixo. Estão mortas, não estão? Uma delas aparece no 0.5 e depois nunca mais. Vou chamá-la de Rióculos. Porque todas elas têm nomes iniciados com “Ri” e a característica exclusiva dela são seus óculos. No 0.6 aparecem outras duas, uma que vou chamar de Ricapuz (porque usa um capuz) e outra que vou chamar de Ricano (…adivinha). Outros nomes são citados durante o episódio, provavelmente dessas garotas que morreram, então talvez ainda descubramos quem é quem.

A Ricano só aparece no 0.6. A Ricapuz aparece pela última vez no 0.8. Então a Rióculos morreu primeiro, depois a Ricano, depois a Ricapuz. Não é à toa que a Rin e a Ritsu levam a morte muito a sério e a Rin em particular é super desconfiada do Wakaba.

A Rina só aparece clonada, e em seis, no 0.9. Suponho que ela tenha adquirido essa habilidade de se multiplicar comendo qualquer coisa entre o 0.7 (que é dela comendo um pedaço de cano e a Rin aparentemente espantada) e o 0.9. Mais ainda: Midori, a árvore, só surge no 0.9, como um broto, quando elas supostamente já lutaram e morreram. As Rinas desse primeiro episódio não sabem o que é lutar sem as folhas de Midori, então acredito que a primeira Rina a morrer, das seis, tenha sido justamente a original. Isso também explicaria porque elas não se abalam com a morte de outra Rina.

 

 

Ufa! Quanta coisa – e nem tratei especificamente desse episódio direito. Assim como foi com Kemono Friends, boa parte da diversão de assistir uma história de Tatsuki é a intriga e a curiosidade que sua narrativa instilam.

Mas nesse aspecto, devo dizer que esse primeiro episódio não fez muito. Apresentou um mundo devastado, um grupo de garotas humanas que parecem ter adquirido super-poderes comendo as folhas de uma árvore mágica, e que lutam contra os insetos vermelhos, que parecem ser um amontoado de sucata que adquire vida – e que têm vozes assustadoramente humanas quando gritam.

A névoa vermelha causou isso, ou é resultado de alguma outra coisa? Agora elas buscam por água não só porque elas precisam, mas porque provavelmente Midori, sua árvore mágica da vida, também precisa – talvez até mais do que elas. E um humano apareceu do nada. E ele parece não saber de nada.

 

 

Pelas reações que eu andei lendo, quase todo mundo parece acreditar que Wakaba é uma pessoa que veio de outro mundo ou de outro tempo nesse mesmo mundo – ou seja, Kemurikusa seria uma espécie de isekai. Eu não sou tão rápido em decidir isso.

Wakaba pode muito bem ter sido criado ali, ter surgido naquele mundo mesmo por forças endógenas. Assim como é o caso dos insetos vermelhos. Eles não parecem vir de outro lugar, mas sim ser lixo inorgânico que adquire vida graças à névoa vermelha e busca atacar o que resta de vida orgânica: as irmãs e a árvore.

De um jeito ou de outro, Wakaba talvez nem seja um personagem no sentido exato da palavra. Bom, ele é um personagem, claro, mas o que eu quero dizer é que ele talvez não represente uma pessoa, um ponto de vista, uma opinião. Seu excesso de curiosidade, ingenuidade e altruísmo nesse episódio podem derivar do fato de que talvez ele seja uma espécie de avatar para o que seja a humanidade. Ou algo assim.

As garotas deixaram de ser humanas para sobreviver nesse mundo, a ponto de não reconhecerem em Wakaba um companheiro de espécie. No fim do mundo, enquanto elas lutam para ver mais uma vez a luz do sol, talvez ele esteja lá para ensinar a elas o que é ser humano.

 

 

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