Você pode questionar a lógica do que acontece em Jojo – na verdade, você deve fazer isso –, mas é muito difícil não se emocionar quando o bicho pega, e foi o que aconteceu nesse arco da missão do chefe. Bucciarati vive para lutar outro dia e enquanto muitos o seguem, nem tudo sai como o clichê tão normal a esses momentos de vai ou racha, o que me levará a comentar muitas coisas sobre esse episódio, mais um dos grandes que Vento Aureo já teve e espero que tenha mais. Viva a Revolução!

Para aqueles que dizem que é impossível resumir um anime inteiro com apenas uma frase.

O episódio começa mostrando o que estava acontecendo do lado de fora no exato momento em que a luta estava rolando lá dentro e isso me deixou confuso sobre o poder do King Crimson, afinal, se há um limite de tempo, também há um limite de área que ele deve ser capaz de observar, isso é certeza.

O detalhe é, isso ocorre no mundo todo? Sim, isso que pareceu, mas por que só o Giorno se tocou de que havia bizarro ocorrendo? Talvez por que estava focado em observar os passos do chefe ou talvez por que ele é o protagonista?

Mas tudo bem, isso rolar nem foi o problema, eu só fiquei na dúvida se o King Crimson consegue ver o tempo parado apenas dentro de um raio limitado e sendo esse o caso, não seria ele suscetível a ataques surpresa de longa distância e em área?

Como ele escaparia de uma situação dessas em 10 segundos? Se ele só pode remover a causa, não o efeito, se o que ele visse uns dez segundos à frente fosse a sua própria morte, e não houvesse nada que ele pudesse fazer a fim de trocar sua vida pela de outra pessoa, ele seria capaz de evitá-la? Já vi um ponto fraco no poder do Rei Carmesim, só me pergunto se o Bruno e seus Bruno Caps conseguirão fazer o mesmo. Continuando…

Quem assinalar a alternativa “It Just Works” na prova vai reprovar direto, hein…

A cena do Bruno contra-atacando foi sensacional, ele mostrou muita força de vontade ao encarar o King Crimson, o problema foi que ele recebeu dois golpes praticamente fatais e ainda conseguiu ter força para se arrastar e pensar em como escapar. Creio que a adrenalina dominou seu corpo depois de ver o movimento do Giorno, foi a motivação que ele precisava para fugir nos últimos momentos.

Nem vou entrar em detalhes de que os golpes deviam ter sido fatais e foi estranho não ver órgãos e fezes voando para todo lado quando a barriga dele foi aberta, porque é um anime, né, certas coisas não são realistas mesmo e nem devem ser, pois a intenção não é chocar por chocar, apenas mostrar a tensão da situação em curso.

Aliás, foi bom ele ter conseguido fugir, pois não expôs uma fraqueza do Stand inimigo, não exatamente, mas o deu confiança para enfrentá-lo no futuro, sabendo que o King Crimson pode até ser “invencível”, mas não é “incontornável”. O “problema” foi esse futuro…

Estou ansioso para ver os dois lutando de novo!

Bruno Bucciarati morreu, ele usou suas últimas forças para se afastar do chefe carregando a Trish, o que ficou claro para mim pela simples cena da mosca no cadáver e também pela curta cena em que seu espirito apareceu e falou com o Giorno – similar ao que ocorreu com o Joseph na parte 3 –, mas então como ele foi capaz de se levantar e fugir dali vivinho da silva?

A cena da tontura dele, como a ausência de sangue e dor quando ele se machuca, me fazem pensar em uma coisa. Giorno deu uma vida temporária ao amigo. Okay, agora Giorno é Deus? Não exatamente, mas ele consegue dar vida para seres inanimados, será que seria impossível dar vida a um corpo morto? Não, não em Jojo, por isso que falei aquilo no começo do artigo. Jojo desafia a lógica, ri na cara dela, mas isso faz parte do que Jojo é. É tão mirabolante que extrapola na bizarrice, é imprevisível, completamente sem noção!

Outra cena que corrobora com tal suposição é a do broche que deu vida a uma tartaruga usuária de Stand. Ele dar vida a tartaruga tudo bem, mas a uma com Stand? Então a tartaruga desenvolver um Stand era uma predisposição genética dela? Não foi por causa da flecha? Isso é bizarro demais, não?

Isso me pareceu bem forçado, mas okay, não é como se não tivesse uma relação do poder dele com o que aconteceu. Além disso, é Jojo, coisas bizarras – sem uma boa explicação – acontecem mesmo.

Enfim, Bucciarati vive! Mas até quando e como? Em circunstâncias diferentes o Joseph seguiu a vida normalmente, então será que isso também pode ocorrer com o herói? Não sei, eu torço por isso, só acho que não vai rolar mesmo, não faria sentido, seria demais, até para Jojo. O que vem a seguir foi, sem dúvidas, o momento mais emocionante dessa parte. Deixei umas lágrimas caírem com o que vi!

Para mais tarde arregalar os olhos em estado de preocupação!

Bruno jamais poderia pedir para que outros morressem por sua causa indiscriminadamente, e nem digo isso pela sua autoridade, pois tinha para tanto, mas porque não seria da personalidade dele – iria contra suas convicções. Ele fez o que achou certo quando se viu em frente ao mal que odiava já há muito tempo.

Seu flashback foi essencial para compreendermos porque ele queria tanto saber a identidade do chefe, porque ele subiu tão alto na máfia apenas para traí-lo, porque ele não poderia perdoá-lo. Mas ele não poderia envolver seus companheiros nisso, não se não quisessem, claro. Foi aí que o momento mais emocionante de Vento Aureo até aqui se apresentou: a decisão dos quatro.

Cada um recusaria ou aceitaria se tornar um traidor por seus próprios motivos. Não pelos do Bruno, não pelos do Giorno, mas por aquilo em que acreditavam, e arriscariam a vida, ou não, para manter.

O primeiro foi o Abbacchio que por ser sempre rabugento não seria assim tão estranho que decidisse seguir seu próprio caminho, longe de todo um perigo sem qualquer ganho certo para ele, né? Errado, muito errado, pois desde que apareceu o Abbacchio é justamente um dos que mais valoriza o Bruno, não só como um chefe, mas como um amigo pessoal em que ele confia, o qual respeita.

Ele pode não ter jurado lealdade a ele e sim a Passione, mas quem nunca traiu em alguma circunstância na vida? E uma extremamente delicada, afinal, ali, pedindo a ele para se decidir não estava seu chefe, mas seu amigo. Não o mesmo que ele perdeu enquanto policial, mas o que ainda podia proteger enquanto o gângster que é, alguém com que ele se sente bem, uma companhia pela qual vale arriscar a vida.

Se me dissessem que ele deveria ter tido outra atitude eu discordaria veementemente, pois aquele é o Abbacchio que conheci há uns quatro meses, esse cara ranzinza e estourado, mas que valoriza aquilo que é mais importante para ele. Seus sentimentos, o viver antes do sobreviver. Do que adiantaria ele virar as costas para o bruno ali e nunca mais conseguir se olhar no espelho por ter fugido daquilo que não queria fugir? Abbacchio ouviu seu coração em uma cena tão emocionante quanto inesquecível.

E o que eu posso dizer dos outros Brojos? O Mista não era o tipo de cara que trairia ou abandonaria os seus amigos, além dele confiar no Bucciarati. E não porque ele é “burro” e não pensa muito em nada – não acho que dê para chamar ele disso –, mas porque ele é alguém que confia nas pessoas e vive a relação que tem com elas com verdade.

Além de que, ali ele tinha amigos, companheiros, caras com os quais ele queria faturar uma grana preta para curtir depois. Mista não sairia do grupo, não seria o mesmo Mista com o qual o Araki nos agraciou até aqui. Com o Narancia e o Fugo já foi mais delicado.

O Mista é um brother que nunca deixaria os amigos na mão!

Dos seis o Narancia é o mais crianção, o mais imaturo, e se não me engano o mais novo. Eu acho até que foi pensando nisso que o Bruno disse que ele não era adequado para a missão, porque desejava protegê-lo, porque achava que ele não daria conta do recado. Sua dependência das ordens do Bruno também era um sinal claro disso.

Diferente do Fugo, ele ficou emotivo demais ao ver os amigos irem embora porque queria ir, mas não sabia se tinha forças, não sentia confiança para isso. Foi aí que ao ver a Trish naquela situação ele viu a si mesmo ali, que o Bucciarati estava fazendo por ela o mesmo que um dia fez por ele. Como ele poderia virar as costas para alguém cuja dor entendia?

Seria como virar as costas para si mesmo, seria como se ele estivesse abandonando a si depois de ter sido salvo pelo Bruno. Arriscar a vida nessas circunstâncias fez mais sentido do que eu jamais poderia imaginar que pudesse fazer. Para seguir vivendo com a dor e a felicidade que obteve após ser abandonado o Narancia precisava lutar lado a lado com seus companheiros para salvar a Trish e salvar a si mesmo!

Narancia se deu conta sozinho do que era mais importante.

O sorriso do Bucciarati quando viu o Narancia nadando em sua direção foi de uma ternura tão cálida, tão amorosa, que acho muito difícil não se compadecer com esse momento, com os laços que foram formados entre esses personagens. Bucciarati os deu um lar, um propósito, salvou suas almas nunca pedindo algo em troca que eles não quisessem ou pudessem dar.

Sei que seguir o Bruno trai a lógica, mas se não o seguissem estariam traindo a si mesmos. Porém, eu não posso dizer o mesmo do Fugo, mas não o julgo por ter “fugido”, muito pelo contrário. No final, sua escolha foi a mais sensata entre todos ali e têm algumas outras circunstâncias que levaram o personagem a sair do grupo nessa hora.

O fato de ele ter um Stand com uma habilidade muito forte e perigosa com certeza ajudou, pois em “condições ideais” seria difícil até mesmo para o King Crimson – talvez impossível – derrotá-lo e isso poderia mudar drasticamente as lutas nas quais ele se envolvesse. Contudo, a única luta na qual ele lutou e ativou o Stand foi justamente uma prova de que há como lidar com ele, há como derrotá-lo, pois, sem os esforços do Giorno e do Abbacchio ele provavelmente teria morrido ali.

Então não acho que esse foi o fator determinante, mas sim o fato de que inicialmente ele foi pensado como um vilão, mas o Araki mudou o personagem e o inseriu no time do Bucciarati, até com uma ideia de torná-lo o traidor a mando do chefe – o que não se concretizou, o Fugo não é nada disso – e, na verdade, além disso o autor passava por um momento difícil na época, optando pelo “desfecho triste” para o Fugo, um tão realista que até chega a ser incomum em Jojo.

É provável, mas ele sobreviver e não viver seria ainda pior!

Eu acho que, se houveram outros fatores que contribuíram para a deserção dele, nunca saberemos de fato, mas tenho certeza de que se tinha um personagem que poderia deixar o grupo esse era ele, e não só porque lutou bem pouco, mas porque entre todos ele me parecia ser aquele menos “conectado” ao grupo, menos influenciado pelo Bruno.

Não no sentido de ser manipulado feito um cachorrinho, mas de ser menos sentimental, de não ter o desapego a outras coisas que os outros demonstraram ao longo da trama. Ele foi sensato, inteligente como era a sua descrição, até o fim. Mesmo tremendo, se abalando e hesitando seguiu seu caminho.

Eu achei a saída dele bem triste, mas entendo o personagem e não o julgo, porque ele realmente foi o mais coerente ali. Mas, como vivo repetindo nos artigos, Jojo é algo que transcende, que desafia a lógica. Na verdade, alguém como o Fugo para aquela missão suicida e de traição não daria certo. Era necessário contar com alguém que não lutava exatamente por si mesmo, mas pelos outros também!

O Fugo não me parecia essa pessoa e foi cortado da história no momento mais apropriado – na hora do vai ou racha mesmo. Enfim, esse arco de Jojo acabou e no próximo episódio – que só será exibido após mais um episódio de recapitulação – devemos ver os principais capangas do chefe em ação. No que se refere a emoção Vento Aureo já está muito bem servido, mas mentiria se dissesse que eu não quero ver ainda mais desse grupo e do quanto Bruno Bucciarati é capaz esteja vivo ou não. Até mais!

E a história continua…

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