Após explorar toda uma construção de família com Shane, chega a hora do anime trabalhar melhor quem é Tao e os segredos que ele esconde por trás da fachada legal e descontraída que ele exibe.

De modo geral minhas suposições estavam corretas, apenas alguns detalhes aqui e ali que fizeram a diferença, mas no fim foi o esperado por mim. Tao precisava de um background sólido pra fortalecer a boa impressão que eu tinha dele, assim como pra apagar as más que qualquer outro tivesse, e foi isso que ganhamos.

No começo dessa aventura ele se recorda de quando conheceu Shane, a solidão e tristeza que os dois carregavam e como começaram sua jornada juntos e como novos irmãos. Na sequência Reina os guia ao novo local e anuncia que o destino deles é exatamente o lugar de suas lembranças – isso inclui as ruins, mas esse detalhe era uma ciência exclusiva de Shane e dele somente.

Durante o planejamento da travessia eles dão de cara com Momotaro, o protagonista da zona do momento e que estava enfrentando uma fase relativamente difícil. O herói tinha vencido a luta como estava programado pra ser, mas por alguma razão maluca, influência clara dos Chaos Tellers, ele ainda não tinha encerrado sua batalha e estava sendo desprezado pelos antigos colegas de luta.

Em sua reunião de equipe, Ex faz uma pergunta bem interessante a Tao e que nos esclarece um certo ponto acerca das transições entre mundos que os Story Tellers podem fazer. Tínhamos conhecimento de que eles eram livres e podiam eventualmente mudar o mundo, mas não esperava que o tempo também fluísse de forma diferente pra eles.

A partir do momento que aceitam o seu dever e começam a viajar pra corrigir as “imperfeições” nos mundos, aqueles com o livro em branco de algum modo deixam de pertencer a aquele mundo como membro original dali. Eles ainda são conhecidos, assim como lendas vão perdurando com o passar do tempo, mas ficam na condição de eternos viajantes num tempo normal enquanto as zonas vão se recriando numa outra velocidade – é um conceito bem coeso se relacionado com a proposta do papel que assumem.

Não muito longe dali eles encontram Onihime, a Princesa dos onis, construindo jangadas com os remanescentes do seu exército, até que Momotaro decide partir pra cima dela e é interrompido por Tao.

Na história original a Princesa os coordena naquele exato momento para atacar um vilarejo humano não muito distante dali, mas no contexto distorcido do momento, ela está fragilizada pelas perdas da batalha e pensa em voltar a sua terra natal pra salvar o que sobrou do seu povo das ações de Momotaro – tendo o imediato apoio do grupo, que entende a posição branda e justa da Princesa.

Julgando pelo padrão estranho de apresentação dos vilões, eu achei que Momotaro era um Chaos Teller inconsciente – o que seria uma novidade interessante pra o enredo – ou então um excelente ator, mas no fim não foi nem um nem outro. Os vilões se revelam como os avós postiços do garoto, que além de contarem uma bela mentirinha pra ele ainda estavam interferindo na história apenas porque sim.

Achei isso confuso, porém interessante. Eles terem agido por conta própria reafirma que as pessoas nos mundos têm uma certa vontade própria, como eu venho dizendo, ao passo que também me faz repensar um pouco a imagem que eu tinha acerca de Curly.

A vilã parecia se importar com os lados A e B de cada história e pra isso ela se valia de personagens que de fato sofriam com seus destinos em algum ponto de seu roteiro – o que embasava a sua condição como uma antagonista que talvez procurasse fazer algo certo do jeito errado. O que acontece, no entanto, é que ela se valeu de pessoas que não passavam por situações de aperto pra modificar uma zona – mostrando que existe a forte possibilidade de que ela queira apenas seguir seus desejos egoístas, que sabe se lá quais poderiam ser.

Ao chegarem com Onihime e seus poucos companheiros a Onigashima, a família Tao encontra apenas o rastro da destruição causada por Momotaro – que estava com a mente completamente lavada pela mentira dos velhos – e vê que agora é “vai ou racha”.

Tao tinha protegido Momotaro uma vez e agora estava relutante em enfrentar diretamente o herói. Era um cuidado normal vide o lado altruísta dele, no entanto havia um elemento que não era de conhecimento geral e que estava associada a mentira que os velhos contaram: Tao foi companheiro de viagem do Momotaro predecessor e viu sua morte de perto – daí o flashback do comecinho.

Esse trecho reforça os laços da equipe – que o protege das acusações – e inclusive me chama atenção, porque Reina levanta um questionamento a Momotaro que põe em cheque seu caráter. Momotaro falava em honra, proteger os inocentes, fora atacado por Chaos Tellers e Onis que tanto condenava, mas não teve escrúpulos pra usá-los em benefício próprio.

Que tipo de herói que se julga tão limpo e digno, faz uso de tais artifícios? Esse questionamento é interessante porque nos leva a mais teorias. Momotaro não estava possuído pelos poderes dos Chaos Tellers, naquela situação ele estava sendo apenas covarde e mesquinho.

A Princesa, por sua vez, estava assumindo uma postura frágil e bondosa que contradiz com seu eu real. Seria essa alteração de personalidades resultado da influência dos vilões, já que o mundo estava num colapso sério vide as cores do céu? Ou alguns personagens simplesmente se mostram aquém dos seus arquétipos agindo de forma dúbia? – não sei, mas já vi que tem uns pontos soltos que infelizmente devem ficar sem respostas mesmo.

De todo modo a revelação também nos esclarece os pontos faltantes do começo e desfaz a farsa do casal de idosos. Tao era alguém que assim como Shane e Ex, fora abandonado por não possuir um livro do destino escrito, mas assim como os outros dois ele decidiu tomar as rédeas do seu próprio destino e ajudar alguém com o seu, na busca por um propósito.

Nesse decorrer o Momotaro da época se apegou a ele e acabou morrendo em batalha pra protegê-lo, mesmo contra sua vontade – diferente das intervenções causadas por Ex, Tao não deu um bom final ao seu protagonista.

O choque de informações incapacita Momotaro, que perde o controle dos Chaos Tellers, deixando a batalha pra os verdadeiros monstros.

A família Tao sabe que o afinamento leva tudo ao seu estado original e mesmo sabendo que naquele momento os Oni eram aliados que reverteriam seu papel, eles preferiram seguir com o processo de praxe.

Tao os vence com facilidade e Reina traz ordem à zona em caos. Depois de vencer, Tao entra em paz consigo mesmo e lembra os ensinamentos de seu antigo companheiro.

A família Tao agora continua mais unida do que nunca, todos passaram a se compreender por completo – falta o background da Reina, mas ela eu espero – e se apoiam ainda mais enquanto cumprem o seu destino não destinado.

Vamos continuar colados nas aventuras dos nossos Story Tellers, e até a próxima!

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