Esse foi um episódio simples que pra mim funcionou mais como uma transição, ao passo que consumou o plano final da dupla, Curly e Loki, pra tomar o mundo das histórias. No país das maravilhas, tudo está de pernas para o ar – na verdade não está, ao contrário, as coisas estão em ordem até demais – e é a Alice que torna a vida mais difícil para seus conterrâneos.

A história da protagonista se baseia nas várias aventuras delas por aquele mundo de fantasia, no qual  ela fazia novas descobertas, amizades e acima de tudo, deixava sua imaginação e liberdade fluírem. Alice é alguém que incentiva as pessoas mundo a fora a acreditarem nas possibilidades e a sonhar sempre, agindo agora de forma oposta ao que significa.

Quando se deparam com a menina e a coelha branca, a família Tao vê a diferença e aposta na chance de que ela pudesse ser o Chaos Teller, mas Reina – fã ávida e admiradora absoluta – não conseguia sentir nada de mal vindo dela e anula a hipótese. Se a condição mais comum para se agir estranho é ser um Chaos Teller, então como se explica a personalidade de Alice e por que as duas estavam afetando negativamente aquele reino?

Alice estava sofrendo de um mal comum a muitas pessoas: a vontade de querer se tornar alguém madura. É comum vermos por aí crianças e jovens sendo relativamente precoces ou agindo de modo a acelerar seu tempo, tudo isso levando em conta aquela coisa da crítica externa – aquela mudança básica, causada pela influência que a opinião alheia exerce sobre você.

Por algum motivo que não ficou muito claro a protagonista estava cansada do fato de ser considerada pelos outros uma sonhadora, inocente e criança ainda. Esse desconforto interno fez ela buscar a mudança e acho que isso é compreensível, no entanto o ponto de vista dela me faz lembrar de algo muito interessante.

Sempre ouvi da minha mãe que queimar etapas não é algo que se deva fazer, justamente porque exige de você coisas que ainda não tem ou sequer entende, além do saldo final não ser bom pra quem embarca nessa onda.

Há uma grande diferença entre pessoas que são forçadas a crescer e as que se forçam a tal, porque normalmente aquelas que são forçadas têm uma razão plausível e óbvia, então a necessidade as capacita para entenderem melhor o que lhes acontece. Já aquele que se força, acaba em algumas confusões mentais justamente por não viver a mesma realidade e é aí que mora o problema.

Alice se alia à Rainha de Copas, que é a Chaos Teller, infernizando a todos com a noção distorcida do ser maduro e executando as ordens da tirana. Por alguma razão senti que uma das responsáveis pela mudança dela foi a coelha, já que ela tem aquele jeito mais exigente, “temporal” e agitado – mas isso foi só uma loucura que passou pela minha mente, viajando no episódio.

Depois de ver o estado de atrito mental da sua ídola, Reina se faz mais ativa agindo como a voz da razão que tenta conscientizar Alice de que ela precisa viver o que é, acompanhando o momento e suas fases. Se ela é uma criança sonhadora, que ela aja como uma e seja feliz com isso – porque quando chegamos à fase adulta, nós vemos o que é bom para a tosse e botamos o pé no chão.

Com Alice aparentemente mais centrada, o grupo se encontra novamente com o Chapeleiro Maluco e a Gata de Março – que são louquíssimos e vivem achando formas de se divertir enquanto fogem da ditadura que Alice impôs -, que durante uma apreensão acabam servindo de veículo até a Rainha de Copas.

Alice engana o time e mostra que não tinha mudado de pensamento, os entregando de bandeja a vilã da zona que os ataca sem piedade. Essa parte é curiosa por dois motivos: primeiro, eu confesso que fico chocado toda vez que a Chapeuzinho é escolhida pelo time, já que ela detém uma força monstruosa e é pouco usada – acho que eles não querem ser tão overpower, mas ela dá um show.

Segundo, porque eu esperava que Ex usasse sua personagem preferida na frente dela mesma, mas quem a usa é Reina – exatamente com o objetivo de despertar a menina de sua infantilidade sem sentido, através do pequeno vínculo que construiu com ela.

Com a vitória alcançada, Reina realiza a afinação apenas para que todos percebessem que a Rainha derrotada desapareceu e Alice não perdeu as memórias. Com isso o time vê a realidade dos fatos: Curly e Loki já avançaram com seu plano e estão usando todas as armas necessárias.

A Rainha não era o único peão usado ali, o Chapeleiro também era um dos seus – inclusive era o Jaguadarte que vimos, disfarçado – e só confirmava a eficiência do esquema da dupla do mal que estava passos a frente da família Tao.

Qual será o golpe de mestre de Curly e como será que os nossos heróis vão se safar dessa última batalha? Aguardo a chegada do próximo episódio torcendo por uma ação mais prolongada – cheia dos avatares de batalha – e com um bom encerramento para o confronto dessas forças.

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