Bom dia!

Sexta-feira passada encerramos uma das mais grandiosas sequências temáticas de artigos até então na história do Anime21: as listas de animes artísticos.

Foram 55 animes, divididos em 6 listas, dos mais diversos gêneros de anime e retratando diversas formas diferentes de arte. Eu, o Flávio e o JG21 escrevemos os artigos, e quase todos os demais redatores (e até o parente de um redator) ajudaram a compor os artigos descrevendo animes específicos.

Caso tenha perdido algum, esses foram os artigos:

6 Animes de artes ocidentais
6 Animes de artes “de otaku”
6 Animes de artes tradicionais japonesas
13 Animes sobre idol femininas
10 Animes sobre idol masculinos
14 Animes musicais

A divisão entre eles é arbitrária – em alguns casos mais arbitrária do que em outros. Mas se é difícil definir quais são esses ou aqueles tipos de artes, essa dificuldade é ainda maior para definir o que é arte.

Anime é arte, não é? Bem como mangás, filmes ou séries com atores (live actions), livros (e light novels, por consequência), todos eles objetos de artigos no Anime21.

Quando escrevo “anime artístico” não quero dizer “anime que é uma obra de arte”, pois, dado que todo anime é uma peça de arte. Nossas listas de animes artísticos são listas de “animes sobre (uma forma de) arte”. E esse também foi o critério da divisão dos animes nas diversas listas. Consulte-as para entender a que exatamente cada uma delas se refere.

Nesse editorial, tento tratar de forma mais geral sobre o que é, afinal, arte em si. Não espere que eu esgote um tema que algumas das mentes mais brilhantes da história da humanidade não conseguiram em milênios. Esse editorial é mais um resumo de diversas definições, com um punhado da minha própria opinião.

 

 

Parthenon

Arte é criação

A palavra “arte” vem do latim ars, que significa técnica. Com efeito, não havia a noção de que as artes que conhecemos hoje (a pintura ou a escultura, por exemplo) fossem algo separado de outras habilidades como a sapataria, a oratória, a estratégia militar, etc.

Em resumo, qualquer coisa que pudesse ser feita de forma metódica após um processo de aprendizado seria considerada “arte”. Quero dizer, não exatamente, porque a palavra não era de uso corrente. Mas o que chamamos hoje de “artistas” faziam parte dos mesmos grupos sociais que profissionais de outros ofícios menos “artísticos”.

A separação das artes de outros ofícios e técnicas só ocorreria bem mais tarde, já no século 18.

 

 

Os seis elementos da comunicação

Arte é comunicação

Se a arte não era separada dos demais ofícios, ainda assim o que chamamos de arte hoje podia ser identificado através de sua função. Com efeito, é assim que olhamos para o passado pré-separação da arte e definimos, após estudos, o que naquele período era arte e quais eram as escolas de arte do passado.

Uma das funções da arte ao longo de toda a história, e talvez se possa argumentar que seja a sua principal ou única função consistentemente sempre presente, é a de comunicação.

Assim como uma conversa ou discurso, ou um texto escrito, querem informar algo a alguém, também a arte tem a função de transmissão de informação. Pode ser a mimese, a imitação, a tentativa de representar uma forma perfeita, informando-a ao observador da arte, bem como pode ser uma mensagem política, sensorial, ou emotiva.

 

 

Van Gogh - Quarto em Arles

Arte é expressão subjetiva

A arte como imitação do real enfrenta concorrência da tecnologia desde a invenção da máquina fotográfica. Em que pese a própria fotografia ser um tipo de arte, o fato é que para as demais artes visuais não bastava mais apenas tentar reproduzir a realidade como a vemos.

Entra em cena então a expressão subjetiva da realidade. A impressão, o ponto de vista interpretado, propositalmente distorcido para destacar alguma característica específica.

É justo mencionar que a arte sempre foi isso também, a emoção e a intenção do artista sempre foram motivos para a arte, é só que em movimentos artísticos mais recentes, e em parte estimulados pela disputa contra a tecnologia, isso se torna mais evidente.

 

 

Kobayashi-san Chi no Maid Dragon

Arte é cultura

Todo povo, em dada região geográfica e período histórico, tem um conjunto de coisas que forma a sua cultura: língua, tradições e costumes, folclore, entre outros, e, claro, também sua arte.

Ao vermos colunas dóricas somos imediatamente remetidos à Grécia Antiga (ou à arquitetura ocidental neoclássica, dependendo do contexto). Escutar punk rock nos remete a um movimento musical específico surgido nos EUA e Reino Unido que depois de espalhou para o mundo no século 20.

Ver um ikebana, bonsai, origami, ukiyo-ê, ou, claro, um anime, nos remete diretamente ao Japão. A qual Japão? No caso das artes tradicionais essa é uma pergunta difícil. O ukiyo-ê eu sei que foi muito popular durante a Era Meiji, então Japão do século 19?

Com animes somos mais confortáveis. Principalmente quem já assistiu muitos animes. Mas mesmo tendo assistido poucos, não é difícil ter uma boa noção da década em que um anime em particular foi produzido apenas observando sua estética.

 

Arte é difícil. Mas animes sobre artes são muito divertidos. Esse artigo não ficou bom como eu gostaria que ficasse, mas as listas estão muito boas. Dá uma olhada nelas – e para não precisar voltar no começo do texto, coloco aqui os links de novo:

6 Animes de artes ocidentais
6 Animes de artes “de otaku”
6 Animes de artes tradicionais japonesas
13 Animes sobre idol femininas
10 Animes sobre idol masculinos
14 Animes musicais

 

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