É estranho quando você assiste algo que no final apenas começou e acabou, sem que você conseguisse extrair algum momento brilhante, ou sequer conseguisse entender para onde a história pretendia caminhar esse tempo todo – se é que essa intenção estava lá. Enfim, Bermuda Triangle me trouxe essa sensação de vazio durante todos os seus 12 episódios, querem saber mais, sigam-me os bons!

O anime vai mostrando o dia a dia de um grupo de cinco garotas sereias num vilarejo pacato – e sem algumas tecnologias, uma verdadeira “roça” – chamado Parrel. Quando imaginamos histórias que involvem sereias, logo pensamos em música, já que segundo as lendas elas são exímias cantoras.

O episódio inicial nos dá uma ideia de que podemos esperar algo ligado ao mundo idol, inclusive me parece que o clã das sereias no jogo ao qual a série se associa (Cardfight Vanguard) é formado por idols, então não havia para onde correr certo? Errado.

A direção segue um rumo estranho e decide trabalhar com essas garotas se envolvendo com o universo cinematográfico e se dedicando com afinco a essa atividade. Apesar de usarem de algumas explicações básicas sobre o assunto e de saber que o foco maior do enredo eram as relações pessoais entre as sereias e o seu eventual crescimento, acho que a série poderia ter investido um pouco mais nos esclarecimentos sobre detalhes de um cinema ou da exibição de filmes – considerando o ritmo lento e que isso era o que as meninas mais faziam, seriam itens bem vindos -, mas não aconteceu.

No desenrolar disso acompanhamos o grupo se descobrindo, correndo atrás de seus objetivos, aprendendo mais do ofício, traçando novas metas e ganhando apoiadores, até a surpresa dos dois últimos episódios.

No finalzinho, o anime nos joga uma situação parcialmente aleatória, decidindo mudar novamente sua trajetória e voltando ao que era para ser, não foi e terminou sendo. É confuso, mas esse é o mundo dos animes gente, onde assim como a BandNews FM: “em 20 minutos tudo pode mudar”.

Tratando um pouco das protagonistas, as garotas em si são bem simpáticas e animadas, no entanto dá para observar que na prática suas personalidades acabam ficando muito parecidas, sendo diferentes apenas no design e características pessoais, por exemplo: Sonata é a curiosa, Canon a garota da cidade grande tímida, Serena é a pesquisadora, Fina gosta de cozinhar e Caro só brinca, mas ainda assim, como estão sempre juntas, pensam iguais, tomam as mesmas decisões, elas acabam atingindo uma unidade meio esquisita que não movimenta as coisas.

Os personagens secundários por sua vez, são mais adultos que as garotas em sua maioria e fazem parte desse cotidiano dando conselhos ou fazendo algo para ajudá-las em suas empreitadas na condição de trabalhadores, conhecedores da vida e membros antigos do vilarejo.

Um ponto que me chamou atenção na série eram os pequenos eventos que ocorriam no fundo do mar, pois como a série acabou se processando de forma que nada relevante acontecia, esses elementos além de mostrar a riqueza latente daquele mundo, traziam um ar de algo curioso que poderia ser trabalhado.

O fato das sereias virem de orbes cristalizados por exemplo, como se fossem pérolas, qual era o porque disso? Algumas das pessoas eram “irmãs de concha”, mas como isso funcionava, de que mesmo lugar elas vinham?

Os eventos naturais e biológicos também eram interessantes de se ver, como a grande onda que ocorria de tempos em tempos e arruinava o que estava em seu caminho, a tempestade de sardinhas que escurecia a superfície e a produção de açúcar marinho que era bem legal. Todas essas eram algumas das poucas coisas que aconteciam especificamente ali e que poderiam ter algum significado maior para a composição da história – e não tiveram.

Bom, apesar de criticar a falta de desenvolvimento de muitos dos elementos que trouxe, acho que o anime tem seus méritos por conseguir ao menos usá-los em algumas circunstâncias e conseguir dar um pouco de vida ao conjunto.

Acho que Bermuda Triangle desperdiçou muito do potencial de seu universo e do carisma de suas personagens, se perdendo na execução do que queriam fazer com as muitas ideias e chegando no que assistimos.

Não a vejo como uma série ruim, ela é apenas constantemente mediana e calma, sem picos de emoção ou acontecimentos, ainda assim isso não a torna impossível de agradar quem procura esse tipo de obra. Obrigado a quem leu este artigo e até a próxima!

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