Bokutachi wa Benkyou ga Dekinai – ep 6 – As consequências de um beijo
Escolas são um paraíso para as fofocas, não é mesmo? Rumores se espalham e o que era 2x vira uma equação que nada lembra a incógnita original. As consequências de um beijo na juventude podem se desdobrar de maneiras inusitadas e nessa idade tudo que afeta o emocional reflete nas atividades do dia a dia. As consequências de um beijo não são algo a se desprezar. É hora de Bokuben no Anime21!
Pela minha leitura do mangá não lembrava que o beijo acidental da Rizu no Yuiga rendia tanto. E isso até que foi divertidinho, verdade, mas não interessante.
Ao menos os mal-entendidos do início desse episódio não tinham só a intenção de fazer rir, mas de também mostrar a Kirisu-sensei quanto a Rizu, a Furuhashi e a Uruka se preocupavam com o Nariyuki e queriam aprender com ele.
E isso derreteu o coração, que não era de gelo, da professora e mostrou uma outra faceta dela, que seu envolvimento nesse caso das superdotadas também tem um fundo pessoal, uma experiência dramática que deverá ir sendo aprofundada já a partir do próximo episódio.
Um episódio em que o estudo seja relevante, é o que eu espero, porque nesse eu até entendo os revezes emocionais que levaram aos desequilíbrios de resultado, mas, tirando que eles vão continuar a estudar juntos, o resto foi só comedia romântica!
O que não está exatamente errado, não me entenda mal, mas Bokuben é tão leve, tudo o que ocorre é tão pouco dramático, que apenas como comédia romântica ele não se sustenta muito bem. A série brilha mesmo é quando ela mistura o estudo a algum de seus aspectos preponderantes; como o slice of life ou a comédia e, claro, o romance, mas não apenas ele.
Enfim, passada essa parte inicial o bobo do Nariyuki conta aos amigos o que aconteceu e dentro do ambiente escolar as paredes têm ouvidos, os ouvidos das paredes têm ouvidos e no final o rumor se espalha como fogo atingindo a pessoa mais interessada nele naquele momento: Uruka.
Eu aposto que você ou um(a) amigo(a) já passou por isso, então deve saber como é chato, principalmente quando o sentimento não é recente e a pessoa não é das mais corajosas para ir lá e se declarar. Mas o problema mesmo foi a Uruka criar mil caraminholas na cabeça.
Eu gostei dela ter perguntado diretamente; ainda que a frase tenha sido uma indireta, até o tapado do Nariyuki se tocaria daquilo; na hora da pressão ela sabe ser ao menos um pouco ousada, mas o resto da situação, e do episódio em si, foi andar em círculos para não chegar muito longe.
Não foi objetivo e disso eu não gostei, gerando outro mal-entendido; ao menos esse tranquilizou a jovem.
Eu me diverti vendo a Furuhashi não sabendo por quem torcer.
Isso, de certa forma, também foi um mal-entendido, é verdade, mas se a gente observar que a prévia do episódio seguinte dá a entender que ela mesma vai ficar balançada pelo Nariyuki em algum momento, então ela não pode torcer por ninguém, porque o caminho vai ser o mais comum: todas irão se apaixonar e, com sorte, só uma não será rejeitada.
A Furuhashi que está correndo por fora vai “entrar no páreo” e a tendência é que nós vejamos mais garotas fortalecendo o harém até o fim do anime. Seria idiota usar cinco personagens nas imagens promocionais e não aproveitar todas elas nesses 13 episódios que o anime terá, não é?
Até curti esse lance dela virar a mestra dele, pois, se ela ouvir muitas dessas experiências, ela vai ficar dividida entre ajudá-lo a entender o coração das outras garotas, ou dar vasão aos sentimentos que se formarão.
Há potencial para comédia aí, mas vejo principalmente potencial para reflexão sobre o que se sente, algo que a Uruka faz, mas sua covardia a impede de fazer algo a respeito, e a Rizu ainda tem que entender como lidar com isso.
Restou a Furuhashi, nossa conhecedora dos assuntos subjetivos, a missão de mostrar ao público como uma garota se apaixona de maneira mais normal, consciente dos prós e contras de se estar apaixonada.
Um dos contras, por exemplo, é saber que as amigas estão na mesma situação. Como ela lidará com isso? Isso dá margem a drama na trama? Não deve dar tempo, não muito ao menos, de abordar isso no anime, mas fica aqui minha reflexão sobre o potencial disso.
Por fim, a Uruka decide dar ouvidos as amigas e segue pelo caminho menos lógico possível. Longe da atitude racional de perguntar não perguntando, ela parte ao “ataque” como se fosse guerra. Mas é a mais complicada de lutar, porque ela não sabe nada sobre o inimigo, sequer se existe mesmo um.
Eu ficaria feliz se eles tivessem conversado para desfazer o mal-entendido – mesmo as constrangedoras cenas da parte final não me chateariam tanto com tudo bem resolvido –, mas o que rola é que outro mal-entendido é criado, um proposital, é verdade – seria um meio mal-entendido? –, só que ele não resolve nada, deixa as coisas em aberto.
Para quem parecia tão ansiosa por saber o que aconteceu a Uruka até que lidou bem demais com esse desfecho, foi um típico, “andar e andar para não chegar a lugar algum”, das comédias românticas.
Ao menos o problema com ela foi “resolvido”, mas, e com a Rizu? Ela ainda precisa se acertar com o Nariyuki para que o relacionamento deles volte ao “normal” e espero que isso ocorra logo, mesmo com a tendência da sensei ter mais espaço próximo episódio.
Aliás, antes de finalizar, gostaria de comentar uma coisa. Fico preocupado com a imagem que muitas vezes animes e mangás passam de relacionamentos afetivos, ou até mesmo de relações basicamente carnais, pois, a linha entre o consentimento e o abuso sempre é mais tênue do que acho que deveria.
Isso pôde ser visto nesse caso, com a Uruka baixando a guarda, se permitindo estar em uma situação na qual ela poderia ser agarrada a qualquer instante. Mas não deveria, claro. Seria a força? Não seria a força? Aparentemente seria consentido, mas a outra pessoa saberia disso ao agarrá-la? O Yuiga iria perguntar isso a ela?
Sei que pela caracterização do personagem ele nunca faria isso, nunca agarraria ela assim do nada, mas falemos só de hipóteses.
E se no começo fosse da vontade dos dois e depois a situação escalasse para estupro? Não é porque ela está apaixonada que se sentiria confortável para ir até o “final”, transar com ele, e é por isso que esse tipo de situação, em que a garota parece que está provocando o garoto para que ele a ataque, não cola comigo e não deveria colar é com seu ninguém!
Você deve se questionar sobre o que leva a ficção a retratar esse tipo de situação na qual a priori não parece existir abuso algum, mas facilmente pode transformar a dúvida em certeza, com normalidade, pois não é normal que o homem agarre a mulher; porque ela tem o decote sensual, a saia mais curta, muito menos porque baixou a guarda.
Seres humanos não devem agir controlados por seus impulsos como animais irracionais que em teoria não são, então não funciona assim, ou ao menos não deveria funcionar.
Independentemente das circunstâncias deve haver consentimento mútuo. Não a sensação de que esse consentimento existe porque a mulher agiu de maneira X, logo queria Y. Isso não deveria sequer ser cogitado, mas infelizmente muita gente pensa assim e se tem algo que procuro fazer é me tornar cada vez mais consciente sobre isso.
Claro, existem circunstâncias adversas, como um casal de namorados que se respeita muito e conhece bem, só que não é o caso do Nariyuki com a Uruka, mais bem longe disso, então não tem desculpas!
Enfim, mesmo com isso não achei o episódio ruim, mas é, ele ficou bem aquém de qualquer um dos anteriores.
Bokuben pode bem mais, já demonstrou isso, e espero que faça isso de novo. Tudo estava bem até o ponto que se tratava apenas das consequências do beijo, depois que a Uruka resolve ir ao “ataque” o episódio piorou e o final dela animada foi sim o mais fofo possível, mas o caminho para se chegar até ele que em nada me convenceu.
Até a próxima!