ID:Invaded é um anime original do estúdio NAZ que teve uma pré-estreia de dois episódios pouco antes de sua estreia oficial na temporada de inverno de 2020. O que achei desse anime investigativo super estiloso e intrincado? Me acompanhe se este for o desejo do seu ID!

Antes de mais nada, você sabe o que ID, ego e superego significam? Se não, saiba que, segundo Freud, o ID é o desejo mais primitivo, instintivo, do ser humano; o ego a racionalidade que dosa e até mesmo combate o ID; por sua vez o superego é constituído pela moral e os “bons” costumes, comuns a (quase) todo ser humano.

Aliás, até mesmo para um assassino em série a moral é algo comum, apesar desta ser engolida pelo ID, e é justamente isso que o anime retrata, as ações de uma divisão especial da polícia que consegue usar uns aparatos loucos para adentrar no ID de assassinos em série e assim prendê-los. Um sci-fi com mistério, né.

O que eu achei? Muito bom, pois mesmo os detalhes que não curti em um primeiro momento (como a insistência do protagonista em reafirmar que é foda ou a trilha sonora indutiva) me pareceram adequados com o prosseguimento da pré-estreia. Por quê? Porque se trata do mergulho de uma pessoa no ID de outra, no caso, de um investigador que o leva a buscar a confiança para concretizar seu objetivo.

O objetivo é prender o criminoso e para isso as ações do protagonista, Sakaidou, foram necessárias, mas eu achei que mais importante ainda foram as ações daqueles ao seu redor, os executivos da divisão. O envolvimento deles explorou bem o primeiro caso apresentado e já deixou claro que o mergulho no ID não deve se limitar aos assassinos. Isso é bom, isso é variação, e variação dentro de algo muito complexo.

Porque a mente humana não é uma reposta definitiva. O roteiro deixa isso claro a partir do momento em que nem mesmo os executivos têm total conhecimento sobre as particularidades das experiências de “invasão”. Aliás, a trilha sonora é excelente, ela pode pegar pelo braço em um primeiro momento, mas já no segundo episódio fica claro que o roteiro e a direção buscam equipará-la. E nem comento o MIYAVI

Ou comento, é serio, ouça MIYAVI, ele vira e mexe trabalha em música para anime e costumam ser bons projetos, como foi o caso de Kokkoku e Tsukumogami Kashimasu. Além disso, a animação e o trabalho dos seiyuus foi todo consistente. Não tenho nada de relevante a pontuar quanto aos quesitos técnicos.

Os dois episódios se explicaram bem dentro de si mesmos, e o melhor de tudo, sem precisar perder tempo com explicações deslocadas dentro do enredo. Para melhorar, foi exposto o passado do protagonista, suas motivações e personalidade, além de ter ocorrido uma certa “ruptura” entre o que ele é nos mergulhos e o que ele é na vida real. Eu esperava o jovem do primeiro episódio, não um prisioneiro.

Tal quebra de expectativa me pareceu muito adequada. Ele só consegue agir com desenvoltura no ID dos assassinos devido ao seu envolvimento pessoal, mas também porque se apoia na figura de seus tempos áureos. Fosse a imagem que ele acessa ao mergulhar o que ele é no tempo presente da história tenho a certeza de que toda a sua confiança e perspicácia seria no mínimo diminuída, afinal, ele já se desiludiu… com a vida, com as pessoas, consigo mesmo, talvez até com o sistema de justiça de seu país.

ID:Invaded deve explorar várias investigações em que a estrutura episódica certamente ditará o ritmo, mas se cada caso contribuir para uma maior compreensão do personagem principal e do mundo no qual ele habita, a trama tende a favorecer um plot maior, a resolução dos mistérios que cercam o assassinato de sua filha.

Isso já pôde ser bem visto no caso de dois episódios explorado nesse início, os quais me levaram a ter uma primeira impressão bastante positiva da obra. Ela não é só estilo e ideias criativas (a ideia do ID fragmentado foi sensacional, vai dizer que não?), mas uma execução madura que toca em muitos pontos pertinentes sobre o que está se passando em tela.

Se seu princípio do prazer é ver anime, veja ID:Invaded!

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