Esse foi aquele episódio que expõe o passado do protagonista e o explora enquanto mantém o ritmo da narrativa, uma decisão acertada após uma estreia que exemplificou bem o modelo do que será o anime.

Sem mais delongas, é hora de ID:Invaded no Anime21!

O trecho inicial em que o Sakaidou fala sobre o assassinato da esposa e da filha foi bem interessante e mais uma vez um ponto negativo em uma narrativa convencional aqui se torna algo bom ao explorar o quão complexo é o personagem, alguém que conta de forma mórbida sobre o assassinato da família, mas, ainda assim, pauta sua vida no arrependimento e no desejo de vingá-la.

Sakaidou é um personagem complexo e questionável, o caso da semana, inclusive, reafirmou isso. A conversa entre o Matsuoka e sua subordinada, além de mostrar um ponto de vista pertinente sobre o mergulho no ID, também tocou nessa ferida ao deixar claro o quanto o brilhante detetive na vida real é mais visto como um criminoso perigoso que alguém brilhante.

Aliás, a imagem que ele preserva de si não faz jus nem mesmo ao seu eu mais novo, já que era um pai e marido ausente, obcecado pelo trabalho, não o homem jovial e brilhante capaz de resolver qualquer caso.

Enfim, sobre o assassino em série da semana a grande sacada da produção foi entregar um caso capaz de dialogar diretamente com as experiências de vida do protagonista sem perder sua carga de originalidade. A ideia de um assassino pirotécnico foi criativa, assim como a representação de seu ID. Sem explicações maiores seria muito difícil interpretar o inconsciente do personagem e é isso o que espero do anime.

A mente humana é complexa e a depender da pessoa suas reações inconscientes podem ser interpretadas de maneiras completamente diferentes. Foi o que vimos nesse episódio, e um detalhe como o das pessoas não identificáveis da Torre contribuiu não só para resolver o quebra-cabeças, como também para prover uma visão única do que era o subconsciente daquele assassino, de qual era seu desejo inerte.

Dessa vez até achei que o Sakaidou foi mais próximo do “brilhante” que no caso inicial, porque não só seguiu a pista do corpo (vou estranhar se em algum caso o corpo da Kaeru-chan não for uma das chaves para o mistério) e se aproveitou bem dela, como foi além, teve raciocínio rápido para tomar a decisão certa na hora certa, pensando de uma maneira que o aproximou da visão “privilegiada” do assassino.

Eu gostei também da criatividade da situação, como o sniper mecânico e o assassino que guiava as vítimas para a morte. É essa criatividade para montar os casos que instiga o público em entender os significados por trás das situações aparentemente sem pé nem cabeça retratadas nos IDs dos assassinos. Nesse episódio o Sakaidou foi quase digno de sua patente exagerada, assim como foi a equipe de apoio.

Nesse caso mais eficiente em prender o criminoso, o que poderia levar a um fim melancólico de episódio, mas teve foi o efeito contrário já que proporcionou uma conversa interessante entre criminoso e algoz, a qual de uma vez por todas deixou claro todo o cinismo e a hipocrisia do personagem principal. Sakaidou de herói não tem nada, muito pelo contrário, ele é apenas um velho amargurado e desiludido com a vida.

A tentativa de suicídio para provar um ponto de vista foi algo brutal e por ter sido praticamente incitada pelo Sakaidou me deixa quase que sem escolha no que tece a enojar o personagem, o que nesse caso acaba sendo algo bom. Eu não torço, eu não preciso torcer, para que ele alcance a paz de espírito, sequer acho que ele mereça, então, se tudo der errado no final ainda vai acabar dando certo de alguma forma.

Sei que isso pode parecer cruel da minha parte, mas mais cruel não foi ele que não dá a mínima para a vida humana? E pior, seu sonho desagradável responde muito sobre a morbidez do fatídico relato inicial.

Sakaidou diz que o pirotécnico é vazio, mas não seria ele o mais vazio ali, já que é alguém que persegue o assassino da família demonstrando um interesse que nunca antes demonstrou por ela em vida? Sua busca por vingança agora me parece ainda mais um capricho, uma vaidade, do que eu normalmente acho que a vingança é. E o pior é ele não se dedicar de corpo e alma nem a um, a família, nem ao outro, o trabalho.

A pergunta certa a se fazer em ID:Invaded é o quanto esse protagonista é uma pessoa quebrada e o quão bem o que ele deseja pode fazer a ele? Ainda não sei determinar uma resposta adequada ao primeiro questionamento, mas algo me parece claro, o segundo já tem uma resposta quase certa. Sakaidou segue por um caminho sem volta, sem salvação, não importa o que faça, nada deve espiá-lo de seus “pecados”.

Até a próxima!

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