Montar uma lista para este mês é algo muito difícil, principalmente porque não quisemos nos focar apenas em revistas de GL (Girls Love) e BL (Boys Love), já que a temática pode ser estendida para muitas outras. Antes de começar mostrando as opções que eu e o Kakeru17 escolhemos para esta lista, queria colocar algumas informações adicionais:

Apesar de muita gente utilizar palavras específicas, como shounen-ai ou yaoi (ou lemon, se quiser algo mais explícito), para o namorico entre meninos/homens, e shoujo-ai ou yuri para namorico entre meninas/mulheres, na real, podemos colocar esses termos na conta do “Boys Love” e “Girls Love”. Não é porque o namoro entre pessoas do mesmo sexo é mais ou menos “selvagem” que vai mudar o nome. É tudo com um nome só.

Os termos shounen-ai, yaoi, shoujo-ai e yuri foram utilizados por um tempo para separar o tipo de trama que poderia vir a acontecer. “Ah, se quiser algo mais light, vai no shounen-ai e shoujo-ai.” Descobri este ano que só separar como “Boys Love” e “Girls Love” é muito mais fácil, mas requer paciência, já que muita gente ainda separa em quinhentas categorias, embora isso muitas vezes facilite.

E essa temática sair não apenas em revistas BL ou GL, mas também nas outras com um público mais variado, é muito importante, já que dá margem para que pessoas que não consomem obras desse escopo se aproximem de temas muito delicados; como a descoberta da sexualidade, a rejeição, o preconceito e toda a dificuldade da vida da pessoa só por ser ela mesma.

Isso é só um resumo mesmo do que pensei ao construir esta lista, e o quão importante acredito que essas considerações são. A seguir, vem a lista de mangás propostos por mim e pelo Kakeru17!

 

Hourou Musuko

Este é um dos mangás que mais merece leitura obrigatória perante às obras de descoberta da identidade de gênero. Nitori Shuuichi é um menino com traços femininos e que gosta de se vestir de garota, e Takatsuki Yoshino é uma menina que gosta de vestir roupas masculinas.

Escrito por Takako Shimura, a história de Hourou Musuko vai desde quando ambos são crianças até o final do ensino médio. Ela é repleta de personagens complexos e a mente deles vai se abrindo para novas possibilidades de aceitação social.

 

Aoi Hana

Outro mangá de Takako Shimura. Tanto Hourou Musuko quanto este ganharam adaptação em anime.  Aoi Hana é sobre problemas amorosos entre garotas, vivenciados de maneira sensível e maravilhosa, além de tudo, se passa entre amigas que ficam distantes a maior parte do tempo, descobrindo o que é o amor de verdade.

E se gostar ou se já conhecer Hourou Musuko e Aoi Hana, outra dica de mangá de Takako Shimura: Boku wa, Onnanoko.

 

Smells Like Green Spirit

Este mangá também é bem sensível ao tema sobre descoberta da sexualidade, porém conseguindo ser brutal em algumas partes. Mishima Futoshi é claramente gay e vítima de um bullying pesado por vários colegas de sua turma.

À meia-noite, para se sentir mais feliz consigo mesmo, adquiriu o hábito de usar o batom de sua mãe e a se olhar no espelho. Vários segredos vêm à tona quando o mentor do bullying descobre que Mishima carregava um batom.

É um mangá sobre autoaceitação em uma cidade pequena onde, por ter um povo de mente fechada, as pessoas são preconceituosas.

 

Koimonogatari

Outro mangá praticamente obrigatório em sua lista. Yoshinaga Yamato é gay, porém, como está no ensino médio, considera arriscado contar tal segredo aos seus colegas de classe, até que, acidentalmente, Hasegawa Yuji descobre.

Ele poderia ser uma pessoa horrível e fazer piadas cruéis, além de contar para o resto da turma que Yoshinaga gosta de pessoas do mesmo sexo, mas assume ser melhor torcer pela felicidade do colega.

Uma história sensível que precisa de atenção e carinho, principalmente na percepção dos detalhes.

 

Given

Um dia ao procurar um lugar tranquilo na escola para dormir, Ritsuka encontra Mafuyu, um garoto tímido e misterioso que carrega uma guitarra e quer aprender a tocar.

Como Ritsuka é guitarrista, ele acaba ensinando o colega e se vê cada vez mais envolvido pela sua voz, ao ponto de convidá-lo para integrar a banda que formou com os amigos Akihiko e Haruki, dois universitários.

É em meio a música, dramas pessoais e a leveza da narrativa que um sentimento começa a surgir entre os dois.

Given teve anime de 11 episódios, que você encontra no Crunchyroll, e seu mangá está sendo lançado no Brasil pela editora NewPop.

 

O Marido do Meu Irmão

Este é um mangá que não tem medo de encarar o preconceito de frente. Yaichi tem uma filha chamada Kana e, como pai solteiro, tem certas dificuldades de cuidar da menina.

Um dia, aconteceu algo que Yaichi não esperava: Mike, o marido canadense de seu irmão Ryouji, o qual veio a falecer em um acidente, apareceu na frente de sua casa.

Logo pensamentos preconceituosos brotam na mente de Yaichi, mas este tenta a todo custo contê-los, enquanto Kana, muito curiosa, faz perguntas inocentes, às quais Mike responde de uma maneira simples e divertida de entender.

A situação para Kana é uma novidade muito bem-vinda, enquanto para Yaichi se torna cada vez mais difícil.

Além de apresentar o preconceito de uma forma real, também são expostos dados importantes sobre a comunidade gay e de sua luta diária por aceitação.

O mangá de “O Marido do Meu Irmão” foi lançado no Brasil pela editora Panini.

 

Yagate Kimi ni Naru

Yui recebe uma confissão do garoto que era muito seu amigo, mas ela não sente nada, percebendo que entende o amor apenas como conceito, que ainda não foi capaz de senti-lo na pele.

Mas tudo muda quando conhece a presidente do conselho estudantil de sua nova escola, Touko, que já recusou inúmeras confissões por também não sentir nada.

Ao passo em que Yui se aproxima de Touko, a garota tem que lidar com a confissão da amiga e os sentimentos que pouco a pouco despertam nela.

Yagate Kimi ni Naru (Bloom Into You) teve anime de 13 episódios que você encontra no HIDIVE.

 

Shimanami Tasogare

Kaname Tasuku é descoberto acidentalmente assistindo um pornô gay. Não que ele estava assistindo na hora, mas estava no seu histórico de celular. Mas que descuido! Todos disseram que o menino poderia ter, pelo menos, colocado no anônimo para assistir o conteúdo.

Kaname fica desesperado, com medo de ser rejeitado por terem descoberto tal segredo, e tenta se suicidar. Nisso, ele vê uma mulher pulando para outro lugar. Tasuku, achando que ela ia morrer, foi correndo atrás, e encontra um lugar onde, aos poucos, ele se torna cada vez mais aceito.

É um mangá no qual diversas maneiras de amor são expostas, não importando o tipo de sexualidade; se é novo, se é velho, nada disso importa. A maneira é viver sendo você mesmo, apesar de todo o preconceito presente.

Mangá destruidor, prepare o coração!

 

Minha Experiência Lésbica com a Solidão

Auto-biografia em mangá de Kabi Nagata.

Após se formar, Nagata não conseguia emprego fixo. Tinha ansiedade paralisante que só piorava com o tempo. Assim, ela foi se isolando em casa, piorando, descendo as espirais do abismo.

Desenvolveu problemas de saúde, perdeu cabelo, mas também começou a se entender um pouco melhor em todo esse tempo que teve apenas a si mesma como companhia. Ela vivia com os pais, mas não conseguia se comunicar com eles – e eles com ela.

Uma das coisas que ela descobriu é que ela era lésbica. Isso estava longe de ser a fonte de todos os seus problemas, mas descobrir isso abriu uma avenida para ela: e se tentasse viver sua sexualidade? Seria mais feliz? Mas ela não conhecia ninguém nem tinha coragem para tentar conhecer. Apelou, então, a uma prostituta.

Depois disso veio a proposta para fazer um mangá sobre sua própria história. Foi um sucesso e abriu algumas portas para ela, que ainda continuou se debatendo com seus problemas.

Escreveria depois Hitori Koukan Nikki (“Meu diário compartilhado solo”), na qual conta muito do que aconteceu depois (ela se muda da casa dos pais, a reação da mãe ao saber que parte de sua vida privada foi exposta, etc), e Genjitsu Touhi shitetara Boroboro ni Natta Hanashi (“Uma história sobre mim: Tentando escapar da realidade e acabando esgotada”), em que conta como se tornou alcoólatra e chegou a ser internada por isso.

Minha Experiência Lésbica com a Solidão foi publicada no Brasil pela editora NewPop.

 

Otoko no Ko Tsuma

Na história acompanhamos Kou, um sujeito para lá de excêntrico, e Yukio (ou Yuki), seu esposo, adepto do crossdressing (transformismo).

Apesar de ser um mangá cômico a obra aborda peculiaridades, do cotidiano de alguém que se traveste, com sensibilidade e provê um romance fofo e divertido.

O mangá foca mais nas situações inusitadas do que na conscientização sobre a orientação sexual e a identidade de gênero, mas o drama pontual faz um bom trabalho em mostrar que não é apenas fetiche.

 

Hanayome wa Motodanshi

Hanayome wa Motodanshi é um mangá autobiográfico em que acompanhamos Chi, uma mulher trans em fase de transição e adaptação à cirurgia de troca de sexo e o relacionamento que desenvolve com o namorado e futuro esposo.

É um mangá um pouco didático, mas muito divertido e consciente ao tratar de temas importantes, tudo feito com leveza, responsabilidade e sensibilidade. Tem só um volume e é uma leitura excelente, que super indico!

 

Ao no Flag

A história foca no trio Ichinose Taichi, Touma Mita e Kuze Futaba. Ichinose e Touma se conheciam desde a infância e são grandes amigos. Mita admirava o amigo com todo o seu coração por causa de suas invenções. Mas, assim que chegaram no ensino médio, o que era admiração se tornou um amor platônico.

A chegada de Futaba fez com que o coração de Touma ficasse muito inquieto, porém, apesar de não ter sucesso em seu amor pessoal pelo amigo, torce pela felicidade dele.

Mangá com grande carga emocional, em que o tema “não posso contar para os outros que sou gay” é bem presente. O ensino médio pode ser mais cruel que imaginamos, principalmente para quem sabe exatamente pelo que Touma passa.

 

Uchi no Musuko wa Tabun Gay

Na história, acompanhamos Tomoko, mãe atenciosa que observa muito o filho, Hiroki, e sabe que ele é gay, apesar dele tentar disfarçar.

O mangá tem capítulos curtos e uma pegada cômica que trata o assunto com leveza, afinal, a mãe não quer mudar o filho, mas deixá-lo à vontade independentemente de sua orientação sexual.

 

 

E aí, gostou da lista? Tem mais algum mangá para nos indicar que poderíamos colocar? Só responder pelos comentários!

Muito obrigada por acompanhar nossa lista até o final! o/

 

Obs: O Mexicano, apesar de ausente do blog, escreveu uma das descrições. Tente descobrir qual 😛

Ele também traduziu isso aqui especialmente para esse artigo (não é parte de um mangá, é só uma página solta mesmo publicada por autor desconhecido):

 

 

Comentários